Josephine
(Continuação...)
Paro em frente à mesa de Nati que fala ao telefone e gesticula freneticamente para eu esperar. Reparo como está linda em um vestido vermelho. Sento e espero. Ela fala... Fala... Fala mais um pouco. Algo sobre umas reservas em Paris.
Fico cabreira, mas não pergunto nada quando desliga o telefone.
— E aí, Boneca? Desculpe por não dar tchau ontem.
— Desculpa eu, que capotei daquele jeito.
— Também desmaiei na casa do Shane. Deus, vou ter que triplicar as aulas de spining para gastar tudo o que comemos. Quem me dera ter esse troço que você tem.
Sorrio, Nati acredita que ter hipertireoidismo e hipoglicemia é um grande negócio.
Tipo uma benção por ter o metabolismo acelerado e não engordar. Ela acha que desmaiar por falta de açúcar é um preço mínimo diante da magreza eterna.
— Falando em comida. — ela olha ressabiada — Recebeu a encomenda? Juro que disse para o Todo Poderoso que era uma péssima ideia. Só que a peça não me ouviu, claro.
Olho brava, depois sorrio.
— Recebi. Achei fofo, mas imprudente. — sussurro omitindo o fato que não toquei em nada e coloco minha bolsa e pastas sobre sua mesa. — A Camila já ficou de orelha em pé quando nos pegou no elevador. Ainda mais com as flores...
— Pegou?! — interrompe e seus olhos de jabuticaba aumentam. — Não acredito, estavam transando! — exclama em um cochicho empolgado. — Adorei as flores, aliás. — olha para o vaso gigante no canto da mesa.
Faço um gesto de que não foi nada, enquanto emendo exasperada. — Lógico que não! Só subindo mesmo, mas ficou olhando esquisito para nossos machucados e depois jogou umas indiretinhas.
— Aquela Vaca é pior que cobra. — faz cara de nojo, em seguida seus olhos vibram. — E aí, como foi na casa dele? — agita as mãos. — Detalhes, detalhes, detalhes... Eu preciso de detalhes.
— Se contar para ele eu te mato! — Nati faz uma cara ofendida. Não me contenho e abro um sorriso idiota. — Guria, estou de quatro, o homem é tudo e mais um pouco. Estou sem dormir até agora, acredita?
— Ô se acredito, é o fogo Fiennes. Amo esta intensidade grega. — deixa escapar um sorrisinho que compete com o meu no quesito apaixonadinhas. — Está com olheiras, quer corretivo?
— Quero. — pego o potinho que tira da gaveta e me olho no espelhinho. Nossa, pareço uma panda! Com a pontinha dos dedos começo a aplicar o produto milagroso. — Como consegue?
— Um amigo meu é comissário e compra no freeshop.
— Não. Como consegue administrar essa coisa do fogo Fiennes com o escritório?
— Ah! — pega e guarda o potinho que lhe devolvo. — Nossa, sua cara melhorou um duzentos por cento. Quer que peça um para você?
Aceito impaciente. Ela sorri e inclina o corpo na cadeira, checando as portas fechadas dos escritórios de Shane e Hero.
— Para mim é fácil, fico protegida aqui na torre e tenho acesso direto à sala de Shane, que é o rei da discrição e bom senso. — seu rosto ruboriza e o meu também. — Mas sinceramente, não estou nem aí se descobrirem e tão pouco, dou a mínima para o falatório no cafezinho. Mas entendo seu lado... Meus chefes são ótimos e cúmplices no crime. — brinca. — Não sei se teria esta calma toda, com a Vaca no meu cangote espalhando que quero roubar o lugar dela.
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Um Amor de CEO - Herophine
RomanceAos 25 anos, Josephine Langford, uma mulher decidida e pavio curto, decide radicalizar. Ela rompe com tudo que a sufoca e parte para um recomeço. Uma nova cidade, uma nova casa e novos amigos... A alegre e colorida Vila Madalena é o cenário simple...