Ela queria um emprego.
Ele queria alguém que resistisse a ele.
Abigail "Abby" Peterson é uma mulher baladeira que aproveita a vida como bem entender. Ela está a procura de um emprego e depois de um encontro com alguém do seu passado, um acordo é jog...
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— Abby?
Tiro meus olhos da janela e encaro o homem loiro no quarto.
— Liam.
Eu não o vejo há tanto tempo que é estranho olhar para ele agora. Para falar a verdade, eu não vejo ninguém além de Dominic e a empregada. Eu não tinha percebido isso até agora e mesmo assim, não me sinto incomodada. Eu até posso imaginar a cara de pena das pessoas. E eu não quero sua pena.
— Em carne, osso e beleza — meu cunhado pisca para mim, aproveitando o meu reconhecimento para adentrar o quarto. Ele assente para a bandeja intocada na mesinha. — Sem fome?
Dou de ombros. Eu não sei porque continuam insistindo em em trazer comida. Não me lembro de querer comer e quando faço, é apenas porque Dominic parece que vai abrir minha boca e colocar a comida goela abaixo.
— Sorte sua que eu estou faminto. — Liam pega a bandeja e põe em seu colo ao sentar na poltrona de frente para mim.
Liam fica um bom tempo entretido com o que era pra ser o meu café da manhã e eu fico aliviada, assim não vou precisar aguentar o olhar de pena da empregada. Na verdade, eu posso ate fingir que foi eu que comi.
— Você não quer nem o iogurte? É de ameixa — Liam me oferece, mas eu nego, abraçando meus joelhos. — Tudo bem.
Observo Liam, que parece tentar parecer a vontade, mas eu noto a tensão em seus ombros e a forma como bate o pé no chão.
—O que você faz aqui? — pergunto então. Liam ergue os olhos, parecendo momentâneamente surpreso por eu estar falando com ele.
— Tomando café da manhã? — aponta para o iogurte. Eu apenas lhe encaro. Liam suspira. — Vim ver se estava bem. Eu estou preocupado, você sabe.
— Você encontrou Dominic? — estremeço só de lembrar do seu rosto angustiado.
— Eu não, por quê?
Tenho vontade de rir. Liam mente muito mal.
— Só tive essa impressão. — volto a olhar pela janela, para o sol que insiste em me lembrar que ainda há vida lá fora.
Ficamos em silêncio mais um vez e isso tem se tornado tão comum para mim que não me incomodo. Eu apenas... Fico sentada aqui, esperando a exaustão chegar ao ponto alto e me obrigar a ir dormir outra vez.
Liam pigarreia, chamando minha atenção.
— Sabe, eu andei pesquisando sobre... — pigarreia outra vez. — Grupos de apoio após uma perda gestacional...
— Eu já disse a Dominic que não estou interessada. — falo antes que ele termine, sentindo meus ossos enrijecerem.
— Por quê?
Mas eu não digo a ele o por quê. Eu não quero compartilhar o que estou sentindo, não achou que alguém possa entender. Tenho noção que as mulheres que passaram por essa perda discordariam e não tenho dúvidas que elas entendem o luto, mas sempre há algo que é somente nosso e apenas nós sabemos como dói, mesmo a dor do próximo sendo parecida.
