Capítulo 47

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Josephine

— Bairro Cabral, por favor. — aviso e recito o endereço, assim que entro no taxi, após sair da consulta médica. Preparo-me psicologicamente para a viagem... Do centro, onde fica o consultório elegante da Doutora Nancy, à casa de minha mãe há uma longa distância.

— Como quiser Senhorita. — o motorista obeso e calvo sorri, e seus olhos azuis brilham. — O transito está que é uma beleza hoje! Vamos chegar lá em menos de meia hora!

— Que bom. — respondo sem ânimo.

— Pelo sotaque é daqui mesmo, né? — puxa papo.

— Nasci aqui, mas sou de São Paulo.

— De férias? — ajeita o retrovisor.

— Á trabalho. Fico só até amanhã. — digo com alívio.

— Não pensa em voltar a morar aqui?

— Não. — o rosto de Hero vem a minha mente. — Minha vida está lá...

— Ahhh.

— Hum ...hum... — afundo as costas no banco de trás e viro a cabeça para observar a cidade.

— Vou deixá-la aproveitar o passeio. — tenta um último contato visual pelo retrovisor, mas continuo focada na janela.

— Isso seria bom, obrigada. — fico grata pelo silêncio.

Minha cabeça está um liquidificador e não estou a fim de papo.

Nossa, como está linda depois da reforma.

Observo a Catedral da Nossa Senhora da Luz que passa à minha direita. Uma igrejinha antiga e bem conservada, repleta de vitrais incríveis e que foi palco do meu casamento.

Naquela época eu era muito boba. Suspiro arrependida. Tão cheia de ilusões.

Sinto saudades de Curitiba, das igrejas, da cidade organizada, dos parques bem cuidados, dos restaurantes deliciosos, mas não da minha antiga vida. São Paulo é a minha casa. E passada a euforia do shopping, fico estranhamente melancólica. Com medo até e se for um sinal...

Quem diria...

Maldição!

Como não pensei nisto?!

Com uma Vaca como nossa fada madrinha, é claro que só poderia dar azar.

Faço o sinal da cruz.

Solto uns palavrões mentais, por ser tão supersticiosa. Sinto como se a minha descoberta representasse um fim de ciclo, afinal nossa proximidade veio daí. Se não fossem pelas armações de Camila, talvez nós nunca tivéssemos convivido e chegado no ponto em que estamos.

Um vazio oco comprime o meu peito. Já não sei de mais nada. E dada as circunstâncias das últimas horas, também nem sei em que ponto estamos. O que fica ainda mais nebuloso, se contar que tentei contato com Hero por inúmeras vezes e nada.

O homem evaporou, passou a tarde toda fora do escritório.

Teria sido mais inteligente trocar a ginecologista por um analista. Estou maluca e obcecada por aquele ingrato. Aquela batida deve ter bagunçado as coisas na minha cabeça.

Só pode ser isso. Virei uma masoquista e sofro sem parar, desde que desci por aquele elevador. Nem sei para que tomar pílula se provavelmente, vou voltar para a seca sexual.

Eu mesma estou me odiando um pouquinho, por ter estourado daquela maneira com a irmã do Hero. Não tinha nada que me intrometer nos problemas familiares deles, aposto que a esta altura, minha moral com os pais deles foi para o pântano.

Um Amor de CEO - HerophineOnde histórias criam vida. Descubra agora