Capítulo 87

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Josephine

Como o último pedaço do pastel de queijo, levanto e aceno para o Kimura que está enlouquecido no comando de seu tacho de óleo fumegante. Ás quartas é dia de feira na rua ao lado da Fiennes e sua barraquinha ganha um reforço na clientela. Peço um de nutella com morango para mim e outro de palmito para a minha amiga gulosa, que já está em seu terceiro pastel, e volto a me sentar no banquinho de plástico. Com o Hero e Shane ocupados, metidos em vários compromissos, eu e Nati aproveitamos para voltar à nossa velha rotina de almoços populares e nada saudáveis.

— Acho que depois também vou querer um desses aí. — Nati aponta para o pastel doce que a atendente acaba de me entregar. — Tô gostando de ver, hein Boneca. Tá cheia de apetite você.

Dou risada tampando a boca recheada de chocolate e morangos. É uma cara de pau esta minha amiga. — Estou mesmo, seu chefe tem me exigido muito. Preciso repor as minhas energias.

— Sei... Ele que tem te exigido, né? Quando um não quer dois não fazem, meu amor.

Nem respondo, apenas rio mais. Nati tem razão, eu e meu Anjo estamos competindo para ver quem é o mais tarado esses dias. Desde que voltamos da praia, minha vontade por ele só faz crescer... crescer... crescer... O sexo entre nós tem rolado freneticamente e qualquer lugar está valendo.

— Ah esqueci de te contar... — Nati olha para os lados checando se ninguém vai nos ouvir. — Peguei o Hero e o Shane fofocando. — ela vibra. — Seu noivo estava todo bobo contando que a Caipira dele era linda e parecia uma fada no meio da horta e depois uma menina da fazenda, correndo atrás de uns porquinhos. — Nati para por um instante. — Na praia tem porco, não dá bicho de pé? — faz uma careta de nojo.

— Claro que não! — solto uma gargalhada ao lembrar da expressão impagável de Hero nos observando correr feito duas loucas para tentar pegar os filhotinhos. — Os porquinhos da Betina são limpinhos e uma graça, menina você precisava ver... Rosinhas de tudo. Pena que o Hero bateu o pé e não me deixou trazer um para casa. Implorei como presente de noivado, mas não teve jeito.

— Deus me livre, o que iria fazer com um porco em São Paulo?

Engraçado, Hero perguntou a mesma coisa.

— Criar no quintal, igual cachorro ué. — explico o óbvio e ela cai na gargalhada.

— Ai, caramba, vocês se merecem. Não sei qual dos dois é o mais louco. — diz com a voz ainda risonha. — Esse noivado está dando o que falar, hein? Só se escuta sobre ele nos corredores da empresa. Viu a cara do trio fofoca quando soube?

Franzo no nariz concordando, Sandra, Bertha e Mônica quase caíram para trás quando nos cruzarmos no elevador. Os olhos venenosos das três recaíram automaticamente na pedra colorida que carrego em meu dedo anular direito. Acho que saber do nosso noivado foi demais para elas, desde ontem as mulheres esqueçam as ameaças feitas por Hero na lanchonete e voltaram com tudo com as fofocas.

Olho para Rafael que almoça na mesinha mais atrás, junto com o segurança de Shane, toco a palma da mão para sentir a pedra do meu anel, que por medo de ser assaltada na rua, virei para baixo.

— Por falar em fofoca, onde o Hero e o Shane se meteram a manhã toda? Assim que voltei da vistoria, tentei o celular dele, mas estava desligado. — pergunto curiosa e dou uma mordida generosa no pastel.

— E eu lá sei? — os olhos negros de Nati reviram. — Os dois estão cheios de segredinhos esses dias. Passei uma ligação do Fiennes pai e saíram minutos depois com o Mike.

É claro!

— Pode ser coisa da Thenka. O Hero tem evitado falar nestes assuntos comigo, mas ontem à noite, ele conversou por telefone com um dos advogados. Parece que estão pegando pesado no processo do atropelamento e das drogas... Não sei não, mas pelo pedacinho da conversa que eu ouvi a Thenka só escapa de uma condenação mais pesada se concordar em permanecer internada na clínica.

Um Amor de CEO - HerophineOnde histórias criam vida. Descubra agora