Capítulo XLII

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Capítulo XLII

No meio da escuridão da noite, meus olhos se abrem. Pisco devagar, tentando perceber o que me rodeia. Gabrielle e minha mãe ainda dormem, cada uma de um lado. Penso em virar para o lado e voltar a dormir, mas sinto um incômodo que me indica que preciso levantar e beber água. Me esgueiro para fora das cobertas, deixando o calor da cama, e saio do quarto com cuidado, temendo perturbar o sono de alguém. Somente com a luz da lua como guia, vou para a cozinha, que, para minha surpresa, está iluminada.

Me aproximo, e deixo escapar um suspiro suave ao perceber que não estou sozinha. Giuseppe tem um copo em mãos, e dá um sorriso quando nossos olhares se encontram, mesmo que ainda sonolentos.

-O que te acordou tão tarde? - ele pergunta, afagando minhas costas quando me aproximo.

-O mesmo que você - digo, e me estico para pegar um copo de água para mim, mas Giuseppe me oferece o dele.

Ele sorri. Gosto da forma como ele vem sorrindo nos últimos dias, parece tão leve, tão tranquilo. Sua postura também parece mais relaxada.

-Que bom que esbarrei em você agora - ele sussurra, me dando um beijo na testa. - Não tive a oportunidade de te entregar algo...

Eu me afasto levemente de seus braços, para olhar em seus olhos, mas ele sorri.

-Giuseppe... - murmuro. Ele se afasta e vai até nossa árvore, e pega um embrulho elegante, e outro feito de jornal. - O que... Espere aí!

Ele solta uma risada baixa quando me agito e vou, nas pontas dos pés, até o quarto onde deixei o presente de Giuseppe. Volto com um sorriso travesso.

-Agora sim - rio, segurando meu embrulho contra o peito.

Giuseppe me lança um olhar repleto de carinho.

-Oh, Amélia, você não precisava me dar nada...

-Nem você - interrompo, e ele sorri. Giuseppe me dá um beijo, e estica o embrulho elegante, e fazemos a troca.

Abro o presente com cuidado, e do embrulho tiro uma caixinha comprida de veludo, que dentro guarda uma delicada pulseira de prata, com uma pedra num tom claro de lilás.

-É linda... - eu sussurro, e olho para ele com gratidão.

Giuseppe sorri para mim, mas está terminando de abrir seu presente. Meu coração acelera no peito, em expectativa. Não é nada de mais, mas espero que ele goste. Vejo um sorriso se expandir em seu rosto, enquanto ele tira de dentro da embalagem a carteira de couro, e dá uma risadinha genuína enquanto passa o dedo pelo relevo, suas iniciais "G. B" bordadas no couro. Ele abre a carteira, vendo como é o interior, e posso ver seus olhos se fecharem conforme seu sorriso se alarga. Ele volta a me olhar, e eu sinto como se pudesse derreter sob seus olhos verdes.

-Eu adorei, Amélia - diz, e se estica na minha direção, e me dá um beijo. - Hum, uma carta...

Ele pega o envelope, e parece reconhecer minha caligrafia, pois me olha curioso. Mordo o lábio, ansiosa.

-É só... São só alguns pensamentos, algumas... coisas - meu rosto esquenta. - Eu não estava pensando muito, só... escrevi. É bobo, na verdade. - Giuseppe ergue uma sobrancelha para mim, parecendo entender o que se passa em minha mente. Solto um suspiro, me rendendo. - Leia quando eu não estiver por perto, está bem?

-O que? Não é justo... - ele diz, me fazendo rir, então coloca seus presentes na mesa e me abraça. - Tenho certeza de que está ótima, meu amor.

Permito-me aconchegar em seus braços, ouvindo seu coração bater.

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