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VINNIE

*Abraçá-la pela primeira vez em uma eternidade é melhor do que eu poderia tentar descrever. No instante em que ela correu para os meus braços, fui invadido por um alívio. Nunca achei que isso fosse acontecer. Ela tem andado tão distante, tão fria ultimamente. Não que seja culpa dela, mas dói pra cacete*

-Você está bem?
*pergunto junto ao seu cabelo. Ela move a cabeça para cima e para baixo contra o meu peito, mas continua chorando. Sei que não está bem. Sua mãe provavelmente disse alguma merda. Sabia que isso ia acontecer, e para falar a verdade, meu lado mais egoísta está feliz que tenha acontecido. Não por ela ter magoado Liza, mas porque isso significa que a minha menina correu para mim em busca de conforto*
-Vamos entrar.
*digo*

*Ela faz que sim com a cabeça, mas não me solta, então me esforço para tirar seus braços de mim e caminhamos juntos para dentro. Seu rosto está marcado com trilhas negras, e os olhos e lábios estão inchados. Espero que não tenha chorado a viagem toda. Assim que entramos no saguão, pego o cachecol com o qual desci e o enrolo em sua cabeça, cobrindo as orelhas*

*Ela deve estar com frio, só com esse vestido. Esse vestido... Normalmente eu elaboraria longas fantasias sobre arrancar o tecido fino de seu corpo. Mas hoje não, não com ela desse jeito*

*Liza solta o soluço e cobre a cabeça com o cachecol. Seu cabelo loiro está todo para o lado, fazendo-a parecer ainda mais jovem do que o habitual. Quando saímos do elevador e caminhamos até o nosso... até o apartamento, aproveito a pequena chance que tenho para perguntar:
-Quer conversar?
*Ela faz que sim, e eu abro a porta*

*Minha mãe está sentada no sofá, e a preocupação se espalha por seu rosto assim que repara na aparência de Liza. Lanço um olhar de advertência, torcendo para que ela se lembre da promessa que fez de não bombardear Liza com perguntas sobre sua volta para ca. Minha mãe desvia os olhos de Liza e os fixa na televisão, fingindo indiferença*

-Vamos ficar um pouco lá no quarto.
*comunico, e minha mãe faz um gesto silencioso concordando. Sei que está louca para falar, mas não vou deixar sua curiosidade piorar ainda mais o estado de Liza*

*Quando entro no quarto, Liza já está sentada na beirada da cama. Sem saber se posso me aproximar, espero que ela diga alguma coisa*
-Vinnie?
*ela começa, baixinho. A rouquidão em sua voz me diz que Liza chorou a viagem toda, o que me abala ainda mais. Fico de pé na frente dela, e Liza me surpreende mais uma vez, me agarrando pela camiseta e me puxando entre suas pernas*

-Lizz... o que foi que ela fez?
*pergunto quando ela começa a chorar de novo*

-Meu pai...
*ela choraminga, e eu fico imóvel*

-Seu pai? Ele estava lá? Ele fez alguma coisa com você?
*pergunto em meio ao desespero.
Ela faz que não com a cabeça, e eu ergo seu queixo com uma das mãos, forçando-a a olhar para mim. Liza nunca fica tão quieta, principalmente quando está chateada. Na verdade, essa seria o momento em que ela mais falaria, ou gritaria*

-Ele voltou para cá... Eu nem sabia que ele tinha ido embora. Quer dizer, acho que sabia, mas nunca pensei a respeito. Nunca penso nele.

-Você falou com ele hoje?
*pergunto, e minha voz não soa tão calma quanto eu gostaria*

-Não. Mas ela falou. Disse que ele não vai entrar em contato comigo, mas não quero que ela decida isso por mim.

-Você quer vê-lo?
*Liza só me disse coisas ruins sobre esse cara. Ele era violento, muitas vezes batia na mulher na frente dela. Por que iria querer vê-lo?*

-Não... quer dizer, não sei. Mas eu quero decidir.
*Ela enxuga os olhos*
-Não que ele queira me ver...
*A vontade de ir atrás do sujeito e impedir que ele se aproxime dela me invade, e preciso me acalmar antes de fazer alguma coisa estúpida*
-Não consigo parar de pensar, e se ele for que nem o seu pai?

Maybe I don't hate you Onde histórias criam vida. Descubra agora