Capítulo 67

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Dulce Maria

Não sei quanto tempo se passou até que parei definitivamente de chorar nós braços de Christopher. Meus olhos doíam, meu nariz estava entupido, minha garganta ardia e minha cabeça estava para explodir. Mas nada se comprava ao o quê sentia no meu coração. Tinha acabado de revelar algo que Maite e eu tínhamos decidido enterrar para sempre.

Eu odiei muito a mulher que me deu a vida. Muito mesmo. Na minha cabeça de criança era mais fácil odia-lá do quê perdoa-lá. Mas com o tempo, depois que fui para orfanato da tia Sofia, depois que conheci o amor quase maternal, eu a perdoei. De verdade. E sem julgamentos.

Mas ainda sim, pensar na minha mãe só me trazia péssimas lembranças. Eu não conseguia controlar. Ela lembrava todo o horror que passei durante toda a minha infância e começo da adolescência. E descobrir que a mulher que me deu a vida era...

Deus! Isso era...

Inacreditável!

Ouvi um choro da porta e levantei a cabeça me deparando com Elizabeth tão trêmula quanto eu estava antes, ela tinha tinha os olhos fechados enquanto as lágrimas desciam. Ela tentava controlar os soluços. Sem sucesso.

Me encolhi ainda nós braços de Christopher.

Christopher: Precisam conversar. - sussurrou no meu ouvido. - Ela ouviu. - avisou.

Elizabeth me olhava agora. Ainda chorava. Seus olhos verdes transmitiam tanta dor, que eu quis chorar de novo. 

Precisei respirar fundo.

Ia começar à falar, mas ela foi mais rápida e entrou no quarto e se ajoelhou diante de mim. Sem parar de chorar e controlando os soluços, ela tentou me olhar nos olhos.

Elizabeth: Me de..sc..ulp..a. E..u n..ão. - ela arfava - A c..ulpa é m..i..n..ha. E..u nu..ca...eu...não..- seu choro foi ficando mais forte e seu corpo trêmulo.

Me afastei de Christopher lentamente, fiquei de joelhos em frente à ela e fiz uma coisa que já tinha feito antes, sem saber que ela poderia ser minha mãe. Abracei Elizabeth com o máximo de força que consegui encontrar. Ela me agarrou de uma forma esmagadora, com uma força ao ponto de quase nós derrubar ao chão. Em meio ao choro ela pedia perdão, em meio a frases sem quase compreensão pedia perdão, em meio ao seu próprio desespero pedia perdão, perdão, perdão, perdão.

Fechei os olhos e chorei me sentindo pela primeira vez no lugar na qual eu pertencia. No lugar onde sempre pertenci. Nós braços da mulher que tinha me dado a vida. Deixei minha cabeça cair em seu ombro e aspirei seu cheiro, o cheiro que pertencia a minha... mãe.

Elizabeth: E..u te a..m..o. Se..mp..re te am..e..i. Voc..ê é mi..nh..a fi..lha. Me..u am..or - como se ainda fosse possível me apertava ainda mais.

De repente imagens de nós duas juntas surgiu na minha cabeça. A primeira vez que nós virmos, a maneira como sorrimos uma para a outra, a forma como tinha amado ela sem entender o por quê, o modo como seus olhos verdes me hipnotizam, a maneira que ela me abraçou quando estava na sala de espera no hospital quando minha cunhada deu entrada, a maneira que ela me viu depois que fiquei cinco meses fora, a maneira como ela cuidou de mim na gravidez, a maneira que me reconfortou no parto e a maneira que ela me abraçava agora.

Almas Opostas (2°temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora