*Quando chego em casa já são quase seis horas, e recebi inúmeras mensagens de Vinnie, que ignorei. Quando chego à porta de casa, respiro fundo para me preparar para o que está por vir. Vamos acabar gritando um com o outro, e então terminar, ou vamos conseguir conversar e resolver tudo numa boa? Vinnie está andando de um lado para o outro quando entro. Seus olhos se voltam para a porta imediatamente, e ele parece aliviado*
-Pensei que você não vinha.
*ele fala e vem até mim*-Para onde mais eu iria?
*respondo, e passo direto por ele a caminho do quarto*-Eu... Bom, fiz o jantar para você.
*Vinnie está totalmente irreconhecível. Seus cabelos estão caídos sobre a testa, está usando uma blusa cinza com capuz e uma calça de moletom preta, e parece nervoso, preocupado, quase... assustado?*-Ah... Por quê?
*A pergunta é inevitável. Também visto uma calça de moletom, e a expressão de Vinnie fica ainda mais aflita quando vê que não ponho a camiseta que ele deixou em cima da cômoda para mim*-Porque sou um babaca.
*ele responde*-É mesmo.
*respondo, indo até a cozinha e ele vem atrás de mim. A comida está com uma cara muito melhor do que eu imaginava, apesar de não saber direito o que é, algum tipo de massa com frango, parece*-É frango à florentina.
*ele responde, como se estivesse lendo meus pensamentos*
-Se não quiser não precisa...
*Seu tom de voz é bem baixo. É uma situação bem diferente da habitual, e pela primeira vez quem parece estar por cima sou eu*-Não, parece estar bom. Só estou surpresa.
*digo antes de dar uma garfada. O gosto está ainda melhor que a aparência*-Seu cabelo está bonito.
*ele comenta. Meus pensamentos se voltam para a última vez que os cortei. Vinnie foi o único a notar*-Ainda preciso de respostas.
*lembro**Ele solta o ar com força*
-Eu sei, e vai ter.
*Dou mais uma garfada para esconder minha satisfação comigo mesma por me manter firme*
-Para começar, quero que saiba que ninguém a não ser minha mãe e meu pai sabem disso.
*ele diz, cutucando as casquinhas das feridas nas mãos da briga de ontem.
Faço que sim com a cabeça e dou outra garfada*-Certo... Bom, aí vai.
*ele diz nervosamente antes de começar*
-Uma vez, quando eu tinha uns sete anos, meu pai foi até o bar em frente à nossa casa. Ele ia quase todas as noites, e conhecia todo mundo, então sabia que era uma péssima ideia entrar em alguma encrenca por lá. Mas nessa noite, ele fez justamente isso. Arrumou briga com uns soldados que estavam tão bêbados quanto ele, e acabou quebrando uma garrafa na cabeça de um deles.*Não tenho ideia de onde essa história vai parar, mas sei que não pode terminar bem*
-Continua comendo, por favor...
*ele pede, e eu balanço a cabeça e tento manter os olhos na comida durante o restante do relato*-Ele saiu correndo do bar, e os caras foram até nossa casa para dar o troco pela garrafada, eu acho. O problema era que ele não tinha ido para casa como eles pensavam, e minha mãe estava deitada no sofá, esperando por ele.
*Seus olhos encontram os meus*
-Assim como você ontem à noite.-Vinnie...
*eu murmuro, e seguro sua mão do outro lado da mesa*-Então, como eles encontraram minha mãe primeiro...
*Ele se interrompe e olha para a parede por um tempo que me parece ser uma eternidade*
-Quando ouvi os gritos dela, desci correndo e tentei tirar os caras de cima. Com a camisola toda rasgada, ela ficava gritando para eu sair dali... Não queria que eu visse o que estavam fazendo, mas não dava para virar as costas para aquilo, né?

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Maybe I don't hate you
FanficEu não fazia ideia de que a faculdade envolvia muito mais coisas do que a vida acadêmica. Eu era bem ingênua nessa época, e em certo sentido ainda sou. Jamais poderia imaginar o que viria pela frente. Depois que conheci o Vinnie, meu mundo virou de...