Capítulo 60: No Alto do Baobá

49 5 0
                                    


Aduke realizou o ritual de invocação, mas ao invés da deusa ser arrastada até o grupo, foi o grupo que foi levado até ela. Aduke, Zeca, Kor, Carmem e Rebeca estavam no alto de um gigantesco baobá, árvore africana, e acima deles estava uma mansão feita de ouro e joias.

−Estamos na morada de Erzulie Dahomey −Concluiu Aduke.

−Nunca ouvi falar num ritual de invocação que funcionasse ao contrário −Comentou Zeca.

−Que tipo de árvore é essa? −Kor perguntou deslizando a mãe pela casca.

−Essas são árvores gigantes, normalmente podem chegar a sete metros de diâmetro e trinta de altura −Explicou Aduke −Estima-se que muitas tenham mais de seis mil anos de idade. Para os povos africanos tem grande significado de resistência e religiosidade. Faz sentindo a morada de uma deusa africana ser no alto de um baobá.

−Vamos logo entrar naquela mansão −Disse Carmem agarrada a um dos galhos −Antes que o vento nos arraste daqui de cima.

Os cinco foram com cuidado até a mansão, subiram doze degraus de ouro e ao tocarem nas enormes portas, estas se abriram sozinhas. A entrada era um longo corredor cujas paredes eram enfeitadas com flores e enormes quadros. As pinturas mostravam momentos da história da deusa, como de pessoas que a adoravam. Carmem parou diante de um quadro que mostrava dois homens se beijando.

−Gostei desse aqui −Ela comentou −A Erzulie é "gay-friendly"?

−Pode apostar que sim, ela é uma protetora dos homossexuais −Aduke contou com orgulho −Vejam esse quadro em que ela celebra um casamento homoafetivo! Olhem esse outro em que ela é adorada e presenteada com uma montanha de ouro. Neste mostra a mão dela com três anéis lhes dados por seus três maridos: Dambalá, Agué e Ogum!

−Você sabe mesmo muito sobre ela −Comentou Kor.

−É claro, ela é minha mãe −Aduke disse com orgulho dando-se conta de que estava com os olhos cheios de lágrimas.

−Olhem esse aqui −Chamou Rebeca lendo uma escritura que descrevia aquele quadro −A coroação de Dylan Stark na Terra 69, festa com os deuses do amor: Erzulie Dahomey, Cupido, Afrodite e Luz Escarlate.

−Terra 69 não é o mundo do Jacob? −Carmem perguntou −Pelo jeito a Erzulie também costuma viajar para outros universos.

−Essa coroação foi um momento muito importante na história do multiverso −Zeca comentou sem dar muitos detalhes. Ele sabia muito sobre assuntos cósmicos.

−Vamos continuar, a minha mãe deve estar na sala do trono −Supôs Aduke.

O grupo seguiu fascinado com tudo que encontrava pelo caminho, diversos objetos feitos de ouro e joias, flores ornamentais que nunca murchavam, pinturas e estátuas que eram verdadeiras obras de arte, até chegarem à sala principal.

A sala do trono era redonda e ampla, o teto era sustentado por doze pilares, o chão era vermelho escupido com rubis, o trono era de ouro maciço, e no centro havia uma miniatura do planeta Terra levitando como um holograma.

−Acho que a deusa consegue ver o mundo inteiro daqui −Comentou Zeca.

−Vocês não deviam estar aqui −Disse uma sexta voz fazendo o grupo ficar alerta olhando para todas as direções sem verem ninguém.

−Será que é a voz da Erzulie? −Kor perguntou.

−Não é −Disseram Aduke e Rebeca ao mesmo tempo, pois ambas nunca esqueceriam da voz da deusa.

−Acho que foi ela quem falou −Zeca disse apontando para uma linha que descia do teto e pairava sobre o holograma da Terra. Na ponta da linha havia uma diminuta aranha.

Reino Unido do AcreOnde histórias criam vida. Descubra agora