Capítulo LI

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Capítulo LI

Me sento na poltrona, encarando a porta do escritório de Giuseppe, aguardando ansiosa enquanto os dois conversam lá dentro. Frederick me vê cutucando meus próprios dedos e unhas e apertando-as contra a palma da mão, então ele vem até mim, e dá um sorriso solidário, enquanto se apoia no braço do sofá.

-Você se saiu incrivelmente bem lá atrás, Amélia - ele diz, suavemente, e sua voz é uma presença tranquilizadora na atmosfera tensa. - Encarar Henrico mesmo depois de tudo o que ele te fez, e ainda enfrentá-lo, depois sugerir um acordo? Isso exige um tipo especial de coragem.

Forço um sorriso fraco, e evito o olhar dele.

-Não foi bem assim, eu estava apavorada. Estou.

Frederick ri calorosamente, e toca meu ombro com camaradagem.

-Fazer algo mesmo quando te assusta é a coisa mais corajosa que alguém pode fazer. Você defendeu o que acredita. A Resistência, a segurança de Saul, Nicole e Antônio, e defendeu a si mesma. Isso é admirável, Amélia.

Solto um suspiro que estava entalado, e a tensão em meus ombros diminui um pouco.

-Eu só quero mantê-los seguros. Faria qualquer coisa por eles - Frederick sorri, como quem diz "é isso aí", e desvio o olhar para a porta, percebendo que a cada segundo que Giuseppe e Henrico passam lá dentro, minha preocupação aumenta. - Espero que o acordo funcione. Não posso suportar a ideia de perder tudo o que construímos, ou de colocar nossos amigos em perigo.

O olhar de Frederick também está na porta, e ele suspira.

-Giuseppe é um estrategista inteligente. Ele vai encontrar uma solução que proteja a Resistência, os nossos amigos, e o que mais importa para ele - seus olhos cor de mel me encaram de forma significativa. - E foi você, Amélia, quem deu a chance para que ele fizesse isso.

Ficamos juntos esperando, por alguns momentos, até que Frederick suspira e me avisa que vai entrar para se certificar de que o General não precisa de nada. Assinto devagar, sem mover os olhos, e não sei se ele viu minha resposta ou não, mas ele se vai de qualquer forma, me deixando sozinha no silêncio desconfortável.

À medida que os minutos passam, não tenho escolha senão deixar que minha mente repasse os acontecimentos, para ter certeza de que não me esqueci de nada.

Quando propus o acordo, nenhum dos dois quis aceitar. Cada um viu como uma perda, mas por razões diferentes. Giuseppe temia pela minha segurança, não querendo me expor ao dano potencial que Henrico poderia causar. Por outro lado, Henrico rejeitou o acordo porque sabia que minhas condições significavam abrir mão do controle e posse total que ele deseja sobre mim.

Os termos do meu acordo eram claros. Eu passaria três dias por semana na casa que antes eu dividia com Henrico. Iria do trabalho para lá, e dormiria na casa, mas com condições estritas. Não iríamos dividir a cama, eu dormiria no sofá, ele não poderia me forçar a nada, não poderia fazer nenhum tipo de avanço indesejado. Nada de beijos, muito menos me forçar a... a ter qualquer forma de intimidade.

Essa parte em específico deixou Henrico frustrado. Ele disse que eu era sua esposa, e deveria me deitar com ele sempre que quisesse. O rosto de Giuseppe ficou vermelho, mas ele se limitou a dizer:

-Eu vou deixar claro, Henrico. Nenhuma violência, sob qualquer forma. Se você colocar a mão em Amélia, se ameaçá-la de qualquer forma... - Giuseppe olhou no fundo dos olhos de Henrico, como se para enfatizar seu ponto. - Se você cruzar essa linha, o acordo acaba, danem-se as consequências.

Henrico ficou completamente desgostoso, enquanto ponderava as opções, se dando conta de quantas restrições estão lhe sendo impostas. Finalmente, ele fez uma careta e se pronunciou:

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