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LIZA

-Você tem planos para o resto da noite?
*Vinnie pergunta quando para na frente da casa de seu pai*

-Não, vou só estudar e dormir. Noite agitada.
*Sorrio para ele*

-Sinto falta de poder dormir.
*Ele ergue as sobrancelhas*

-Você não tem dormido
*pergunto, mesmo ja sabendo a resposta*
-Você... Você voltou a ter...começo.

-Sim, todas as noites.
*ele diz, e sinto um aperto no peito*

-Sinto muito.
*Odeio isso. Odeio aqueles pesadelos que o assombram. Odeio ser a única coisa capaz de fazer com que desapareçam*

-Tudo bem, tudo bem.
*ele diz, mas suas olheiras indicam o contrário*

-Você pode subir. Só para dormir um pouco. Ainda está cedo.
*eu digo, e ele levanta a cabeça. Sei que é uma ideia idiota, mas não gosto de vê-lo assim*

-Você não se importaria?
*ele pergunta, e eu concordo antes de permitir que meus pensamentos tomem conta de mim*

-Claro... mas só para dormir.
*eu reforço com um sorriso, e ele concorda*

-Eu sei, Lizz.

-Não quis dizer...
*tento explicar*

-Saquei.
*ele responde.
Então tá... Há uma distância entre nós que é ao mesmo tempo desconfortável e necessária. Só quero estender o braço e afastar a mecha que caiu em sua testa, mas isso seria demais. Preciso dessa distância, assim como preciso de Vinnie*

*É muito confuso, e sei que convidá-lo para subir não vai ajudar a desfazer essa confusão, mas quero que ele consiga dormir. Abro um sorrisinho, e ele olha para mim por um segundo e sacode a cabeça*

-Olha, é melhor não. Tenho trabalho para fazer e...
*ele começa*

-Não tem problema, de verdade.
*Interrompo e abro a porta do carro para escapar da minha vergonha.
Eu não deveria ter feito isso. Seria melhor me distanciar dele, e estou aqui sendo rejeitada... de novo*
-Boa noite.
*digo, e caminho até a porta*

...

*Enquanto tiro a maquiagem do rosto e me preparo para dormir, minha mente fica repassando nosso encontro sem parar. Vinnie foi tão... bonzinho. Vinnie foi bonzinho. Ele estava arrumado e não brigou com ninguém, nem xingou ninguém. É um tremendo progresso. Começo a rir como uma idiota quando me lembro de suas quedas no gelo; ele ficou todo irritado, mas foi engraçado vê-lo cair. Ele é bem alto, e suas pernas tremiam sobre os patins. Foi, sem dúvida, uma das coisas mais engraçadas que já vi*

*Meu humor mudou um pouco quando ele me contou sobre a festa de aniversário. Não sei o que pensei que ele faria no aniversário, mas não pensei que seria ir a uma festa. Mas sou uma idiota, porque é seu aniversário de vinte e um anos, afinal.
Quero passar esse dia com ele mais do que qualquer coisa, mas algo ruim sempre acontece todas as vezes em que vou àquela maldita fraternidade, e não quero dar continuidade a esse ciclo, principalmente por estarmos numa situação tão delicada. A última coisa da qual preciso é beber e piorar ainda mais as coisas. Queria comprar algo para ele, apesar de ser péssima com presentes, mas vou pensar em alguma coisa*

*Abro a porta do quarto e quase morro de susto ao ver alguém sentado na cama. Deixo minha nécessaire na cômoda... e então percebo que é Vinnie e me acalmo. Enquanto observo, ele cruza as pernas de um modo esquisito*
-Eu... hã, desculpa por eu ter sido um idiota lá embaixo, porque na verdade queria ficar.
*Vinnie passa os dedos pelos cabelos despenteados*

Maybe I don't hate you Onde histórias criam vida. Descubra agora