Capítulo VIII

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Capítulo VIII

Uma semana havia se passado. Eu vinha seguindo à risca as sugestões de Henrico. Ele queria o nosso melhor, eu acreditava nisso.

À minha frente, Giuseppe olhava distraidamente ao redor da Scrivano, enquanto eu escrevia. Era mais uma de suas cartas para sua noiva, Telma. Como sempre, ele contava amenidades. O que havia feito durante a semana.

Giuseppe era terno, mas não romântico. Mas eu não o julgava, é claro. Eu não conseguia ver naquele homem uma pessoa que se aproveitaria de alguém. Aquele não era Giuseppe. Ele teria seus motivos para não ser tão afetuoso em suas cartas. Sacudi levemente a cabeça, voltando a atenção para a carta.

Ele costumava escrever cartas mais extensas para sua mãe, irmã e sobrinha. Ele mandava recados e fazia promessas para a menininha. Da última vez, Perla, a irmã, mandara uma fotografia da filha, que Giuseppe mantinha guardada sempre por perto.

-E então, - ele interrompeu meus pensamentos - como estão as coisas em casa?

Ele tinha um leve sorriso. Eu não lhe contara a verdade sobre o que havia acontecido quando eu contei a Henrico sobre minhas regras.

-Está tudo bem, Giuse-

-General Battaglia! S-senhor...

Olhei ao redor, procurando de onde vinha a voz que chamava, quase desesperadamente, por Giuseppe.

O próprio Giuseppe pareceu assustar-se, levantando-se rapidamente e colocando o corpo em minha frente, de braços abertos, como se esperasse algum tipo de perigo.

Mas ele relaxou, suspirando, ao perceber que era um jovem que vinha, esbaforido, em nossa direção, com uma carta.

-Frederick - ele cumprimentou com um aceno de cabeça - O que te traz até aqui? Está tudo bem?

-É o Greco, senhor... - ele estendeu o envelope, apoiando-se nos joelhos para recuperar o fôlego - Está furioso, senhor, por causa dos preparativos da festa.

Giuseppe revirou os olhos.

-Ah, me poupe - ele suspirou, ao ler a carta - Esse homem não tem coisas mais importantes com que se preocupar? - ele parecia irritado.

-O que houve? - me interpus, curiosa, mesmo reconhecendo que não era meu lugar bisbilhotar a conversa entre militares.

-É apenas meu superior - Giuseppe bufou - Ele considera uma festa fútil mais importante do que o povo e os homens dele se sacrificando pelo país.

-S-senhor... - o jovem que lhe entregara a carta pareceu ansioso, preocupado.

-Sim, sim, está certo, me desculpe - Giuseppe pareceu recordar que estava falando mal de seu superior, então suspirou novamente, parecendo cansado - A propósito, Amélia, este é Frederick, meu colega.

O jovem me cumprimentou com um movimento de cabeça.

-Giuseppe está sendo modesto, sou secretário do senhor- perdão, General Battaglia.

-Frederick, eu já lhe disse para não se preocupar com essas formalidades - Giuseppe parecia exasperado.

Eu ri levemente, sem me conter.

-É um prazer, senhor - sorri para Frederick.

Giuseppe sorriu, relaxando.

-Bem, Fred, avise ao Greco que eu farei o possível para resolver o problema da festa - ele suspirou, e o secretário se foi com mais um aceno de cabeça.

-Qual é o problema, Giuseppe? - perguntei, curiosa.

Ele deu de ombros.

-Ah, a moça que cantaria na festa teve que cancelar, então é minha tarefa arranjar alguém para cantar até o próximo sábado - ele disse, exasperado.

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