Capítulo Final: Eclipse

79 6 16
                                    


O mundo espiritual não era mais tão assustador aos olhos de Jericó, da última vez que tinha pisado naquela terra morta iluminada por bolas de fogo azul não passava de um garoto assustado e invejoso que amava e odiava seu gêmeo. Agora, era o deus supremo da Terra 13, tinha tomado um dos cálices divinos mais poderosos do multiverso e ainda escolhido acabar com os milhares de deuses do seu mundo absorvendo suas divindades se tornando ainda mais forte.

Será que tanto poder era o bastante para bater de frente com um dos cinco supremos? Enfrentar alguém que fizera parte da própria criação do multiverso?

Jericó abriu suas asas e voou até uma enorme construção de pedra que era o templo de seu irmão. Quando pousou no topo foi recebido por onze seres com pênis no lugar do nariz. Um destes segurava o que parecia ser um ovo de avestruz.

–Este é o templo de Solaris, eu sou o arauto chefe, Glandis.

–Vocês sabem quem eu sou? –Jericó disse dando um sorrisinho boçal.

–Nossos antepassados passaram sua história adiante, Jericó, gêmeo do nosso mestre.

–Eu sou mais do que isso agora –Uma luz brilhou na testa de Jericó em formato de lua crescente –Sou o deus supremo da Terra 13, ouso dizer que provavelmente sou o deus mais poderoso do multiverso agora.

–Está equivocado. Mas admito que nunca na história vimos um deus supremo decidir acabar com todos os outros deuses de seu mundo –Comentou Glandis.

–Resolvi fazer algo completamente diferente do que se espera de um deus supremo –Jericó disse com orgulho das decisões que tomara e do quanto ainda pretendia mudar seu mundo.

–Qual é a sua intenção vindo até aqui? –Glandis perguntou.

–Quero ver o meu irmão.

–Por favor, se dirigir ao nosso mestre com mais respeito.

–Me poupem –Jericó caminhou em direção ao trono, mas teve seu caminho barrado pelos onze seres. Aquele que carregava o ovo nem conseguia disfarçar a tremedeira.

–Pintildo, não demonstre medo! –Glandis o recriminou.

–Mas estou me cagando de medo –Admitiu o arauto.

Jericó sorriu e atacou movendo suas asas, os onze arautos se abaixaram desviando do vendaval que rasgou o ar criando uma abertura por onde dava para ver uma região longínqua do espaço.

–Você ousa rasgar o tecido espacial? Está tentando obrigar o mestre a aparecer?!

–É exatamente isso –Jericó respondeu com deboche e então gritou –Solaris, apareça! Ou está com medo de olhar na minha cara?

–Você acha que nosso mestre vai cair na sua provocação? –Questionou Glandis.

No segundo seguinte uma bola de fogo atravessou o rasgo no espaço. A entidade se apresentou como uma silhueta humana, mas sua pele era como um universo vivo repleto de estrelas e nebulosas se movendo.

–Olá, irmão –Solaris cumprimentou Jericó.

A lua se calou diante do sol, passara tanto tempo sonhando com aquele reencontro que ao finalmente alcança-lo, ficou boquiaberto. Jericó sacudiu a cabeça, inflou o peito e caminhou até seu irmão, dessa vez os arautos abriram caminho.

–Que aparência é essa? Ainda se acha tão superior assim que nem pode usar seu próprio rosto?

–Essa é minha aparência real. Minha forma humana foi apenas uma pequena fase da minha evolução. Mas se isso é tão importante pra você –Solaris diminuiu de tamanho assumindo a forma humana que tinha da última vez que estivera com seu gêmeo.

Reino Unido do AcreOnde histórias criam vida. Descubra agora