Capítulo 25: O Sobrenome

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A noite estava quase caindo e o Bar da Gaiola já estava aberto, mas seu dono estava dentro de casa esperando sua filha descer as escadas para tirar fotos antes dela ir para o baile. O que Carlão não podia imaginar era que um revira-volta em sua vida estava prestes a acontecer.

–Ainda vai demorar muito querida? –Ele gritou do primeiro degrau da escada.

–Pai, não se apressa uma rainha! Vou demorar um monte!

Carlos suspirou, mas sorriu feliz por ter uma filha. Mesmo solteiro ele se considerava um homem realizado, pois encontrou na Carmem a oportunidade de alcançar seu maior sonho: ter uma família. Ele só soube da existência da garota 18 anos após seu nascimento, mas quando se encontraram seus corações se uniram. Claro que isso é um resumo bonitinho, pois na real foi um caos total com direito a seita maluca, ritual sangrento, muito sexo com uma pitada de magia.

A campainha tocou, Carlos achou que era a Rebeca vindo buscar a Carmem de limusine, mas ao abrir a porta se deparou com dois homens. O mais velho era quase da mesma idade de Carlos, tinha pele negra brilhante e um colar com pingente de uma pena, o mais novo devia ter pouco mais que vinte anos, era branco e usava um colar com pingente de salamandra.

–Olá, você é o senhor Carlos? –Perguntou o mais velho.

–Sim, pois não?

–Eu sou Fermando Kamau e este é o Jonny Kamau. Podemos conversar?

–Kamau?

Carlos entendeu quem eram aquelas pessoas e aquilo trouxe de volta as lembranças do seu antigo amor, o insano e psicopata Alex, o líder da extinta Ordem do Escorpião. Alex foi um cara manipulador que sonhava em tornar o mundo inteiro um único casal e para isso realizou um ritual sangrento. Por via das dúvidas ele quis incluir sangue mágico, e revelou para o Carlos, que era adotado, que ele na verdade era descendente de um clã mágico chamando Kamau.

–Vocês dois... são meus parentes? –Carlos perguntou estranhando aquelas palavras em sua boca.

–Oh, vejo que já sabe sobre a gente. Isso deixa tudo mais fácil –Disse Fernando –Podemos entrar e conversar?

–Oh, sim, claro. Me desculpem, entrem –Antes que pudessem entrar outro homem gritou na porta.

–E aí, Carlão do pirocão! Não vai pro bar hoje?

–Carlão do pirocão? –Johnny repetiu baixinho.

–Estou com visita hoje, mas meus funcionários estão lá, beba a vontade –Carlos respondeu de forma educada e fechou a porta –Desculpem por isso. Venham comigo até a sala.

Eles foram pra sala ao lado, Carlos ofereceu café que Fernando aceitou, Johnny preferiu um refrigerante.

–O que sabe sobre a gente? –Fernando perguntou.

–Não muito, só que todos são batizados com nomes começando com F e que são... supostamente mágicos.

–Quase todos começam com F –Corrigiu Johnny –Alguns como eu e você que crescemos afastados ganhamos outros nomes.

–Você é como eu?

–Sim, cresci pulando de orfanato e reformatório até parei na cadeia. Minha vida parecia perdida até o Fernando me encontrar.

–Esse é o trabalho ao qual me dedico –Explicou Fernando –Sou encarregado de viajar pelo mundo a procura de filhos perdidos do nosso clã. Consegui há pouco tempo documentos do orfanato em que o senhor morava e segui as pistas até aqui.

Carlos arregalou os olhos com aquele relato. Ele tinha ido para o Acre fugindo de uma situação complicada onde tinha sido incriminado por assassinato.

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