Capítulo 37

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Josephine

Sigo Mike por meu pequeno apartamento. Aproveito que está de mau comigo e vou fazendo uma mini inspeção, enquanto vai explicando o sistema de segurança que instalaram. Há câmeras do lado de fora e sensores em todas as portas e janelas. Fico feliz que deixaram tudo do jeitinho que encontraram, sem nenhum pó.

Sorrio quando ele senta em meu sofá rosa bebê, estilo vintage. Seu corpo troncudo ocupa quase os dois lugares. Ainda emburrado, ele busca em suas anotações as senhas da fechadura eletrônica e do alarme. Sento no pufe redondo, no mesmo tom rosa, em tricô.

Amooo meu apartamento!

Tudo é simples. Com um orçamento apertado, optei por brechós de móveis antigos e o bom e velho estilo faça você mesmo. Trouxe algumas coisas do sitio da vovó: malas antigas de viagens, que pintei em tom verde água, e que fazem às vezes de porta treco em uma estante moderna, que construí com caixotes brancos e ao natural, presos em vários níveis na parede azul bebê. Gosto desta coisa que mistura cores delicadas, o rústico, o antigo e o moderno. Uma mesinha de centro quadrada de madeira clara, uma luminária de chão moderna no mesmo tom... Uma cúpula branca combinando com o tapete felpudo gelo e ficou lindo!

Bem feminino com folhagens e flores naturais. Queria um lugarzinho com a minha cara, a casa enorme em que morava com Bernardo, em Curitiba, era impessoal e masculina.

Não tinha nada de meu lá, além das roupas e algumas lembranças do meu pai e avós.

O meu celular vibra em cima do aparador antigo repaginado com tinta azul piscina.

Uma graça!

Vou até ele e desligo sem ver que é. Resolvo ignorar a chamada. Mesmo com a sessão de amassos, que rolou depois que acertamos os ponteiros, minha intuição diz que é um Hero tão carrancudo quanto Mike, no outro lado da linha. Um, porque ele não gostou de interromper nada, nada o nosso acordo de paz, para atender uma ligação urgente de sua irmã gêmea Thenka. Dois, porque eu estava quase reconsiderando a questão da chupadinha furtiva e desisti. E três, porque tenho certeza, que já ficou sabendo que me recusei a voltar para casa em um daqueles SUVs prata luxuosos da Fiennes.

Onde já se viu?

Carros com motoristas são regalias oferecidas aos diretores, não aos funcionários comuns como eu.

Aproveitei que Hero emendou o telefonema interminável, com uma reunião de última hora, dos acionistas e voltei para a minha sala e depois para casa, a pé. Escoltada por Mike seguindo dois passos atrás, que por sua vez, era escoltado pelo motorista-segurança que taxiou a SUV a dois por hora ao nosso lado.

Um exagero!

Nota mental, arrumar a tal bicicleta o quanto antes!

Mike termina de explicar os comandos dos controles remotos dos alarmes. Me entrega e os deposito na mesinha de centro ao lado de Peixoto. Meu peixinho dourado que nada em seu aquário redondo, alheio a tensão presente do ar.

Suspiro. Gosto de Mike de graça. Fui com a cara dele desde o primeiro minuto e não o quero carrancudo, e muito menos, bicudo comigo.

— Desculpa, Mike. — digo em tom amigável e seus olhos negros voltam-se em minha direção.

— O que aconteceu na sexta feira não foi brincadeira, menina. — seu tom é quase paternal e minha afeição só aumenta por causa disto. — Até descobrirmos ao certo, o que aquele bendito recado queria dizer, a escolta é uma medida de segurança, não um luxo bobo.

Sinto-me tola... Aperto as mãos em meu colo, envergonhada, mas não arrependida.

Não há como eu aceitar um troço destes, não mesmo. — Não estou indo contra suas determinações de segurança, Mike. Só não acho certo me beneficiar de algo que não tenho direito.

Um Amor de CEO - HerophineOnde histórias criam vida. Descubra agora