Tenho 25 anos, mas não tenho um emprego. Não é atoa que minha mãe me acha inútil. Mas eu tenho tentado. Todos os dias saio cedo do meu apartamento para ir para as ruas movimentadas de Seattle.
Hoje, por exemplo, estou parada em uma banca de jornal, olhando empregos. Acabei de sair de uma empresa cujo o anúncio dizia que o chefe precisava de uma assistente, mas segundo a mulher que me atendeu, era melhor eu não esperar uma ligação já que gente do meu tipo não era o que eles estavam procurando. Então perguntei a ela que tipo de gente era eu e ela teve a coragem de dizer que "pessoas que se vestem como prostituta não se adequam ao nível da empresa". Então perguntei se eles prefeririam loiras oxigenadas. Começamos um discussão e ela chamou os seguranças. Não liguei muito, não queria mesmo trabalhar naquela empresa.
— A senhora vai levar ou não o jornal? — o velho dono da banca me pergunta. Já faz 15 minutos que estou aqui e é totalmente compreensível ele perguntar isso já que ainda não paguei. E para falar a verdade, eu não estava pensando em pagar...
Tiro um dólar do bolso e entrego ao velho, lhe dando as costas logo depois. Gastei 30 dólares para vir a essa empresa entregar o currículo e ser posta para fora por seguranças.
O que mais eu esperaria? Nada da certo na vida de Abigail Peterson.
Suspirando, me direciono para estação de metrô. Não posso me dar o luxo de pagar outro táxi, mesmo se eu tivesse dinheiro para isso.
Eu trabalhava em um escritório de advocacia, como secretária, claro, mas por conta do meu temperamento, arrumei uma briga com meu chefe. O desgraçado achou que tinha o direito de me humilhar porquê eu não falava árabe. Então, no dia seguinte, depois de passar a madrugada estudando a língua, olhei para ele e disse algumas palavras nada gentis em árabe.
Meu telefone toca dentro da bolsa assim que entro no metrô.
— Abby? Abby, onde você está?
— No metrô. — digo a mulher irritada do outro lado da linha, responsável por me colocar no mundo.
— O que está fazendo aí? Meu Deus, Abby! Se esqueceu do aniversário do seu pai?
— Não, mamãe. Mas tive que entregar alguns currículos...
— No dia do aniversário do seu pai?! Venha para casa imediatamente!
— Pensei que a festa fosse a noite! - resmungo.
— E será, mas preciso de você aqui, então nada de aparecer apenas na hora da comida!
— Mas mamãe...
— Abigail Marion Peterson!
— Tá bom. Tá bom!
— Beijos, querida. E não demore!
Desligo o telefone bufando.
Essa, senhoras e senhores, é minha queridíssima mãe que está sempre pegando no meu pé. Não é atoa que me mudei de casa assim que pude. Não fiz faculdade, então não tive a experiência de sair de casa por causa disso. Não, eu saí logo depois de completar 18 anos e arrumar um emprego. Gosto de dizer que sou independente, mesmo que agora eu esteja vivendo com a ajuda do meu irmão.
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𝑵𝒂̃𝒐 𝑺𝒆 𝑨𝒑𝒂𝒊𝒙𝒐𝒏𝒆 𝑷𝒐𝒓 𝑴𝒊𝒎
RomanceEla queria um emprego. Ele queria alguém que resistisse a ele. Abigail "Abby" Peterson é uma mulher baladeira que aproveita a vida como bem entender. Ela está a procura de um emprego e depois de um encontro com alguém do seu passado, um acordo é jog...