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LIZA

-Passa essa noite comigo?
*Vinnie pergunta, olhando para meu rosto. Eu faço que sim com a cabeça, toda animada*

*Gostaria que ele me deixasse falar sobre San Diego. Como Vinnie vai reagir? Não quero contar, mas sei que preciso. Ele vai ficar feliz por mim? Acho que não; sei que não*

-Vem cá.
*Ele me puxa para seu peito, e deita na cama, pega o controle da TV e passa de canal em canal até escolher um tipo de documentário histórico*

-Como foi a visita à sua mãe?
*pergunto alguns minutos depois. Ele não responde, e quando olho para seu rosto, vejo que ele está dormindo. Está quente. Vinnie está deitado em cima de mim, com quase todo o peso do corpo me prendendo. Sua cabeça está em meu peito; um de seus braços envolve minha cintura, e o outro está estendido no espaço ao lado dele. Senti falta de dormir assim e até de acordar suando com o corpo de Vinnie cobrindo o meu*

*Quando olho para o relógio, vejo que são sete e vinte; meu alarme vai tocar em dez minutos. Não quero acordar Vinnie, seu sono parece ser bem tranquilo; está esboçando um sorriso enquanto dorme. Tentando movê-lo sem acordá-lo, eu levanto seu braço para tirá-lo de minha cintura*

-Hum, hummm.
*ele geme enquanto seus olhos tremem e o corpo fica tenso, fazendo mais pressão sobre mim*
-Que horas são?
*ele pergunta, com a voz rouca*

-Quase sete e meia.
*respondo baixinho*

-Droga. Pode matar aula hoje?

-Não, mas você pode.
*Sorrio e delicadamente corro os dedos sobre seus cabelos, massageando-o*

-Podemos sair para tomar café da manhã?
*Ele se vira para olhar para mim*

-É uma proposta tentadora, mas não posso.
*Digo. Ele desliza o corpo levemente de modo a pousar o queixo em meu peito*
-Dormiu bem?
*pergunto*

-Sim, muito bem. Não durmo assim desde...
*ele para de falar. De repente, eu me sinto muito feliz e abro um sorrisão*

-Que bom que você dormiu.

-Posso contar uma coisa?
*Ele não parece totalmente acordado ainda; os olhos estão vidrados, e a voz está muito rouca*

-Claro.
*Volto a massagear seus cabelos*

-Quando estava na Inglaterra, na casa da minha mãe, tive um sonho... bem, um pesadelo.

*Ah, não. Sinto um aperto no peito*
-Que droga que esses sonhos voltaram a acontecer.

-Não, eles não só voltaram, Lizz. Estão piores.

-Piores?

-Eram com você... eles estavam... fazendo com você.
*ele conta, e sinto meu sangue gelar dentro das veias*

-Nossa.
*Minha voz está fraca*

-É. Foi... Absurdo. Foi muito pior do que antes, porque estou acostumado com os sonhos com a minha mãe, sabe?
*Balanço a cabeça para assentir e levo a outra mão ao braço dele, continuando os mesmos carinhos que estou fazendo no seu cabelo*
-Nem tentei dormir depois daquilo. Fiquei acordado de propósito porque não aguentaria ver tudo de novo. Pensar em alguém machucando você me deixa maluco.

-Que coisa.
*Os olhos dele estão assustados, e os meus estão cheios de lágrimas*

-Não precisa sentir pena de mim.
*Ele estende o braço e seca minhas lágrimas antes de caírem*

-Não é isso. Fico triste porque não quero ver você infeliz. Não tenho pena de você.
*Não sinto pena dele. Eu me sinto péssima por esse homem desajustado que tem pesadelos nos quais sua mãe sofre abusos, e pensar que o rosto de Maria deu lugar ao meu me deixa arrasada. Não quero que esses pensamentos perturbem sua mente já angustiada*

Maybe I don't hate you Onde histórias criam vida. Descubra agora