Capítulo XXXVI

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Capítulo XXXVI

Ele não ficou olhando para ter certeza de que alguém tinha lhe obedecido, mas teve a impressão de ver uma mulher correndo para a casa da frente. Sua preocupação agora era Amélia, que não tinha mais se mexido. Ele viu que ela tinha um corte na barriga. Não parecia muito fundo, mas sangrava com abundância. Ele fez pressão com a mão, e com a outra tentou sentir seu pulso.

A mesma mulher de antes entrou correndo, se juntando a Giuseppe. Ele a reconheceu. Era uma vizinha de Amélia, que estava com ela no dia em que ele, Nicole e Antônio apareceram. Ela parecia em pânico, mas o olhou em busca de ordens.

-O que eu devo fazer?

Giuseppe tentava ordenar os pensamentos.

-Um pedaço de pano, uma toalha, qualquer coisa - pediu, surpreso que sua voz tivesse saído.

A mulher se levantou com as pernas trêmulas, mas voltou com um pano grosso, que Giuseppe pegou e voltou a apertar contra a ferida de Amélia. O queixo da mulher tremeu ao ver o corte.

-Tem um canivete caído ali.

Ela apontou, com os dedos tremendo. Giuseppe olhou para trás, para onde ela apontava.

-Não deixe ninguém mexer, e mostre à polícia quando chegarem. Seu nome?

-Donnatella.

Ele continuou fazendo pressão, e teve a impressão de que o sangramento diminuiu, mas ainda tinha sangue demais, e ele sabia que não estava saindo do corte. Ele e a mulher se entreolharam, mas não disseram nada.

-A ambulância está vindo - ela garantiu, sem saber o que dizer. Giuseppe concordou com a cabeça. - Os policiais vão querer falar com você.

Giuseppe ergueu o olhar para ela. Eles ouviram as sirenes da ambulância se aproximarem.

-Eles vão ter que esperar - ele começou a erguer Amélia nos braços, com cuidado, sem se importar com o sangue que imediatamente começou a sujar suas roupas. - Donnatella, eu quero esse homem preso - ele pescou no bolso sua medalha com o título militar. - Dê minhas ordens a eles.

Ela assentiu, pegando a medalha, e deixou que Giuseppe carregasse Amélia para fora, sob os olhos dos vizinhos, que nada faziam além de olhar, curiosos, e criar as próprias teorias e opiniões.

******

Ele andava de um lado para o outro, nervoso. Tinha tentado convencê-los a esperar Saul. Onde ele estava, afinal?

Ele conhecia Amélia, tinha acompanhado seu adoecimento e depois sua gravidez. Ele tinha certeza de que Saul poderia fazer um milagre, se apenas o esperassem mais um pouco.

-Senhor, não tem como esperar! - um enfermeiro lhe disse, já irritado, quando já a tinham levado embora de seus braços.

Ele ficou em pé, sozinho, no corredor, sem perceber suas mãos e roupas cheias de sangue que não era seu.

Saul não demorou muito para chegar, afinal. Ele entrou derrapando no piso liso, já colocando as vestes, acompanhado por uma enfermeira que o guiava. Ele mal olhou para Giuseppe, só para lhe dar um rápido aceno, antes de também sumir pelo corredor.

Ele continuou de pé, em frente as portas, esperando. Sentia sua respiração e seus batimentos alterados, mas não conseguia se acalmar. Nicole e Antônio chegaram depois de algum tempo. Tinham sido avisados pelo motorista de Giuseppe. Frederick não apareceu. Tinha ido direto à delegacia, representando Giuseppe.

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