Capítulo 76

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Josephine


— Josephine, estou encantado. Além de bonita, você é muito talentosa, a sua visão para a ala nova de hemodiálise está perfeita. A humanização do tratamento é um objetivo que perseguimos há anos. A ideia das paredes de vidro blindadas resolve todos os problemas de contaminação hospitalar e vai trazer os jardins para dentro das enfermarias do hospital.

Sorrio tensa para o diretor geral do HC. e depois para o seu assistente. Não estou gostando nada, nada de suas cantadas veladas. Há algo degradante na forma com a qual seus olhos treinados estudam o meu rosto.

— É a visão de toda a equipe, Doutor Meireles. — olho para Miguel ao meu lado na grande mesa da sala de reuniões da cobertura. — Podemos manter nossa ideia sobre o orquidário e a fonte com carpas? — pergunto apontando com a caneta o local marcado nas plantas baixas do projeto.

Ele ignora o moreno engravatado ao meu lado. — Se me garante que não há risco de contaminação. — noto que os olhos do homem derivam dos papéis na mesa para o meu decote.

Droga!

Sinto meu rosto corar. Que porcaria, o cliente deveria manter o profissionalismo ou pelo menos, respeitar a grossa aliança dourada que ostenta na mão esquerda. — Nenhum risco eu garanto. — digo e para tentar bloquear sua visão, inclino sutilmente o corpo para a direita e levanto a planta baixa fingindo-o examiná-la.

— Mais algum ponto que deseja discutir? — Miguel pergunta tomando para si o controle da situação.

Suspiro aliviada quando o homem grisalho e elegante, é obrigado a desviar o foco dos meus seios para olhar para Miguel que aguarda sério por sua resposta. Incomodado, o diretor geral ajeita a gravata cinza que combina perfeitamente com o terno grafite de corte italiano. — Agora de pronto, não me vem nada. Talvez a Senhorita Langford possa ir comigo ao hospital, quem sabe lá, novas dúvidas apareçam. — sugere voltando para o meu decote.

— Miguel poderá acompanhá-lo. — a voz séria de Hero explode na porta.

Uh o quê?

Quanto tempo ele está nos espionando?

Meleca!

— Era o que eu pretendia sugerir, Senhor Fiennes. — Miguel diz de modo cúmplice.

— Ótimo. — Hero entra na sala, cumprimenta o homem contrariado com um aceno de cabeça e caminha confiante até a cabeceira. Desabotoa o paletó e senta-se como um Deus na poltrona da presidência.

Diacho.

Olho furiosa para o meu namorado/chefe, ignorando o fato de como um raio de sol, que incide diretamente em seu rosto, faz seus olhos ficarem lindos. Mais dourados que castanhos. Deus do céu! Esse homem vai me deixar louca se continuar aparecendo de surpresa em todas as minhas reuniões.

Ele diz que é saudades e eu digo que é territorialismo.

Dane-se que ele é o CEO desta joça e pode fazer o que quiser.

— Senhor Fiennes, que surpresa vê-lo aqui. — ironizo e ele fecha mais ainda a cara.

— Minha agenda está livre, caso seja realmente necessário eu mesma irei. — meus olhos encolhem de raiva e ele coça a barba do jeito que sempre faz quando está prestes a explodir. Quero pegar a gravata prata que eu mesma escolhi está manhã e estrangulá-lo.

— Sim, é realmente necessário, Senhorita Langford. — o Doutor Meireles insiste em um tom animado demais para o meu gosto e fico imaginando se, de alguma forma, ele pensa que estou aprovando suas investidas. Mas que merda, tudo o que eu não preciso é de um homem sem vergonha, me assediando na frente do Hero.

Um Amor de CEO - HerophineOnde histórias criam vida. Descubra agora