Capítulo 04

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Hero

Atrasado, estaciono minha moto na entrada lateral da Fiennes. Tiro o capacete e a jaqueta depositando-os sobre o banco. Checo o celular e ainda tenho uns minutos. Respiro

fundo, aliviado... Menos mal, detesto chegar atrasado e abomino mais ainda, cenas de ciúmes patéticas como as de Khadijha mais cedo.

Porra!

Se não fosse pela platéia assistindo, acho que teria perdido a cabeça. A merda é que eu sou o único culpado, deveria ter cortado as asas daquela maluca logo no início, mas não, arrastei a coisa nem sei por quê?

Hummm...

Amiguinha de infância...

Gata insistente e fácil...

Bunda empinada...

Seios tentadores e uma boca gulosa...

Bem, eu sei por quê. Mas não importa, ela que se controle. Não há beleza que resista a chatice.

Pulo a corrente de proteção, que proíbe a passagem, no mesmo momento em que o meu celular vibra... Caminho apressado pela passarela respondendo ao texto de Khadijha. Será que ela não entendeu nada do que falei?

Praguejo alto... — Mas, que merda de dia.

"Meleca! Danou-se! "

Meleca?

Ouço um grito de mulher, mas quando desvio a atenção do celular para ver de onde veio o som, sou atingido.

Mas que porra?

Um jato d'água, mais forte que um soco, golpeia em cheio minhas bolas. — Puta que pariu, como isto dói! — berro deixando cair o celular e inclino-me para frente tentando me proteger.

Um jato atinge meu rosto...

Um murro doeria menos e tenho que fechar a boca para não me afogar... Uma gritaria começa e sou atingido várias vezes, até que finalmente, o jato é desviado para outro lado. Sou invadido pelo alívio, mas ele dura pouco. Abro os olhos só para ver uma onda lamacenta ejetar-se e espirrar em mim. Mais gritos, incluindo os meus, e um cheiro ruim paira no ar. Percebo que minhas roupas, além de encharcadas e cobertas de terra, estão impregnadas pelo fedor.

Mas que merda é essa?

Respiro fundo para recuperar o fôlego e conter a dor entre as pernas.

Caralho!

Isto só pode ser praga da Khadijha por tê-la obrigado a voltar o resto do caminho de táxi. Endireito o corpo tentando avaliar a situação. O lugar todo está um caos e coberto pela lama. Um grupo de homens uniformizados está socorrendo alguém. — Parêee, André. Já disse que estou bem!

Escuto uma voz feminina irritada, porém doce. Fico curioso, mas não muito. Minha atenção está toda dirigida para a dor infernal em minha virilha. Até agradeço que o foco deles não esteja em mim, tenho certeza que meu rosto expressa a minha agonia. Nem quando quebrei quatro costelas, em um rali, senti dor igual. Fecho os olhos com o rosto voltado para o céu, uma rajada de vento bate fora de contexto, mas não me acalma. Esbravejo todos os palavrões que conheço e invento alguns outros.

— O que foi que eu fiz? Moço, o senhor está bem?

Pequenas mãos começam a tatear o meu corpo. A sensação é boa, mas não o suficiente para amenizar minha raiva. Respiro fundo e foco minha atenção para a dona da voz, que agora explora a minha barba. Dois olhos enormes, em um rosto coberto de lama, me olham aflitos... Não aflitos, essa não é a palavra certa, eu diria chocados...

Um Amor de CEO - HerophineOnde histórias criam vida. Descubra agora