Acordo com o despertador, me lembrando que preciso levantar para me arrumar.
Quando me arrasto pela cama, ainda de olhos fechados e sento na beira, noto uma coisa. O colchão não está mais tão macio e a cama está mais baixa.
Abro os olhos, notando que não estou no quarto de Dominic e que não preciso me arrumar porque simplesmente não tenho mais um emprego.
Minhas costas batem no colchão e eu fecho os olhos. Velhos hábitos idiotas.
Quando cheguei em meu apartamento ontem, não fiquei surpresa por tudo estar limpo e arrumado. Eu não quis olhar se alguma coisa tinha sido roubada, não tinha nada de valor mesmo. Apenas tirei minhas roupas e me joguei na cama, chorando até os malditos lençóis ficarem molhados.
Agora, ainda de calcinha e sutiã, a vontade de chorar ainda não passou. Eu não consegui dormir, me revirando nos lençóis porque me desacostumei a dormir na minha própria cama. E claro, Lena choramingou a noite toda, arranhando a porta da frente.
Falando nela...
Sento-me de novo quando, sem supresa alguma, ela tenta comer meu pé. E eles nem estão calçados!
— O que você quer? Não acha que não me deixar dormir já não foi o suficiente? — toco seu focinho com meu dedão e ela rosna. — Você está muito raivosa para o meu... Ai!
Puxo meu pé rapidamente quando Lena morde meu dedo. Ela mordeu meu dedo!
— Sua cadela insuportável! Eu vou devolver você!
Lena começa a choramingar, me olhando com uma carinha triste. Meu coração derrete.
— Vem cá, sua bolinha peluda — pego-a no colo. — Eu não vou te devolver, ok? Nunca.
Dou risada quando ela lambe meu rosto.
— Você deve estar com fome, não é? Eu sinto muito. Não tem comida nem pra mim aqui.
Suspiro, lembrando que na geladeira só tem água e mesmo que tivesse comida no armário, eu não sei cozinhar.
De volta a comida enlatada.
Depois de ir ao mercado e também comprar ração para Lena, eu não tenho mais nada para fazer.
Ainda faltam quatro dias para o acordo acabar, então, tecnicamente, eu ainda estou trabalhando na Deveport Company. Dominic podia me obrigar a continuar com ele até esses quatro dias acabar, mas ele nunca faria isso.
Eu estou sem emprego e solteira.
— De volta à estaca zero.
Pego meu celular, mesmo sabendo que é um erro e abro minha galeria. Está cheia de fotos de Dominic e eu. A maioria é com ele escondendo o rosto. Eu não conseguia acreditar ele era tímido para fotos até então.
Franzo as sobrancelhas para um vídeo que eu não sabia que existia. No casamento, pedi Karen tirar umas fotos minhas e de Dominic (eu confesso que me aproveitei do fato de ele estar um pouco bêbado no momento e bastante flexível a ideia).
Quando dou play, o barulho do casamento preenche o apartamento. No vídeo, eu estou arrumando o paletó de Dominic, enquanto sua mão estava em meu rosto. E o jeito que ele me olhava... Sinto um nó na garganta, porque a forma que ele me olhou parecia que eu era a pessoa mais importante para ele.
Seu sorriso era largo, que poucas pessoas viam, mas ali estava ele, sorrindo para mim. Eu queria que ele tivesse sorrido para mim ontem e dito que eu estava me precipitando. Queria que ele não tivesse me deixado ir embora e não feito nada. Dominic me pediu para ficar, sim, mas não me deu nenhum motivo. Qualquer coisa, foi o que eu estava pedindo a ele, qualquer coisa e eu me jogaria em seus braços.
Vejo Lena tentando subir no sofá e lhe dou uma ajudinha. Não demora muito para ela se acomodar em meu colo.
— Por que ele não me deu um motivo para ficar? — pergunto a minha cachorra, não conseguindo sorrir quando ela cutuca minha bochecha molhada pelas lágrimas. — Eu teria ficado. Isso me torna uma idiota apaixonada? Provavelmente, mas eu só queria ele.
Fecho os olhos, querendo parar de chorar. O último homem por quem chorei foi Finn e foi mais por raiva do que saudade e seja lá mais o que eu estou sentindo por Dominic agora. Eu queria dizer que é apenas o meu ego ferido, mas só estaria enganando a mim mesma.
— Foram apenas dois meses, Abby.
Então por que dói tanto? Por que eu não deitei mais na minha cama desde hoje de manhã, sabendo que não seria a mesma coisa sem seus braços ao meu redor? Por que eu penso nele a cada minuto que passa? Por que eu quero deixar meu orgulho de lado e ir atrás dele?
— Porque eu o amo. — sussurro para o apartamento e minha pobre cachorra que também sente falta dele.
Eu não me assusto com a revelação. Eu sabia que amava Dominic no momento em que encarei aqueles olhos azuis no casamento e percebi que ele só estava ali por minha causa. Que mesmo lhe sufocando está no lugar onde ele passou a maior parte da infância, ele foi, apenas porque achou que era algo que eu queria. Talvez ele ainda fosse se soubesse que seu pai está morrendo, mas isso não muda o fato de que ele suportou tudo aquilo por mim.
E tem as outras coisas, como ele ir até mim sempre que eu precisava. Por nunca me deixar sozinha. Ele não sabe o quanto isso significou para mim, mas foi muito. Principalmente o fato de ele me aceitar como eu sou. Eu não mudaria meu jeito se ele não aceitasse, mas ainda assim foi bom estar com alguém que não criticasse minhas roupas, mas me incentivasse a ser Devastadora.
Eu disse a ele que ele é exatamente o que eu queria. Será que ele não percebeu que eu o amo?
Até às coisas mais óbvias precisam ser ditas.
Pensando nisso, decido fazer algo que com certeza irei me arrepender.
Quero abraçar a Abby 😢
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2bjs, môres♥
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𝑵𝒂̃𝒐 𝑺𝒆 𝑨𝒑𝒂𝒊𝒙𝒐𝒏𝒆 𝑷𝒐𝒓 𝑴𝒊𝒎
RomanceEla queria um emprego. Ele queria alguém que resistisse a ele. Abigail "Abby" Peterson é uma mulher baladeira que aproveita a vida como bem entender. Ela está a procura de um emprego e depois de um encontro com alguém do seu passado, um acordo é jog...