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VINNIE

*Toda vez que tenta parecer autoritário, meu pai fica com a mesma cara de idiota, exatamente a que está fazendo agora, com os braços cruzados e bloqueando a minha entrada na porta de casa*

-Liza não vai aparecer aqui, Vinnie... Ela sabe que aqui você a encontraria.

*Desfaço um impulso de esmurrar os dentes dele goela abaixo. Em vez disso, passo as mãos no cabelo, estremecendo ao sentir a pontada de dor em meus dedos. Os cortes estão mais profundos do que o habitual. Socar a parede foi pior do que eu imaginava. Mas não é nada comparado ao que sinto por dentro. Nunca soube que este tipo de dor existia; é muito pior do que qualquer dor física que eu poderia causar a mim mesmo*

-Filho, acho que você precisa dar um pouco de espaço para ela.
*Quem diabos ele pensa que é?*

-Espaço? Ela não precisa de espaço! Ela precisa voltar para casa!
*grito. A velha da casa ao lado nos olha, e eu olho de volta, erguendo os braços*

-Por favor, não seja mal-educado com meus vizinhos.
*meu pai me avisa*

-Então fala para os seus vizinhos cuidarem da própria vida!
*Isso eu tenho certeza de que a velhota dos cabelos brancos ouviu.*

-Tchau, Vinnie.
*diz meu pai, com um suspiro, e fecha a porta*

-Caralho!
*grito e ando de um lado para o outro na varanda algumas vezes antes de voltar para o carro.
Onde diabos ela se meteu? Mesmo em meio à raiva, estou louco de preocupação. Será que está sozinha ou com medo? Conhecendo Liza, é claro que não está com medo; provavelmente está pensando nos motivos por que me odeia. Ou melhor, deve estar fazendo uma lista. Aquela necessidade constante de estar no controle de tudo e as listas idiotas me deixavam maluco. Mas agora tudo que quero é vê-la anotando as coisas mais irrelevantes. Daria qualquer coisa para vê-la mordendo o lábio inferior, absolutamente concentrada, ou ver seu rosto bonito mais uma vez*

*Agora que ela está com Kio e com a mãe, a pequena chance que achei que ainda tinha se foi. Assim que se lembrar dos motivos por que Kio é melhor para ela do que eu, ela vai voltar para ele*

*Ligo de novo mesmo assim, pela vigésima vez, e a chamada cai direto na caixa postal.
Que merda, sou um idiota mesmo.
Depois de passar uma hora dirigindo de uma biblioteca a outra e passar por todas as livrarias da cidade para procurá-la, decido voltar para o apartamento. Talvez ela apareça, quem sabe... Mas sei que não vai.
Mas e se aparecer? Preciso arrumar a bagunça e comprar uns pratos novos para substituir os que quebrei atirando nas paredes, só para o caso de ela voltar para casa*

...

*A voz de um homem ecoa pelo ar*
-Cadê você, Hacker? Eu vi quando ele saiu do bar. Tenho certeza de que está aqui.
*diz outro homem. Saio da cama e sinto o piso frio sob meus pés. No começo achei que fosse meu pai e seus amigos, mas agora acho que não*
-Saia, saia de onde você está!
*a voz mais grave grita, e ouço um estrondo enorme*
-Ele não está aqui.
*diz minha mãe assim que termino de descer a escada e vejo quem são. Minha mãe e quatro homens*
-Ei, olha só o que temos aqui.
*diz o homem mais alto*
-Quem diria que a mulher do Hacker era tão gostosa?
*Ele segura minha mãe pelo braço e a puxa para fora do sofá. Ela agarra sua camisa desesperadamente*
-Por favor... ele não está em casa. Se é dinheiro
que está devendo, dou tudo o que tenho. Pode levar qualquer coisa da casa, até a televisão...
*Mas o homem ri da cara dela*
-Televisão? Não quero televisão nenhuma, porra.
*Vejo minha mãe lutar para se livrar dele*
-Tenho algumas joias, não muitas... mas por favor...
-Cala a boca!
*diz outro homem, dando-lhe um tapa*
-Mãe!
*exclamo e corro até a sala de estar*
-Vinnie... volta lá para cima!
*ela grita, mas não vou deixar minha mãe com esses homens maus*
-Sai daqui, seu merdinha.
*um deles diz, me empurrando de bunda no chão. -Olha aqui, sua vadia, o problema é que seu marido fez isso aqui.
*ele rosna, apontando para um corte enorme no seu rosto*
-E, como ele não está aqui, a única coisa que a gente quer é você.
*Ele sorri, e ela esperneia para se soltar*
-Vinnie, meu amor, vai lá pra cima... Agora!
*ela grita.
Espera aí, por que ela está com raiva de mim?*
-Acho que ele quer ver.
*diz o homem machucado, jogando-a no sofá*
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Maybe I don't hate you Onde histórias criam vida. Descubra agora