140:

1K 97 172
                                        



*Quando chego a porta dos fundos do restaurante, o ar frio da noite me envolve. É um alívio estar longe do clima péssimo de um jantar com companhias desagradáveis. Apoio os cotovelos em uma amurada de pedra e fico olhando para a agua. Está tudo bem escuro do lado de fora*
-Você está bem?
*pergunta uma voz atrás de mim. Quando me viro, Dylan está parado na porta, com uma pilha de pratos na mão*

-Hã, sim, só precisava tomar um ar.
*respondo*

-Ah, está meio frio aqui fora.
*Ele sorri. Seu sorriso é educado e encantador*

*Eu sorrio de volta*
-É, um pouco. Em seguida, ficamos em silêncio. É uma situação um pouco constrangedora, mas eu não me importo. Nada é pior do que ficar sentada naquela mesa*

*Alguns segundos depois, ele fala*
-Nunca vi você por aqui.
*Ele põe os pratos em uma mesa vazia e vem andando até mim, apoiando-se sobre os cotovelos na mureta a uma certa distância*

-Estou só de passagem. Nunca vim aqui antes.

-Você deveria vir no verão. Fevereiro é a pior época para visitar. Bom, tirando novembro e dezembro... e talvez janeiro.
*Ele fica vermelho e começa a gaguejar*
-V-você entendeu.

*Tentando não rir de seu embaraço e seu rosto vermelho, eu respondo:
-Aposto que é lindo aqui no verão.

-É, você é mesmo.
*Ele arregala os olhos*
-Quer dizer, o lugar. É lindo.
*ele se corrige, passando as mãos sobre o rosto.
Tento segurar o riso outra vez, mas não consigo. Uma risadinha acaba escapando, e ele fica ainda mais aflito*

-Você mora aqui?
*pergunto, tentando amenizar sua vergonha. A companhia dele é revigorante*

-Sim, nasci e cresci aqui. E você?

-Estudo na Kinston. Vou começar no campus de San Diego na semana que vem.

-Uau, San Diego. Que incrível!
*Ele sorri, e eu dou risada de novo*

-Desculpa, o vinho me faz rir à toa.
*explico, e ele me olha com um sorriso*

-Que bom que não é de mim que você está rindo.
*Ele observa meu rosto atentamente, e eu desvio o olhar. Ele se volta para o restaurante*
-É melhor eu voltar, antes que seu namorado decida vir atrás de você.

*Eu me viro para olhar pela janela do ambiente elegante. Vinnie ainda está voltado para Lillian*
-Ninguém vai vir atrás de mim, pode ficar tranquilo.
*digo com um suspiro*

-Ele parece estar bem perdido sem você.
*Dylan tenta me animar. Vejo Noah olhando ao redor do salão, sem ter ninguém com quem conversar*

-Ah! Aquele não é o meu namorado. O meu é o que está do outro lado da mesa... o das tatuagens.

*Observo enquanto Dylan olha para Vinnie e Lillian com uma expressão confusa*
-Hã, ele sabe que é seu namorado?
*Dylan questiona, erguendo a sobrancelha*

*Desvio os olhos de Vinnie quando ele abre um sorriso bem largo; o tipo de sorriso que costuma ser reservado só para mim*
-Estou começando a me perguntar o mesmo.
*Levo as mãos ao rosto e balanço a cabeça*
-É complicado.
*resmungo. Aguenta firme, não entra no jogo dele. Não desta vez*

*Dylan encolhe os ombros*
-Bom, e quem pode ser melhor para falar sobre os seus problemas do que um desconhecido?

*Nós dois olhamos para a mesa de onde saí. Ninguém além de Noah parece notar minha ausência*
-Você não precisa trabalhar?
*pergunto, torcendo para que não*

*Ele parece bem confiante ao abrir um sorriso e responder:
-Sim, mas eu tenho um crédito com o dono.

-Ah.

Maybe I don't hate you Onde histórias criam vida. Descubra agora