Capítulo 16

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GIZELLY

Levantei antes mesmo do celular despertar, arrumei meu quarto e segui para a cozinha na intenção de preparar o café da manhã. Hoje faz vinte dias em que cheguei e estou satisfeita pelos meus bens feitos. Na faculdade fiz amizade com algumas pessoas as quais Ivy e Hariany me apresentou, e vez ou outra marcamos trabalhos ou alguns shops. Terminei de pôr a mesa e não demorou para Hari aparecer na sala.

- Ei Gi, Bom dia!-

- Bom dia, Hari. Senta! Tudo prontinho já.-

- Agradeço todos os dias por você ter chego, assim não gasto dinheiro tomando café com leite nessa padaria aqui do lado. É tudo muito caro.- Sua resposta me fez soltar uma risada nasal. - Ivy também não ajuda.- Jogou indireta, sabendo que Ivy vinha do corredor.

- Essas pestes já amanhecem me colocando pra cruz. Quem é que acorda de mau humor, gente?!-

- A Gizelly.- Hariany respondeu me fazendo encara-la em descrença. Ambas começaram a rir.

- Vou lá tomar banho antes que alguma de nós três se atrase. Porque a dona Ivy Lavigne fez o favor de alugar um flat com apenas um banheiro.- Fiz uma falsa reclamação indo em direção ao meu quarto, ouvindo Ivy contestar:

- Ta morando aqui há trinta anos já, e ainda não acostumou.-

Ri anasalado com sua resposta indignada e abri meu guarda-roupas em busca dos meus trages. Peguei uma calça social preta, uma blusa fina de botões da mesma cor e um blazer cinza. Fui em direção ao banheiro e após alguns minutos em meu banho, fechei o chuveiro e comecei a me arrumar.

Depois de pronta, prendi meus cabelos em um coque e coloquei meu óculos de leitura sobre o bolso do meu blazer. Calcei meus saltos, e peguei minha pasta com meus materiais dentro, e voltei para a sala. As meninas, no entanto, não estavam mais na mesa. Sentei com calma e comecei a tomar café.

Uma hora depois, seguimos as três para a empresa. Fomos no carro da Ivy. E quando chegamos, subimos o edifício comercial de vinte andares e seguimos cada uma para o seu andar. Fui a última a deixar o elevador no último andar, o andar da presidência. Eu fazia estágio na sala do atual presidente, o doutor Moraes.

O edifício chama-se Escritório de advocacia Criminal Bicalho de Andrade. O prédio é grande e cada andar uma repartição com secretários, e algumas salas com advogados de renome na Cidade. A maioria deles da época do meu pai. Além de Ivy, Hariany e eu, também tinha alguns outros estagiários. O andar a qual estou, há apenas uma sala grande que denomina ser a sala de reuniões, e a sala da presidência. Passei pela secretária e a cumprimentei com um aceno de cabeça e entrei na sala em que a porta estava aberta.

- Bom dia, doutor Moraes!-

- Bom dia, filha! Preparada para sua primeira audiência?- Meus batimentos aceleraram com sua pergunta. Arregalei os olhos em reação.

- Como?-

- Hoje, uai. Hoje tenho uma audiência e vou levar você comigo. Mas antes sente-se, quero te passar tudo que ocorre em uma audiência de custódia, e te ensinar a diferença entre audiência e juri.-

Passamos a manhã nessa mini reunião. Aprendi que audiência é formada apenas por jurados e pelo juiz. Já o tribunal do Juri, é bem maior. É formado por juiz, juri, testemunhas, e também podem estar lá professores de direitos, alunos, estagiários, e as famílias dos réus. Entre outras pessoas as quais queiram assistir. Nesse caso, a audiência em que doutor Moraes vai ter hoje após o almoço, é apenas com os advogados, juiz, jurados e os réus. Ele havia conseguido me liberar para acompanha-lo como sua estagiária. Isso, no entanto, não costuma acontecer já que a audiência é fechada. Mas doutor Moraes conhecia o juiz e conseguiu essa excessão. É muito importante para mim, cada mínimo detalhe da minha profissão.

Após horas conversando, descemos até o refeitório do escritório e almoçamos. Ivy e Hariany nos encontrou na cantina e nos desejou boa sorte. Elas comemoraram comigo e me deram incentivo. Após nosso almoço, fomos para o tribunal de justiça encarar a tal audiência.

Passei o tempo inteiro de olhos e ouvidos atentos em tudo. Acompanhando cada gesto e palavras dos advogados presentes. Anotei algumas coisas importantes em minha agenda para estudar mais tarde, e após algumas horas, a audiência foi encerrada.

Quando saímos do fórum, já havia escurecido. Notei as horas em meu telefone celular e vi que faltava uma hora para minha aula. Doutor Moraes e eu comemos algo rápido pelo caminho e ele logo me deixou no portão da faculdade. Desci e segui quase correndo para o edifício acadêmico. Cheguei no corredor das salas faltando cinco minutos e entrei ofegante, com Ivy me olhando em curiosidade.

- O que houve? Foi tão difícil assim?-

- Nem tanto, até que foi rápido. Só demorou um pouco pois o juiz abriu inquérito. Mas ainda bem que cheguei a tempo.-

O professor passou a matéria na lousa e começou a explicar tudo. Pediu para que formássemos grupos e assim arrastamos as carteiras de frente para a outra e engatamos nas atividades. O tema era Defesa dos empregadosーAdvocacia trabalhista. Passamos os dois primeiros horários fazendo o trabalho e antes da troca de professores, os grupos foram apresentar lá na frente. Depois de todos os grupos ter apresentado, a aula finalmente terminou e entrou a professora que também passou atividade, mas dessa vez, individual.

Quando o relógio bateu as dez da noite, as aulas finalmente terminaram.

- Gi, vamos ou não?- Ivy chamou minha atenção, enquanto eu guardava os materiais em minha pasta.

- Pra onde?- Perguntei confusa.

- Não viu as mensagens do grupo? O pessoal quer sair pra jantar.-

- Beber, você quis dizer né?!-

- Também! Passamos a semana toda com a cara nos livros.-

- Ivy, hoje é terça-feira ainda. E eu estou cansada.-

- E ai, vamos meninas?- Rodolffo, nosso colega de turma, chegou chamando nossa atenção.

- A Gizelly ta de graça, não quer ir.- Ivy respondeu.

- Por que não?-

- Tô cansada gente, vou pra casa comer alguma coisa e dormir.-

- Vamos, galera?- Dessa vez foi Juliete, que chegou animada.

- A Gizelly não quer ir.- Rodolffo respondeu por mim.

- Ah não, Gi. Da última vez você já não foi.-

- Vamos logo, Gizelly, porra.- Ivy insistiu em quase um grito.

- Vai adiantar eu dizer que não?!- Minha pergunta retórica, fez ambos negarem com a cabeça. - Tá, vamos!- Falei em tédio e seguimos para fora da sala.

- Hari, Fernanda e Thiago mandaram mensagem, já estão esperando a gente lá. A aula deles acabaram cedo.- Ivy respondeu por fim, enquanto íamos em direção a saída.

Apesar do meu cansaço e do meu tédio por esse rolê, aceitei ir não só pela insistência, mas também pela minha situação atual. Passo o dia todo trabalhando e estudando na intenção de distrair minha mente, e parece que funciona. Mas o mais triste de tudo é quando a noite entra e eu deito minha cabeça no travesseiro. A memória de Rafaella se faz presente e me tortura até a hora em que meu sono resolve aparecer. Isso quando não toma a noite toda. E o mais difícil é não ter como me comunicar com ela para ao menos ouvir sua voz. Mas, por enquanto me contento em apenas ler suas cartas e falar com ela uma vez na semana, até que todo esse início passe.

A Culpa não foi minha! (Girafa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora