Capítulo 93

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Hero 


Tomo um baque logo na entrada. Estamos parados em um galpão antigo de pescadores nos arredores da praia. Apesar de uma dezena de carros parados em um estacionamento improvisado, o lugar parece deserto. Desmonto da moto e coço a cabeça sem entender nada.

Quando deixei a Caipira esta manhã, ela me prometeu um almoço em família, mas isto me parece algo muito maior e... estanho.

Olho confuso para Shane que dá dois tapinhas em meu ombro. — Você primeiro,

Campeão. — afasta-se com um sorriso indecifrável no rosto.

Quando arrasto as portas de ferro gigantescas meu coração para ao depara-me com um galpão silencioso e escuro.

Mas que porra é essa?

Se não confiasse cem por cento em meu primo, poderia jurar que é um sequestro.

Ressabiado olho sobre os ombros e sou incentivado a continuar. — Vai lá, Campeão... Feliz aniversário. — Shane diz e fecha o galpão.

Dou um passo, ouço um estalo e a coisa toda ilumina, cegando-me. Tapo os olhos com as mãos, posso ouvir meu coração acelerado batendo no meu peito. Lentamente, arrisco

um outro olhar e meu queixo cai.

Dezenas de painéis gigantescos parecem flutuar suspensos no ar.

Dou risada ao ver uma foto da Josephine em preto e branco...

É a mesma que ostenta em seu crachá da Fiennes...

"Onde tudo começou"

Está escrito sobre a imagem.

Assim do nada... A nossa música começa a tocar.

Amor meu grande amor — Cazuza

Meus joelhos fraquejam e rezo para que ninguém me veja... Estou exposto, com o coração rasgado de tanto amor... Aqui não sou o CEO, o empresário endeusado, sou apenas um homem mortal e vulnerável. Lágrimas de emoção começam a rolar sem que eu consiga pará-las  

Dou outro passo... e em outro painel...

O dia em que mudei de mala e cuia para a casa da Caipira.

Vou circulando entre as imagens...

Betoven quebrado na beira da estrada.

Apaixono-me novamente a cada faceta de minha mulher...

Tranquila, adormecida no veleiro.

Magnifica, em seu deslumbrante vestido azul.

Chocada, ao receber a notícia dos gêmeos.

Maternal, com a minúscula Clara, só de fraldas aconchegada em sua barriga a ponto de explodir.

Levo a mão à boca...

Theo e Lorenzo, com aquelas toucas ridículas, na tradicional foto do nascimento.

O primeiro banho do nosso trio reunido.

Meu coração aquece.

Nunca vi Josephine tão linda e eu tão embasbacado...

Franzo o nariz...

A primeira troca de fraldas.

Gargalho quando lembro dos...

Os Freis no batizado, horrorizados meus filhos no colo, no maior berreiro.

Sorrio com luxúria para as imagens de nos dois nas nossas viagens...

Paris, Grécia, Roma, Nova Iorque, Índia e tantas outras.

Estufo o peito de orgulho...

A nossa casa nova.

Os Natais barulhentos.

Os aniversários caóticos.

Os sarampos... as cataporas e as dores de ouvido.

Reviro os olhos...

Minha cara possessa durante o resguardo de Josephine.

Eu de joelhos recebendo o milésimo não.

Emociono-me e penso que talvez, uma minivan seja mesmo o melhor caminho.

Minha cara orgulhosa e o sorriso radiante de Josephine ao descobrirmos sobre as meninas.

Caio de joelhos...

A nossa última foto em família.

Eu, minha vida, já grávida de Annita e Isabella e nosso trio endiabrado.

Enxugo o rosto com a barra da camiseta e agradeço...

Os últimos quatro anos foram, loucos, complicados, felizes e eu não mudaria nada.

— Feliz aniversário, Meu Anjo.

A voz que mais amo no mundo sussurra em meu ouvido. Olho para trás e aqui está ela. Linda em seus cabelos cor de algodão doce e sagrada, em um belo vestido branco carregando minhas meninas no ventre. Levanto e não me importo que veja as minhas lágrimas. — Obrigado. — murmuro antes de envolvê-la e beijá-la com paixão.

— Sou um homem realizado. — confesso esfregando nossos lábios. — Vou colocar todos esses painéis na Fiennes.

Um sorriso malicioso vindo de seu lindo rosto me pega de surpresa. — Realizado é ruim. Talvez eu deva cancelar o meu presente.

Giro com minha mulher nos braços. — Não sei se qualquer outra coisa consiga supera isso. — digo comparando mentalmente a retrospectiva com o almoço.

Josephine pega a minha mão e me leva até uma segunda porta nos fundos do galpão.

— Nem que essa coisa seja um sim?

— O quê?

Josephine estica o braço e aperta um botão... As enormes portas duplas abrem revelando uma extensa praia, o mar cor de Josephine ao fundo e um pequeno altar improvisado, com os três freis sorridentes embaixo dele. Quando nos veem abrem uma engenhoca e centenas de pombas brancas partem para uma revoada.

— Quer se casar comigo, Hero Fiennes?

Não pode ser!

O ar foge dos meus pulmões enquanto os olhões de Josephine aguardam ansiosos por uma resposta.

Primeiro examino seu rosto checando se não é pegadinha. Depois... respiro, inspiro, respiro, inspiro... Aperto a ponta no nariz para não chorar, olho para os Freis, para uma multidão de rostos conhecidos, que se aproximam pela areia, liderados pelo nosso trio que corre em todos os sentidos e volto para os meus verdes-azulados.

— Depois de me fazer amargar 2.850 nãos, quer que eu aceite seu pedido de primeira?

— Hum... hum... Quero. — Josephine morde o lábio apreensiva.

— Pode pelo menos, fingir para eles... — aponto para os convidados... — ... dizer que eu te fiz suplicar um pouco? Umas três vezes pelo menos? Pouca coisa. — junto as mãos e faço uma cara de cachorro abandonado. — Tenho que manter minha pose de CEO durão.

— De jeito nenhum, todo mundo sabe que é um amor de CEO. — cutuca o meu peito. — É pegar ou largar.

— Deus, você é dura na queda! Por isso que os negócios só progridem. Acertei ao te promover para diretora geral. — cutuco o nariz arrebitado e sardento, mais mandão do mundo. — É claro que eu pego, porra! Pego muito, aliás!

Agarro firme a mão da minha vida e a arrasto para o altar antes que a louca desista.

E assim... Fomos Josephine e Hero...

Entre tapas e beijos e mais gêmeos... Para sempre.

FIM

N/A: Bom, queria agradecer a todos que acompanharam e reagiram essa linda historia até aqui, pois eu amei adaptar esse livro maravilhoso e me diverti muito com cada comentário. Enfim, obrigada! E aguardo todos na próxima adaptação que postarei, é isso bjs!🥰

Um Amor de CEO - HerophineOnde histórias criam vida. Descubra agora