Josephine
Os olhos desconfiados de Hero acompanham o meu vai e vem em seu banheiro privativo. Ele já está trocado e pronto para viajar. O terno clássico foi substituído por um par de jeans confortáveis e uma malha de tricô cinza.
Termino de passar o secador em meus cabelos, não quero dar a Julia munição para fofoca.
Mesmo com essa coisa de proteção contra som, não tenho a ilusão de que as pessoas imaginem, com razão, mil coisas sobre nossas reuniões particulares. Saio do banheiro com Hero na minha cola. — Parê de me olhar, já disse que estou bem. — repreendo-lhe olhando-o fixamente.
— Esta mancando.
— Não estou, não. — respondo pela quinquagésima vez e vou até o sofá.
Surpreendo-me por Hero já ter organizado tudo. Nenhum vestígio dos muitos fluidos envolvidos no ato.
— Tá doendo? Deixe eu dar uma olhada.
Uh o quê?
Ruborizo.
— É médico por um caso? Já disse que não estou sentindo nada. — minto, alcanço minha bolsa e vasculho até encontrar a nécessaire com o kit extra de calcinhas. Pego uma branca de algodão e visto... É claro que poderia dizer que estou sensível e que a cada passo, ainda sinto seu pênis enorme enterrado em meu traseiro, mas um estranho decoro me impede de fazer isso.
Sua expressão suaviza, mas não muito. Sento no sofá para calçar os sapatos enquanto Hero vai até sua mesa e começa a guardar o Note, Ipad e umas pastas em sua maleta.
— Se acontecer qualquer coisa, quero que me ligue na mesma hora, ok? O Rafael vai ficar esses dias no escritório do Vincenzo.
Saco.
Lá vamos nós de volta com as mil e uma recomendações. Ando muito desconfiada de que o Gorila do beco tenha falado mais do que eu sei, de uns dias para cá Hero e Mike vivem de conversinha pelos cantos.
— Pelo amor de Deus. — levanto do sofá e vou até a mesa ficando do lado oposto.
— Está exagerando. Porque está tão preocupado? Por um acaso está me escondendo alguma coisa? — espalmo a minha mão sobre o tampo esperando que diga algo, mas Hero continua a arrumar a maleta impassível. — Nossa casa está parecendo uma fortaleza. Coitado do Rafael, aquele escritório está abarrotado com as suas coisas, ele é enorme não vai caber lá, é sacanagem deixá-lo...
— Chega, Josephine. — interrompe ríspido. — O Rafael vai ficar aonde eu mandar e ponto final. — seu olhar me diz que está irredutível, bufo me segurando para não pegar o peso de papel e carimbar sua testa com outro roxo. — Se ao menos tivesse concordado em passar estes dias na casa dos meus pais.
E correr o risco de dar de cara com Thenka? Nem pensar.
— Não sou criança. — esbravejo. — Não pode querer me proteger do mundo!
— Então não se comporte como uma. — rosna e meu queixo cai. — Tenho feito de tudo para não te sufocar, mas sabe que temos regras novas de segurança que precisam ser seguidas. Não é mais só a Josephine Langford, está com um Fiennes agora. Viu o que aqueles jornalistas fizeram.
Seu olhar intenso é enervante e não tira os olhos de mim como se eu estivesse pronta para explodir.
E....
Estou, mas não vou.
Respiro contando até dez.
Ok, ter os paparazzi pulando o muro e invadindo o nosso quintal não foi legal. Mas também não é legal pegar o Hero e Mike confabulando pelos cantos. E ao contrário do que pensam, não acho que esteja em risco e sair da minha casinha não é solução.
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Um Amor de CEO - Herophine
RomanceAos 25 anos, Josephine Langford, uma mulher decidida e pavio curto, decide radicalizar. Ela rompe com tudo que a sufoca e parte para um recomeço. Uma nova cidade, uma nova casa e novos amigos... A alegre e colorida Vila Madalena é o cenário simple...