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*Quando chegamos em seu quarto, Vinnie liga a televisão e começa trocar de roupa. Eu o observo. Por mais irritada que possa estar, nunca deixaria passar uma chance de vê-lo tirando a roupa. Vinnie tira a camiseta primeiro, então observo seus músculos se contraírem sob a pele enquanto desabotoa e tira a calça jeans preta. Quando penso que vai ficar só de cueca, ele pega uma calça de moletom e veste. Fica sem camisa, para minha sorte*

-Toma.
*ele murmura e joga uma de suas camisas para mim*

-Eu trouxe roupa para mim dessa vez.
*digo, quando pego sua camisa que caiu ao meu lado, e é impossível não sentir esse cheiro que tanto adoro*

-Eu sei, mas gosto de ver você usando as minhas.
*ele diz, e eu não consigo conter o sorriso*

*Vinnie se concentra na televisão enquanto visto a camiseta dele e uma legging. É justa, mas confortável. Ele suspira e percorre meu corpo com os olhos*

-Hum... que sexy.
*ele diz e eu fico vermelha, provavelmente*
-Bem melhor do que a calça larga.
*ele provoca, e dou risada enquanto me sento no chão*
-Você estava falando sério no carro quando disse que mal me conhece?
*ele pergunta de modo neutro. Eu não esperava por isso*

-Mais ou menos. Não é fácil conhecer você.

-Eu sinto que te conheço.
*ele diz, com os olhos fixos nos meus*

-Sim, porque eu deixo. Conto coisas sobre mim.

-Eu também conto. Pode não parecer, mas você me conhece mais do que qualquer outra pessoa.
*Ele olha para o chão, e então para meus olhos de novo. Parece triste e vulnerável, muito diferente do garoto raivoso de sempre*

*Não sei bem o que dizer a respeito dessa confissão. Sinto que conheço Vinnie num nível muito pessoal, como se de algum modo estivéssemos ligados muito mais profundamente do que se tivéssemos mais informações um sobre o outro, mas não me parece nem de perto suficiente para conhecê-lo por inteiro*

-Você também me conhece melhor do que ninguém.
*digo*

-O que você quer saber sobre mim, Liza?
*ele pergunta, e meu coração se aquece. Vinnie finalmente está pronto para me contar mais sobre si mesmo. Estou mais perto de compreender esse cara estourado, mas que sabe ser adorável de vez em quando*

*Vinnie e eu ficamos deitados na cama, olhando para o teto, e eu faço pelo menos cem perguntas. Ele fala sobre o lugar onde cresceu, e diz que era muito legal morar lá. Fala sobre a cicatriz no joelho, da primeira vez que subiu numa bicicleta sem rodinhas, e conta que sua mãe desmaiou ao ver o sangue. Seu pai estava no bar aquele dia. O dia todo. E foi a mãe quem cuidou de tudo. Ele me conta sobre a escola e diz que passava a maior parte do tempo. Nunca foi muito social, e conforme foi crescendo seu pai passou a beber cada vez mais, e seus pais brigavam cada vez mais. Vinnie me conta que foi expulso do ensino médio por indisciplina, mas a mãe implorou para que a direção o deixasse voltar. Começou a fazer tatuagens aos dezesseis anos, no porão de um amigo, e adora carros clássicos. O melhor dia de sua vida foi quando seus pais se divorciaram. O pai parou de beber quando ele tinha catorze anos e está tentando compensar pelo passado terrível, mas Vinnie nem quer saber.
Minha mente está confusa com tantas informações e acho que finalmente consigo entendê-lo. Ainda há muito mais coisas que eu adoraria saber sobre Vinnie, mas ele adormece enquanto me conta sobre a casinha que ele, a mãe e um amigo fizeram com caixas de papelão quando tinha oito anos*

*Fico olhando para Vinnie dormindo, e ele parece muito mais jovem agora que sei sobre sua infância, que foi feliz até o alcoolismo do pai destruir tudo. Eu me inclino para a frente e dou um beijo em sua testa, então me deito e durmo também.
Não quero acordá-lo, só puxo um pouquinho o edredom para me cobrir*

Maybe I don't hate you Onde histórias criam vida. Descubra agora