Maybe I don't hate you

110:

LIZA

*Assim que Karen sai de casa para levar Noah ao aeroporto, começo a sentir a solidão chegando, mas tenho que ignorá-la. Preciso. Estou bem sozinha. Desço a escada até a cozinha. James está recostado no balcão da cozinha, arrancando o papel alumínio de um cupcake*

-Oi, Liza.
*Ele sorri e dá uma mordida*
-Pegue um.

-Obrigada.
*Sorrio e pego um. Esse cupcake está delicioso. Talvez seja porque eu tenha comido pouquíssimo nos últimos nove dias. A dor ainda está presente, mas não está mais tomando conta de mim, não está mais me puxando para baixo*

*James me surpreende ao dizer:
-Vai ficar mais fácil, e você vai encontrar alguém que seja capaz de se apaixonar de verdade.
*Meu estômago se revira com a repentina mudança de assunto. Não quero voltar, quero seguir em frente*
-Eu tratei a mãe de Vinnie muito mal. Sei que fiz isso. Sumia por vários dias, mentia, bebia até não conseguir mais enxergar direito. Se não fosse o Richard, não sei como a Maria e Vinnie teriam sobrevivido...

*Conforme ele fala, eu me lembro da raiva que senti de James quando soube a origem dos pesadelos de Vinnie. Eu me lembro de ter sentido vontade de dar um tapa na cara dele por ter permitido que algo magoasse o filho daquele modo, e volto a sentir essa mesma raiva. Cerro os punhos*

-Nunca vou conseguir consertar nada daquilo, por mais que eu tenha vontade. Não fui bom para ela, e sei disso. Ela foi boa demais para mim, e eu também sei disso. Assim como todas as outras pessoas. Agora, ela tem o Mike, e eu sei que ele vai cuidar dela como merece. Existe um Mike para você também, tenho certeza.
*ele diz, olhando para mim de modo paternal*
-Espero que meu filho tenha a sorte de encontrar sua Karen mais adiante, quando crescer e parar de brigar com tudo e com todos pelo caminho.

*Quando ele fala de Vinnie com "sua Karen", engulo em seco e desvio o olhar. Não quero imaginar Vinnie com mais ninguém. É cedo demais. Mas desejo isso a ele; nunca desejaria que ele passasse o resto da vida sozinho. Só espero que ele encontre alguém a quem ele ame tanto quanto James ama Karen, para que possa ter uma segunda chance de amar alguém mais do que me amou*

-Também espero.
*digo por fim*

-Sinto muito por ele não ter entrado em contato.
*James diz baixinho*

-Tudo bem... desisti de esperar contato há alguns dias.

-Bem.
*ele diz suspirando*
-É melhor eu subir para o escritório. Tenho alguns telefonemas para fazer.
*Ainda bem que ele saiu antes de aprofundarmos a conversa. Não quero mais falar sobre Vinnie*

...

*Quando paro na frente do apartamento de Jaden, ele está esperando do lado de fora com um cigarro atrás da orelha*
-Você fuma?
*pergunto, enrugando o nariz*

*Ele parece confuso ao entrar no meu carro*
-Ah, fumo. Quer dizer, às vezes. E você me viu fumando na fraternidade aquela noite, lembra?
*Ele pega o cigarro de trás da orelha e sorri*

Sim, depois do lance da cerveja e do Vinnie gritando com nós dois naquela noite, acho que me esqueci do cigarro.
*Sorrio para ele*

-Você não gosta de cigarro?

-Não, nem um pouco. Mas se quiser fumar, tudo bem. Bom, não no meu carro, claro.

*Ele leva a mão à porta, e quando o vidro desce até a metade, ele joga o cigarro pela janela*
-Então, nada de fumar.
*Ele sorri e volta a subir o vidro.
Por mais que eu deteste esse hábito, tenho que admitir que algo nele, com os cabelos quase arrepiados, os óculos de sol e a jaqueta de couro, fez aquele cigarro parecer estiloso*