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...

LIZA

*Nove dias.
Nove dias se passaram sem nenhuma notícia de Vinnie. Não pensei que conseguiria passar um único dia sem falar com ele, muito menos nove. Parecem cem dias, para ser sincera, apesar de cada hora machucar microscopicamente menos do que a anterior. Não tem sido fácil, nem perto disso. James me fez ligar para o sr. Hank perguntando se eu podia tirar o resto da semana de folga, o que na verdade só significava perder um dia de trabalho*

*Sei que quem foi embora fui eu, mas me mata o fato de ele nem sequer ter tentado entrar em contato. Sempre fui eu quem mais investiu em nossa relação, e essa seria a chance de ele mostrar como se sente de verdade. Acho que de certo modo, ele está mostrando, e o que sente é o oposto do que eu desesperadamente desejava. E precisava.
Sei que Vinnie me ama. Sei mesmo. Mas também sei que se seu amor fosse tão grande como eu imaginava, ele teria me procurado*

*Vinnie disse que não deixaria isso acontecer, mas deixou. Ele me deixou ir embora. A parte que mais me assusta é que na primeira semana, eu andei totalmente perdida. Fiquei perdida sem Vinnie. Perdida sem seus comentários espirituosos. Perdida sem suas respostas sinceras. Perdida sem sua confiança e sua força. Perdida sem o modo como ele traçava círculos em minha mão enquanto a segurava, o modo como me beijava sem motivo e sorria para mim quando achava que eu não estava olhando. Não quero ficar perdida sem ele; quero ser forte. Quero que meus dias sejam iguais, independentemente de estar sozinha ou não*

*Estou começando a achar que talvez vá ficar sozinha para sempre, por mais dramática que essa ideia possa parecer. Talvez eu seja como a minha mãe nesse aspecto. Talvez fique melhor sozinha.
Não queria que tudo terminasse assim, de repente. Queria conversar, queria que ele atendesse meus telefonemas para podermos chegar a um tipo de acordo. Eu só precisava de espaço, precisava dar um tempo para mostrar a ele que não sou seu capacho. O tiro saiu pela culatra, porque obviamente ele não se importa como pensei que se importasse. Talvez esse tenha sido o plano dele o tempo todo: fazer com que eu terminasse com ele. Conheço algumas garotas que fazem isso quando querem se livrar de seus namorados*

*No primeiro dia, esperei um telefonema, uma mensagem de texto ou, sei lá, eu esperava que Vinnie entrasse pela porta gritando e fazendo escândalo enquanto sua família e eu estivéssemos na sala de jantar em silêncio, sem saber o que dizer. Isso não aconteceu, e eu perdi as estribeiras. Não fiquei chorando pelos cantos e sentindo pena de mim mesma. Mas fiquei perdida. A cada segundo, eu esperava que Vinnie viesse implorar meu perdão. Quase dei o braço a torcer naquele dia. Quase voltei para o apartamento. Eu estava pronta para dizer que não estava interessada em casar, que não me importava se ele mentisse para mim todos os dias e não me respeitasse, desde que ele nunca me abandonasse. Felizmente, não fiz isso e mantive um pouco de respeito por mim mesma*

*O terceiro dia foi o pior. Foi quando realmente comecei a entender. Foi quando finalmente voltei a falar depois de três dias de silêncio quase total, depois de murmurar um simples sim ou não a Noah ou Karen durante suas tentativas estranhas de conversar comigo. Os únicos sons que emiti foram um sussurro contido e uma explicação chorosa do motivo por que minha vida seria melhor e mais fácil sem ele, algo no qual nem sequer acreditava. O terceiro dia foi quando finalmente olhei no espelho e vi meu rosto marcado, os olhos inchados a ponto de quase não se abrirem. O terceiro dia foi quando fui ao chão, finalmente orando a Deus para que fizesse a dor desaparecer. Ninguém aguenta essa dor, eu disse a Ele. Nem mesmo eu. No terceiro dia, eu liguei para Vinnie, não me contive. Disse a mim mesma que se ele atendesse, nós resolveríamos as coisas e chegaríamos a um acordo, pediríamos desculpas e prometeríamos nunca mais terminar. Mas a ligação caiu na caixa postal depois de dois toques, uma prova de que ele rejeitou a chamada*

Maybe I don't hate you Onde histórias criam vida. Descubra agora