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VINNIE

*O pai de Liza está acordado, sentado no sofá com os braços cruzados e olhando pela janela com uma expressão vazia*
-Quer uma carona para algum lugar?
*pergunto. Não que eu esteja animado com a ideia de sair com ele, mas de jeito nenhum quero deixá-lo aqui sozinho com ela*

*Ele vira a cabeça na minha direção como se tivesse levado um susto*
-Hã, quero, você não se incomoda?
*ele pergunta*

-Não.
*eu me apresso em responder*

-Certo, eu só vou me despedir da Lizie.
*Ele olha na direção do nosso quarto*

-Tudo bem. Espero você no carro.
*Saio pela porta sem saber para onde vou depois de me livrar do velho, mas sei que vai ser melhor para nós dois se eu não ficar aqui. Estou com muita raiva de mim mesmo. Sei que a culpa não é só dela, mas estou acostumado a soltar os cachorros em cima das pessoas, e Liza está sempre comigo, o que faz dela um alvo fácil. Eu sou um filho da puta patético, sei disso*

*Mantenho os olhos fixos na porta de entrada do prédio, à espera de Jason. Se ele não aparecer logo, vou embora sem ele. Finalmente, o Pai do Ano sai pela porta e baixa as mangas da camisa.
Aumento o volume do rádio quando ele abre a porta do carro, esperando que a música desencoraje qualquer tentativa de conversa.
Até parece*
-Como foi sua audiência hoje?
*ele pergunta*

-Sério mesmo?
*Eu levanto as sobrancelhas para ele*

-Só queria saber.
*Ele batuca com os dedos na perna*
-Fico feliz que ela tenha ido com você.

-Certo.

-Ela é bem parecida com a mãe.

*Olho feio para ele*
-É nada. Ela não tem nada a ver com aquela mulher.
*Ele está tentando ser chutado do carro no meio da via expressa?*

*Ele dá risada*
-Só as coisas boas, claro. Ela é muito determinada, assim como Scarlett. Quando quer uma coisa, não volta atrás, mas a Lizie é muito mais meiga e gentil.
*Lá vamos nós de novo com essa merda de chamá-la de Lizie*
-Ouvi vocês brigando. Foi isso que me acordou.

*Eu reviro os olhos*
-Desculpa aí por acordar você ao meio-dia depois de dormir no sofá da nossa sala.

*Mais uma vez, ele dá uma risadinha*
-Já entendi, cara... você está revoltado com o mundo. Eu também era assim. Ainda sou. Mas quando você arruma alguém disposto a aguentar todas as suas merdas, não precisa mais ser assim.

*Então, velhote, o que você sugere que eu faça já que é a sua filha que está me deixando puto desse jeito?*
-Olha só, até admito que você não é tão otário quanto eu imaginava, mas não estou pedindo conselho, então nem perde seu tempo.

-Não estou dando conselho, estou falando por experiência própria. Não quero que vocês terminem.

*Eu desligo o maldito rádio, já que não me ajudou em nada*
-Você nem me conhece... e não conhece ela, para dizer a verdade. Por que se importa com isso?

-Porque sei que você faz bem para ela.

-Ah, sabe?
*respondo, caprichando no sarcasmo. Por sorte, já estamos chegando ao outro lado da cidade, então a conversa constrangedora está prestes a terminar*

-Sei.
*Nesse momento me dou conta, apesar de jamais admitir isso para ninguém, de que é legal ouvir alguém dizer que eu faço bem para Liza, mesmo que seja o bêbado cretino do pai dela. Para mim tá valendo*

-Você vai querer manter contato com ela?
*pergunto, depois acrescento:
-E para onde eu estou levando você, aliás?

-Pode me deixar perto do estúdio onde nos encontramos ontem. De lá eu me viro. E sim, espero poder manter contato com ela. Tenho muitas mancadas para compensar.

Maybe I don't hate you Onde histórias criam vida. Descubra agora