Capítulo 16

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Josephine

O despertador toca e eu já estou acordada e pronta há um tempão. Só esperando a hora do Café Estrela abrir. Não foi uma boa ideia tomar uns vinhos para relaxar, ainda mais sem jantar. Além de acordar com uma sede e dor de cabeça tremendas, a bebida só potencializou a minha ansiedade e me fez ter sonhos para lá de inapropriados com o Senhor Fiennes. Descobrir sua descendência só me atiçou mais. Essa lenda sobre os gregos deve ser verdadeira, o homem é um Deus. Todo imperfeito, mas sem dúvida um Deus.

Ele simplesmente arrasôôôu no meu sonho. Ai, lasqueira! Nem sei como vou ter coragem de olhá-lo depois das indecências que protagonizamos juntos. Que língua era aquela?

Vinte minutos depois e já estou entrando no café. A sineta anuncia minha chegada e sorrio para a meia dúzia de gatos pingados que comem ainda sonolentos. Eu também preciso urgentemente comer e preparar minha bomba antirressaca.

Estrela, que já voltou para o período da manhã, franze a testa e me observa com curiosidade.

— Oi, Polaca. Nossa, que cara péssima é essa?

— Ressaca. — gemo.

Seus olhos amendoados arregalam e ela abre um sorriso. — Finalmente! Já estava na hora de cair na farra. Conheceu alguém interessante? Transou? Senta aqui, vou preparar um queijo quente bem gorduroso e um café duplo. — aponta uma banqueta no balcão.

Arrasto-me como posso e sento obediente. Coloco minha bolsa imensa no banco ao lado, apoio os cotovelos no balcão afundando o rosto entre as mãos. — Que farra que nada, Guria. Cheguei tarde e tive a péssima ideia de tomar um vinho para relaxar. Acho que o troço devia estar vencido. Diacho! Minha cabeça parece que vai estourar...

Estrela coloca uma xícara de expresso fumegante à minha frente. O aroma forte de café desperta os meus sentidos. Alcanço o açucareiro e ponho logo quatro colheres cheias...

É disso que eu preciso, glicose!

— POLACA! — grita nada feliz e quase despeno do banquinho espalhando o açúcar. — Quantàs vezes precisamos repetir, que se for voltar tarde, avise? O Daniel vai te buscar na Van. É perigoso andar sozinha por aqui á noite. São Paulo não é Curitiba.

— Que exagero! — faço um montinho com o açúcar derramado. — Troquei os saltos pelo tênis e vim num pinote só. Não quero dar trabalho.

Estico as pernas mostrando os All Stars que coloquei junto com o vestido envelope preto de malha levinha. É o primeiro dia com os novos colegas, então dei uma caprichadinha no visual. Passei rímel e tudo! Estou até me sentindo meio sexy. Não com estes tênis, é claro. Eles destoam um pouco da roupa mais social, mas não estou nem aí.

Sofrer três quadras de salto nestas calçadas esburacadas não é uma opção. Sou pelo conforto sempre. Mas, vou trocá-los por saltos pretos... Estão na bolsa, junto com uma muda de roupa mais confortáveis para as obras.

— Vai dar mais trabalho, se tivermos que te buscar no necrotério! — exagera. — Deveria repensar a oferta do papai e aceitar logo o Betovem. O carro está encostado mesmo.

— Ai, que horror, Estrela! Vira essa boca para lá! — ralho. — Não posso aceitar a proposta sem cabimento de seu pai, sabe disto.

Adoro Vincenzo e sou realmente grata por tudo que andam fazendo por mim. Só que generosidade tem limites, não seria correto aceitar a sua oferta para comprar o carro por um
preço simbólico.

— Acho esses seus brios, uma bobagem. Papa não venderia se não fosse um bom negócio.

— Já disse que por enquanto, não preciso de carro. Estou me virando bem a pé.

Um Amor de CEO - HerophineOnde histórias criam vida. Descubra agora