Capítulo XXXIX

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Capítulo XXXIX

Giuseppe segura minha mão enquanto tomamos café da manhã. Ele sorri para mim e tenta não dar risada sempre que Hilma o agradece pelo dia de folga. Meu rosto cora e tento escondê-lo atrás da minha caneca de chá. Eu dormi abraçada a ele essa noite, já que estávamos sozinhos na casa. Fico triste ao pensar que essa noite terei que voltar a dormir sozinha.

-Amélia? - ouço Giuseppe me chamando, e dando uma leve apertadinha na minha mão, tentando chamar minha atenção. Pisco, olhando-o. - Está tudo bem?

-Sim - respondo, abrindo-lhe um sorriso. - Desculpe, você estava me chamando?

-Eu só gostaria de saber se você quer encontrar Nicole, Antônio, e as crianças, antes da viagem deles.

Eu pisco novamente, pensando que talvez eu não tenha ouvido bem.

-Desculpe, viagem?

-Sim, eles vão para a Capital, para ficar com Corinna e Marco, por isso estão levando Giulia e Nero.

-Oh, está bem. Sim, se pudermos, eu gostaria de vê-los - Giuseppe concorda, dizendo que iremos mais tarde. - Não imaginava que Nicole fosse pedir férias tão cedo.

Giuseppe se interrompe no meio de levar a colher de mingau até a boca, e me observa por um ou dois segundos. Fico sem entender sua reação, e aperto os lábios, insegura.

-O que foi? - murmuro.

-Desculpe - ele murmura de volta. - Amélia, faltam dois dias para o Natal.

Meu coração se aperta, e sinto como se meu café da manhã pesasse uma tonelada no meu estômago. Solto um "ah", e Giuseppe percebe minha reação, mas apenas aperta minha mão com carinho e não diz nada, o que agradeço.

Bem, eu deveria ter percebido o tempo passar. Afinal, notei a mudança de estação, vi a geada chegar, mas nem mesmo isso tinha sido suficiente para me despertar, tão imersa em dor eu estava. Bem, agora preciso voltar à vida, colocar tudo em ordem. Correr atrás do tempo perdido, como Giuseppe tinha me dito no dia anterior.

Depois do café da manhã, me visto para visitar Nicole e Antônio. Uso um vestido verde de mangas compridas, e um casaco preto. São minhas roupas mais quentes, e gosto delas por me fazerem lembrar de minha mãe. Tento não pensar que esse será meu quarto Natal longe dela e de meus irmãos.

Giuseppe está me esperando na sala, e sorri, olhando para baixo, quando me vê. E quando chegamos, ele me estendeu seu braço, que aceito alegremente, e me encolho junto a ele, tentando me proteger do frio. Chegamos à soleira da casa de Nicole encolhidos, enquanto esperamos ela abrir.

A ruiva aparece sorrindo, e é um alívio quando entramos, pois a casa está bem aquecida.

-Como você está? - ela me cumprimenta com um sorriso gentil, e me abraça.

Ela está linda, vestida com um casaco de lã e calças de alfaiataria, e o cabelo curto e bagunçado, formando pequenas ondas. Devolvo o sorriso e digo que estou bem, melhorando. Ela me segura por um momento e me observa. Tenho a impressão de ver seus olhos lacrimejarem por um momento, mas ela me solta e me chama para ir até a sala, antes que eu possa ter certeza.

-Tônio - digo, apressando o passo para abraçá-lo.

Ele me segura, e solto um suspiro aliviado. Não tinha me dado conta de como me fazia falta conversar com ele. Bem, ele é o meu melhor amigo, claro. Mas eu nem percebi o tempo passando, como poderia ter sentido qualquer outra coisa.

-Amélia - ele diz, parecendo aliviado em me ver. - Como você está?

-Eu estou bem - digo, e por um momento ele me encara. - Eu juro, estou ficando melhor. Eu vou ficar bem.

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