Capítulo 22: Nem Tudo que Reluz é Ouro

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Helena despertou sentindo uma dor nas costas. Olhou para a cama ao lado e viu que sua colega de quarto já havia saído. Elas só teriam aula na parte da tarde, mas a líder de turma tinha que levar os artefatos para a diretora da escola e depois conversar com o professor sobre o que de fato era uma Mãe-de-ouro.

–Ótimo, tenho um dia cheio de coisas importantes e já começo com uma dor nas costas. O que diabos tem aqui em baixo –Quando ela puxou o lençol se deparou com vários objetos de ouro, brincos, anéis, pulseiras e até um candelabro –Não me diga que eu roubei essas coisas dormindo?!

Helena havia se transformado num tipo de entidade folclórica e desde então vinha sentindo-se atraída por coisas brilhantes, mas nada que a preocupa-se. Não até acordar com vários objetos de ouro em baixo do seu lençol. Aquilo sem dúvidas estava ligado ao fato de agora ser uma Mãe-de-ouro, que numa pesquisa rápida descobriu ser um tipo de guardiã das reservas naturais de ouro.

–Era o que me faltava, ao invés de deusa me tornei uma cleptomaníaca.

A ideia da Helena era ficar encarregada de levar os artefatos encontrados para a diretora para poder vistoriá-los primeiro a procura do cálice divino. No final das costas não o encontrou. Mas a ida a direção não foi totalmente uma perda de tempo.

–Com licença –Pediu Helena.

–Pode entrar –Disse a diretora Júlia Davis –Vamos ver que itens interessantes sua turma encontrou.

Helena era praticamente uma fã daquela mulher, uma arqueóloga renomada e especializada em deuses antigos. Em outra ocasião adoraria conversar e tirar várias dúvidas, no entanto a líder da turma agora desconfiava que a diretora também estava interessada em encontrar o cálice divino. Para testar sua tese a garota foi astuta.

–Estão todos aqui. O que me chamou mais atenção foi um item que meu trio encontrou no subsolo, num altar muito antigo... Foi esse cálice aqui.

Os olhos da diretora brilharam arregalados e ela praticamente arrancou o cálice da mão da garota que sorriu. Bingo.

–Hum? Esse é realmente um item muito raro, parabéns –Elogiou a diretora, mas com um tom de decepção –Já vi um desses antes, acho que existem menos de dez ao todo. Um cálice de Mãe-de-ouro. Vocês encontraram... algum outro cálice?

–Não, só esse mesmo –Helena disse prestando muita atenção no olhar decepcionado da diretora –Mas teve outra equipe que encontrou esse colar de ouro.

–Deixe-me ver –Pediu Júlia pegando o tal colar. Para a surpresa das duas, Helena não soltou imediatamente o colar e ficaram quase um cabo de guerra –Querida, já pode soltar.

–Ai, desculpe! –Helena soltou, mas sentiu uma ânsia de agarrar aquele colar e jogar debaixo de sua cama.

–Que fascinante. Esse colar se trata de um artefato da família real! Que coincidência.

–Coincidência?

–Oh sim. É que isso me fez lembrar de uma notícia que quero que repasse para sua turma. Daqui a uma semana teremos nosso primeiro baile da universidade e contaremos com a ilustre presença da família real.

–Que legal! –Helena exclamou sem tirar os olhos do colar. Ela sacudiu a cabeça obrigando-se a ficar focada –Mal posso esperar para conhecer o rei e a rainha do Reino Unido do Acre.

–Não se empolgue tanto. Eles são seres humanos como eu e você. Nem tudo que reluz é ouro –A diretora estava deixando transparecer seus sentimentos quanto a família real. Helena viu a oportunidade de ganhar a confiança dela puxando seu saco.

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