VINNIE*Minha boca não para de falar coisas das quais minha mente discorda. É como se eu não tivesse nenhum controle. É claro que eu não quero que ela vá embora. Quero abraçá-la e beija-la. Quero dizer que faço qualquer coisa por ela, que posso mudar por ela e que vou amá-la até morrer. Em vez disso, saio andando e a deixo sozinha*
*Ouço seus movimentos no quarto. Sei que deveria ir até lá e fazê-la parar de arrumar as malas, mas para quê? Ela vai embora na segunda-feira, de qualquer forma; pode muito bem ir logo agora. Ainda estou abismado por ela ter sugerido um namoro à distância. Nunca ia dar certo, ela a horas de distância de mim, nós dois no falando ao telefone uma ou duas vezes por dia, sem poder dormir na mesma cama. Eu não iria aguentar*
*Se não estivermos mais juntos, pelo menos não vou me sentir culpado se beber ou fizer qualquer coisa que me dê na telha... Mas quem estou querendo enganar? Eu não quero fazer coisa nenhuma. Prefiro passar o dia todo no sofá sendo obrigado a ver episódio após episódio de Friends com ela do que ficar um minuto fazendo algo sem Liza*
*Instantes depois, Liza aparece no corredor arrastando duas malas. Sua bolsa está pendurada no ombro, e seu rosto está pálido*
-Acho que não esqueci nada.
*ela diz com a voz grave e embargada**Então é isso; este é o momento que venho temendo desde o dia em que conheci essa garota. Ela está me abandonando, e não estou fazendo nada para impedi-la. Na verdade, não posso fazer nada. Ela sempre quis fazer coisas maiores, sempre quis estar com alguém melhor do que eu. Eu sabia disso desde o início. Só esperava que estivesse errado, como sempre. Em vez disso tudo, digo apenas:
-Tudo bem.-Certo.
*Ela engole em seco e endireita os ombros. Quando estende o braço para pegar a chave, a bolsa escorrega de seu ombro. Não sei qual é o meu problema. Eu deveria fazer alguma coisa para impedi-la, ou ajudá-la, mas não consigo. Liza olha para mim*
-Bom, então é isso. Todas as brigas, a choradeira, o amor, as risadas... tudo isso foi por nada.
*ela diz baixinho. Não há raiva em suas palavras. Só uma neutralidade... vazia**Faço que sim com a cabeça, incapaz de dizer qualquer coisa. Ela sacode a cabeça e abre a porta, puxando sua mala para fora. Quando atravessa a porta, ela olha para mim e diz tão baixinho que quase não consigo ouvir:
-Eu sempre vou te amar. Espero que saiba disso.
*Para de falar, Liza. Por favor*
-E outra pessoa também vai te amar, tanto quanto eu, espero.-Shh.
*eu peço. Não vou aguentar ouvir isso*-Você não vai ficar sozinho para sempre. Sei que eu falei isso, mas, se você procurar ajuda, aprender a controlar sua raiva, pode encontrar alguém...
*Engulo a bile que sobe pela minha garganta e vou até a porta*
-Vai embora de uma vez.
*eu digo e fecho a porta na cara dela. Consigo ouvir seu suspiro de susto através da madeira maciça
Acabei de bater a porta na cara dela; o que é que eu tenho na porra da minha cabeça?**Começo a entrar em pânico e deixo a dor tomar conta de mim. Eu me segurei por muito tempo, mal consegui me controlar, até ela ir embora. Passo as mãos pelos cabelos, caio de joelhos no chão e simplesmente não sei o que fazer. Sou oficialmente o maior imbecil do mundo, e não posso fazer nada a respeito. Parece tudo muito simples: é só ir para San Diego com ela e viver feliz para sempre, mas não é bem assim. Tudo vai ser diferente por lá: ela vai ficar ocupada com o estágio e as aulas, vai fazer novas amizades, experimentar coisas diferentes; coisas melhores; e me esquecer. Não vai mais precisar de mim. Limpo as lágrimas que se acumulam nos meus olhos*
*Como é? Pela primeira vez, percebo o quanto estou sendo egoísta. Fazer novas amizades? Qual é o problema de fazer novas amizades e experimentar coisas novas? Eu estaria ao lado dela, compartilhando suas novas experiências. Por que fiz de tudo para impedir que ela fosse para San Diego em vez de aproveitar essa oportunidade com ela? A oportunidade de provar que eu posso fazer parte de seus sonhos. Foi só isso que ela me pediu, e eu não fui capaz de fazer*

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Maybe I don't hate you
FanfictionEu não fazia ideia de que a faculdade envolvia muito mais coisas do que a vida acadêmica. Eu era bem ingênua nessa época, e em certo sentido ainda sou. Jamais poderia imaginar o que viria pela frente. Depois que conheci o Vinnie, meu mundo virou de...