Capítulo LII

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Capítulo LII

A manhã se torna tarde, e passa mais rápido do que gostaríamos. O fim do domingo significa que no dia seguinte eu teria que voltar para Henrico, e isso era algo que nenhum de nós realmente queria.

Talvez por isso Giuseppe tenha ficado um pouco tenso depois de nos levantarmos. Sua testa parecia marcada de preocupação, mas quando perguntei a ele sobre isso, ele simplesmente sorriu, mascarando qualquer angústia que estivesse agitando-o por dentro.

O dia anterior tinha sido tenso, e o anterior a ele também. Era justo que eu, então, confiasse em sua capacidade de confiar em mim quando chegasse a hora certa. Por isso, deixei de lado minhas preocupações, mesmo que de forma relutante. Apertei sua mão com carinho, antes de me sentar em uma poltrona de frente para ele, com meu livro em mãos.

-O que você vai ler? - pergunto, ao vê-lo se aconchegar para ler também.

Giuseppe ergue levemente a capa para que eu possa ver, e sorri, parecendo mais relaxado do que ele estava quando descemos.

-Eu peguei um dos seus emprestados, tudo bem?

Mas quando eu vejo qual é o livro, meu rosto queima. É o romance que Nicky me deu no hospital. O livrinho tórrido que eu precisava esconder sempre que saía do quarto, ler somente a noite quando ninguém estivesse olhando. Gaguejo, querendo inventar algo para dissuadi-lo de ler, mas o toque estridente do telefone quebra qualquer pensamento. Vejo Giuseppe hesitar por um momento, a incerteza brilhando em seus olhos, enquanto ele parecia contemplar se deveria ou não atender, como se temesse algo. Mas eu o poupo disso, estendendo a mão e atendendo a ligação.

-Olá?

O fone parece desconfortável em minha mão, enquanto aguardo alguma resposta. Troco um olhar com Giuseppe, franzindo as sobrancelhas, e sinalizo com a cabeça que não consigo resposta. Tento me esforçar para ouvir, apesar da estática crepitando.

-Olá? - repito, cautelosa.

A linha continuava com interferência, e os sons de fundo de uma rua movimentada não eram de grande ajuda. Minha ansiedade aumentava a cada segundo, e via que a preocupação de Giuseppe também, até que eu finalmente reconheci a voz do outro lado da linha.

-Amélia? É o Antônio.

Solto um suspiro de alívio, e até consigo sorrir.

-Antônio! Oh, graças a Deus - Giuseppe me ouve, e também relaxa. - Está um pouco difícil de te ouvir.

Mas não insisto, pois a voz dele parece urgente, mas determinada, cortando através da interferência.

-Não vou poder me demorar muito, não quero chamar atenção - Antônio se explica. - Ainda não encontrei Nicole. Nenhum vestígio dela, nenhum rastro. Acho que sei para onde ela pode ter ido, mas... e se eu estiver indo para o lugar errado?

Meu coração se afunda com a notícia. Giuseppe me olha com expectativa, já que ele não consegue ouvir a conversa, mas minhas reações lhe dão alguma ideia.

-Oh, Tônio... - digo, mas me obrigo a manter a compostura. - Mas só se passaram três dias, é cedo. Mas eu tenho fé em você, tenho certeza de que vai encontrá-la.

Ele suspira, o som estourando no receptor ao meu ouvido.

-Eu sei... Mas, por um lado, isso é bom, não é? Significa que se vierem atrás dela, não terão nenhum rastro para seguir. Mas como vocês estão?

-É - sorrio, ao dizer, e hesito, antes de decidir que a última coisa que Antônio precisa é se preocupar conosco também. - Estamos todos bem. Não se preocupe conosco. Você já está fazendo tudo que pode, tenho certeza que vai conseguir. E não se esqueça de que estaremos esperando por vocês.

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