Capítulo XXVI

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Capítulo XXVI

Odeio admitir, mas o almoço na casa de Giuseppe me deixa abalada de uma forma difícil de explicar.

Foi muito fácil me apaixonar por Giuseppe. Mas agora que não vamos ficar juntos, deveria ser igualmente fácil deixar de gostar dele. Mas não é. E é isso que me deixa tão irritada. Me apaixonar tão fácil e intensamente por alguém, em um tempo tão curto, e então não conseguir deixar de amá-lo. Faz com que eu me sinta tão, tão tola.

Eu deveria estar feliz. Ainda estou casada, Henrico disse que quer melhorar, ambos temos empregos, e eu estou grávida, finalmente vou ter a família que passei tanto tempo desejando. Claro, o dinheiro é algo preocupante, mas acredito que vamos dar um jeito, mas eu deveria estar feliz. Mas na verdade estou frustrada. E desconto isso na fachada da casa de Bianca Mello.

Depois de ter limpado todo o interior da casa, e passar alguns dias mais tranquila, mantendo a limpeza e cuidando das crianças, é hora de voltar ao trabalho pesado, ou seja, limpar a casa do lado de fora, que está tão miseravelmente suja quanto era o interior da casa. Tento não pensar nas minhas frustrações enquanto esfrego e limpo, mas, pelo menos, quando penso nelas faz com que eu esfregue as paredes imundas com mais força.

É uma tarde de segunda-feira ensolarada, apesar do outono já ter chegado, e me aproveito disso para poder usar água para limpar, sem tremer de frio.

Eu esfrego os tijolos da parte de baixo, a mais suja, com tanta força que depois preciso parar por um ou dois minutos, para que o mundo pare de rodar, e eu recupere o fôlego. Sexta-feira completo doze semanas de gestação, o que significa que o meu bebê já está um pouco maior, e consequentemente, minha barriga também cresceu. O tempo parece estar passando assustadoramente rápido, e é como se eu não tivesse feito nenhum progresso em recuperar o dinheiro que Henrico gastou

Ainda não comprei uma lâmpada nova para substituir aquela que queimou. O tapete da sala tem duas manchas horríveis que ainda não consegui tirar. Tenho contas atrasadas, e mais outras para chegar. Cortaram a luz, mas consegui pagar a conta no dia seguinte, então já voltou. Mas fico exausta só de pensar.

Não importa o quanto eu trabalhe. A Scrivano não tem melhorado, a casa dos Mello está quase toda limpa, e Bianca tem diminuído o dinheiro, simplesmente porque ela pode. Mas as contas continuam chegando, e a comida continua acabando. Meu bebê continua crescendo, e em algum momento eu vou estar com a gravidez tão avançada que não vou poder trabalhar, e as despesas vão ser por conta de Henrico.

Bem, Henrico também anda cansado.

Termino de enxaguar os tijolos e faço uma pausa para beber água. Entro devagar porque sei que Bianca está dormindo até tarde. Ela odeia ser acordada. Chegou durante a madrugada, mesmo de longe, ouvi ela e Paolo discutindo algo.

Fico descalça, porque com o calor, deixar meus pés dentro do sapato está insuportável. Além disso, mesmo com toda a movimentação do meu corpo, e que eu esteja apenas no primeiro trimestre, já sinto meus pés mais inchados, então prefiro ficar descalça e sentir a grama nos pés. A madeira gelada é bem agradável de pisar, e caminho em silêncio para pegar água. Molho o rosto e o pescoço para me refrescar, e bebo a água devagar, aproveitando a folga do calor, e relaxando meus braços cansados.

Aproveito para me abanar com as mãos, tentando aliviar a coceira que se estende por toda a minha pele. Todo o meu corpo está empipocado e avermelhado, principalmente nos braços, barriga e coxas. Descobri que é alergia do sabão de lavar roupas que comecei a comprar. É o mais barato e, no momento, o único que posso comprar. Minha barriga é a parte que a alergia está mais forte e, por isso, coça a todo instante. Estou começando a ter marcas por causa disso. Por mais que eu tente evitar, chega um momento que é tão insuportável que não consigo aguentar.

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