Capítulo 32: A Fonte Celestial

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O plano de Helena de usar a Fonte Celestial para deixar de ser uma Mãe-de-ouro parecia estar perdido após a fonte ser destruída. Entretanto a princesa Vanya afirmou que ainda havia uma chance de quebrar a maldição.

Vanya, Helena e Fu saíram da sala do trono voltando para o jardim que estava todo destruído pela batalha dos espadachins, a fonte estava em pedaços devido uma estátua de ouro que caiu sobre ela, o local estava encharcado. Helena avistou uma poça que se formou numa cratera e arregalou os olhos.

-Ali! Eu vou conseguir! -A líder de turma se jogou de vez no buraco e depois se levantou toda molhada -Estou livre! Estou curada!

-Duvido muito -Comentou Vanya -Mais fácil você pegar uma leptospirose. A magia da Fonte Celestial não está na água... Não exatamente pelo menos.

Vanya foi até a fonte e se abaixou procurando alguma coisa. Em meio aos escombros encontrou um cristal quebrado, mas um pedaço côncavo ainda guardava uma pequena quantidade de água dentro dela. Aquele líquido era diferente, parecia brilhar.

-O segredo mágico da Fonte Celestial era um cristal oco que ficava em seu interior. Dentro dele havia água do Primeiro Oceano. Dizem que podia curar qualquer ferida ou doença. E o que é uma maldição se não uma enfermidade? -Explicou Vanya.

-Então você não é só forte e bonita, é inteligente também -Comentou Fu.

-Você está mesmo dando em cima de mim depois de quase me matar em batalha? E ainda tem o fato de que eu acabei de pega-lo com a louca do ouro transando na sala do trono.

-Não estou dando em cima de você! -Fu se explicou ficando vermelho.

-Gente! Foco em mim! -Gritou Helena.

-Ok. Isso é tudo que restou da Fonte Celestial, acredito ser o bastante para quebrar uma maldição.

-Fiquem longe da minha filha, invasores!

O trio foi surpreendido pela aparição do rei Vlad voando e controlando raios no céu.

-Vou reduzi-los a cinzas!

-Pai, espera! -Gritaram ao mesmo tempo Vanya e Vitória.

Vitória vinha correndo atrás do pai sendo seguida por Pika, Bae, Alana e Vitor.

-Ai, merda. Eles ainda estão aqui mesmo -Cochichou Bae que estava torcendo para Helena e Fu já terem saído do castelo.

-Eles são meus convidados! -Vanya tomou a frente ficando entre seu pai e os invasores.

-Convidados que causaram toda essas destruição. E... Destruíram a Fonte Celestial! Você tem noção de como isso era valioso?!

A destruição foi só uma brincadeirinha entre amigos -Ela deu uma desculpa esfarrapada -E a fonte... Acidentes acontecem o tempo todo.

-E esse machucado horrível no seu braço? -Vitor perguntou apontado para o corte cauterizado no ombro da irmã -Eu cuido disso. Vou transferir esse ferimento pra um dos invasores.

-Fique longe de mim, Vitor! Não ouse tocar nessa minha ferida! Ela vai ser uma cicatriz que me dará orgulho e me fará lembrar pra sempre da minha batalha!

-Você é louca de querer colecionar cicatrizes -Retrucou o irmão dando de ombros -Problema é seu.

Todos se aproximaram e o rei olhou para o pedaço de cristal na mão de Vanya.

-Isso é tudo que sobrou da Fonte Celestial? Dê-me, pode servir para ser usada uma última vez.

-Não. Isso pertence a ela -Vanya entregou o pedaço de cristal a Helena que o segurou como se sua vida dependesse daquilo.

-Vanya... -O pai falou em tom de sermão.

-Vai, bebe logo isso, antes que dê merda! -Vanya gritou pra líder de turma.

Quando Helena estava prestes a beber levou um susto que quase a fez derrubar o pedaço de cristal, foi um grito de Pika.

-É ELE!

Pika tremeu dos pés a cabeça olhando para os restos da Fonte Celestial. Helena e Fu não entenderam a reação dele. Pika se ajoelhou ao lado da estátua de ouro que caíra sobre a fonte a destruindo.

-Este é o Shin...

Vitória, Bae e Alana soltaram uma grande exclamação de surpresa. Nenhum deles imaginou que Shin ainda pudesse estar no castelo depois de mais de dez mil anos.

Os outros não estavam entendendo nada, pois não sabiam da trágica história de amor do Pika.

-Desculpe-me ter me esquecido de você, Shin -Pika disse com a voz de choro -Obrigado por ter me defendido da fúria do meu pai. E... E... Eu sempre vou te amar e dessa vez nunca mais vou te esquecer.

-O que foi que eu perdi? -Fu perguntou confuso. Ele se abaixou ao lado do Pika e o abraçou -Você está bem, amigo?

-Fu, recuperei minhas memórias. Sou um membro da família real. Eu vivi nesse castelo há dez mil anos.

O rei arregalou os olhos e se virou para sua esposa. Era sobre aquilo que Alana queria dizer com "Pika é um de nós". A rainha se aproximou e cochichou com o marido.

-Ele é o maior trunfo que temos até agora para nossa busca.

-Meu pai foi o primeiro rei desse reino -Continuou Pika -Ele tinha o poder de transformar as coisas em ouro, mas não podia as trazer de volta ao normal. Ele descobriu que eu namorava com o Shin e para nós castigar o transformou nessa estátua de ouro. E... Acho melhor mostrar pra vocês.

Pika usou seus poderes psiônicos compartilhando suas memórias com todos. O rei entendeu como aquele poder era interessante. Todos viram a história de amor de Pika e Shin, seus encontros escondidos, seus beijos, sua emoção e seu final trágico com Shin se tornando uma estatua de ouro e Pika apagando as próprias memórias e achando ter sido criado pelo mago Clow.

-Pika, eu sinto muito -Fu disse chorando e abraçando seu amigo.

-Obrigado. Dói muito, mas... Dessa vez vou honrar o amor do Shin lembrando da nossa história.

-Querido, você é bem vindo a ficar conosco -A rainha ofereceu -Afinal somos sua família. Nós podemos até dar um enterro adequado para o Shin.

-Esperem! -Helena gritou. Os ombros dela tremiam enquanto andava até o pika é estendeu suas mãos -Não sei se vai funcionar, mas tome, use o que resta da Fonte Celestial e tente trazer o Shin de volta.

-Helena? -Vitória ficou surpresa em ver a líder de turma abdicar do seu objetivo.

-Você tem certeza? -Bae perguntou -Vai entregar sua cura certa pela possibilidade de quebrar a maldição de outra pessoa?

-Foda-se! Posso conviver sendo uma Mãe-de-ouro, mas não posso viver sabendo que podia ajudar alguém a ter um ente querido de volta e não ter ajudado.

O grande e real objetivo de Helena era se tornar uma deusa surpresa e reviver seus pais. Ela agora carregava um tipo de ressurreição para Shin, o amor de Pika. Ela teria que tentar!

Pika pegou o pedaço de cristal com as mãos trêmulas e sem perder tempo derramou o líquido sobre a estátua de ouro.

Inicialmente nada aconteceu, mas logo o brilho do ouro começou a aumentar até se tornar tão incandescente que fez todos fecharem os olhos. Alguns segundos depois todos piscavam várias vezes tentando voltar a enxergar.

Antes que Pika pudesse ver qualquer coisa sentiu duas mãos segurarem seu rosto. Aquele toque! A silhueta conhecida foi ganhando nitidez diante do Pika que também levou as mãos para tocar o rosto do outro.

-Shin?

-Pika!

Shin puxou o rosto do rapaz lhe dando um beijo.

Aquele beijo foi o mais mágico de todos os dez mil anos de vida de Pika. Aqueles segundos foram os mais felizes de sua existência. Tudo que ele enfrentou até aquele momento teve um significado ainda mais grandioso por chegar ao fim de uma jornada com um prêmio tão especial como o amor da sua vida.

Fu, Bae, Vitória e Helena choraram e aplaudiram.

Pika e Shin se abraçaram e se pudessem nunca mais largariam.

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