Capítulo XLIV
-Obrigada, Romeu. Por favor, dê um beijo na mamãe e na Gabi por mim, está bem? - peço ao meu irmão, antes de me preparar para encerrar a ligação. - Sim, pode deixar. Sim, prometo que vou telefonar mais, e escrever. Mandando beijos para todos vocês. Até nos falarmos novamente, adeus.
Encerro a chamada, por fim. Me espreguiço no sofá, observando enquanto Giuseppe termina de conversar com Hilma, e vem até mim.
-Então, como foi? - ele pergunta, se sentando ao meu lado, dando um beijo no meu rosto e apoiando a mão em minha perna.
-Romeu mandou seus cumprimentos para você. Acho que ele já está com saudades - brinco, o que faz Giuseppe sorrir. - E você? O que Hilma contou?
Ele também se espreguiça, se aconchegando ao meu lado. Vejo o quanto ele está cansado. Não é à toa, já que desde que chegamos ele não teve tempo nem para esticar as costas. Ele bufa levemente.
-Nada demais, apenas algumas exigências de Francílio. Algumas estratégias a serem montadas, muita papelada e tarefas entediantes como castigo pela minha ausência - ele sorri, sarcástico, mas seu olhar suaviza logo em seguida. - Antônio, Nicole e Saul estão vindo para cá nos ver.
Eu sorrio, alegre com a perspectiva de revê-los. Além disso, estou ansiosa pelas notícias sobre o estado de saúde de Marco que Antônio e Nicole podem trazer. Já faz um bom tempo desde a última vez que vi Saul, quando ele veio durante meu período de recuperação, avaliar os impactos que o aborto teve em meu corpo.
Tento convencer Giuseppe a tirar um cochilo, enquanto os aguardamos. Ele tenta dizer que deveria começar a adiantar seus afazeres, mas acaba cedendo quando eu o puxo para descansar a cabeça no meu colo. Aquecidos pela lareira, acaricio seu rosto e seus cabelos pretos curtos. Ele pisca os olhos verdes, como se tentasse resistir ao sono, mas, novamente, acaba cedendo. Giuseppe cochila em paz, e fico feliz em velar seu sono. Hilma vem perguntar se precisamos de algo, mas se cala assim que vê que seu patrão está dormindo. Peço baixinho que ela feche as cortinas e apague as luzes. A agradeço com um sorriso, e tenho quase certeza de vê-la tentando conter sua alegria. Sinto que Hilma torcia para que ficássemos juntos há muito tempo, e agora está quase realizada. Algum tempo depois, sinto os aromas de uma refeição sendo preparada, e fico feliz por saber que teremos um almoço gostoso e caprichado para quando Giuseppe despertar e nossos amigos chegarem.
Dou um beijo carinhoso na testa dele, e me acomodo mais confortavelmente para lhe garantir um descanso, pois sei que ele precisa recarregar, antes de voltar a carregar o peso de suas responsabilidades. No fim, o crepitar da lareira, somado ao calor da lareira e da companhia de Giuseppe, me atraem para um cochilo também, e só acordo quando Hilma retorna cuidadosamente para avisar que nossos convidados chegaram. Eu a agradeço, ainda aos sussurros, e acordo Giuseppe cuidadosamente. Me inclino para mais perto, e pressiono os lábios contra sua testa, e o chamo baixinho. Seus olhos tremulam por um momento, resistentes, mas persisto. Dessa vez, ele responde à minha voz. Lentamente, suas pálpebras se abrem, e ele sorri, sonolento. Passo os dedos devagar pelos seus cabelos, e sorrio carinhosamente.
-Desculpe te acordar, meu amor, mas eles chegaram.
Ele assente, e, relutante, se espreguiça, se pondo de pé com um suspiro. Sua mão encontra a minha, entrelaçando nossos dedos, enquanto vamos cumprimentar nossos amigos. Eles ainda estão tirando os casacos na entrada da casa, e Nicole, claro, é a primeira a nos ver, e se joga na minha direção para um abraço. Seu abraço é bastante apertado, mas reconfortante, e retribuo, agradecida por sua presença. Ela em seguida abraça Giuseppe com o mesmo entusiasmo, fazendo-o soltar um arquejo sufocado. Antônio ri, e, também vem me cumprimentar com um abraço, porém mais delicado que sua namorada ruiva. Saul aguarda timidamente sua vez de nos cumprimentar. Ele sorri desajeitadamente, e estende a mão para um cumprimento, mas eu o abraço. Ele fica surpreso, mas retribui, parecendo agradecido pelo carinho.
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Bella Ciao
Roman d'amourAmélia tem uma paixão por cartas de amor, mesmo sem nunca ter recebido uma. Ela está acostumada ao trabalho e a vida pacata na pequena e tranquila villa italiana, que nem mesmo a guerra conseguiu agitar. Apesar da vida simples, ela é feliz no trabal...