Capítulo VII

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Capítulo VII

Giuseppe não só me levou para uma caminhada.

Ele me conduziu até uma ruazinha simpática, que eu não conhecia ainda. Claro, eu sabia onde estava, mas nunca tivera a chance de conhecer essa parte da cidade. A rua era sede de alguns dos mais tradicionais restaurantes, de alta qualidade.

Eu e Henrico nunca comíamos fora. Ele achava que não valia a pena gastarmos dinheiro com isso.

-Giuseppe, não - travei na entrada de um dos restaurantes onde Giuseppe tentava me levar - Por favor, eu tenho meu almoço embalado.

-Amélia, você me faria um favor me acompanhando para o almoço - ele sorriu - Além disso, é uma oportunidade de conversarmos. Não vou insistir, é claro. Se não quiser, te levarei até a vinícola.

Eu suspirei. Estava prestes a negar, mas meu estômago me traiu, soltando um ronco. Concordei com a cabeça.

-Ótimo! - ele pareceu entusiasmado, me estendendo o braço para entrarmos - É por minha conta.

-Não! - interrompi minha tarefa de alisar minhas roupas para que parecessem menos amassadas e o olhei - Por favor, Giuseppe, não é justo.

-Amélia, fui eu quem a convidei, está tudo bem.

******

Deixei que Giuseppe escolhesse os pratos, apenas pedi uma água com gelo e limão, me recusando a aceitar o vinho que ele me oferecia.

-Está bem... - ele suspirou - Por que parece tão preocupada, Amélia?

-Ah... eu ainda não contei a Henrico - admiti, me sentindo culpada em seguida - Tenho medo que ele fique muito... - senti um ímpeto de dizer "bravo", mas me corrigi de último minuto - chateado.

Ele assentiu com a cabeça.

-Ele vai entender, Amélia - ele pareceu ter certeza - Não é sua culpa.

-Estamos tentando desde que nos casamos... - murmurei.

-Às vezes não é o momento certo. Minha irmã... - ele começou. Hesitou por alguns segundos, então pigarreou e continuou - Perla. Engravidou aos trinta anos.

Não consegui evitar erguer uma sobrancelha.

-Ela não era casada - ele continuou - E o pai do bebê saiu correndo assim que soube - ele trincou o maxilar, parecendo tentar controlar a tensão - Ela pensou que estava perdida. As famílias nunca dão apoio nessas situações, não é? Mas minha mãe sempre foi uma mulher incrível, Amélia. Ela sempre nos apoiou, independentemente do que o resto do mundo pensasse. Hoje em dia temos minha sobrinha, Grazi. Não sei o que seria de nós sem ela.

Giuseppe e eu continuamos a conversar durante todo o almoço. Estávamos tão entretidos em contar e trocar histórias que mal reparamos, de início, que os pratos tinham sido colocados em nossa frente. Eu lhe contei um pouco sobre minha vida, sobre como eu e Henrico nos conhecemos e nos casamos. Ele pareceu não ter dado tanta atenção a essa parte, preferindo ouvir sobre minha amizade com Antônio, entre outras histórias.

Depois de comermos, ele me deu uma carona até a vinícola, por mais que eu insistisse que não era necessário.

Eu me sentia leve. Me sentia aliviada em saber que Giuseppe não me julgava.

Agora, só faltava estar pronta para falar com Henrico. Era ele quem importava.

******

Mais uma vez, empurrei meu almoço intocado para Antônio. Ele sempre relutava em aceitar, mas acabava concordando.

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