Capítulo 104

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RAFAELLA

Despertei no dia seguinte por volta das três da tarde. Gizelly estava sobre a poltrona inclinada com Theo deitado em seu peito. Os dois dormiam feito anjos, com as mesmas feições, a boca de ambos levemente abertas, com os cenhos franzidos.

Noite passada dei entrada na maternidade depois de sentir um estalo no interior de minha barriga, logo em seguida a água escorrer por minhas pernas, molhando a cama. Por volta das duas da manhã, as dores que até então estavam estáveis, intensificaram e logo entrei em trabalho de parto. Theo nasceu às quatro e quinze da manhã. Foi rápido, no entanto. Pois já cheguei no pico das contrações, com a dilatação entre oito e nove. E em poucas horas, meu útero dilatou totalmente e então abriu espaço para meu bebê.

As enfermeiras fizeram todo o processo com ele e então o amamentei. Logo pela manhã, ele foi levado com a pediatra para as devidas precauções e eu aproveitei para descansar. Gizelly que me acompanhou desde nossa saída de casa até a hora do parto, não havia dormindo enquanto eu estava acordada.

- Ei bebê, conseguiu dormir um pouco?- Sua voz baixinha tirou-me de meus devaneios.

- Sim! Estou com dor de cabeça até, de tanto dormir. Que horas ele veio?-

- Logo após o almoço. Aliás, seu prato está aí. Não quis te acordar.-

- Estou sem fome.-

- Mas tem que comer, Rafa. Não me faça te dar na boca.-

- Ele não chorou?- Eu estava curiosa e surpresa. Theo se mostrou ser bastante tranquilo até então.

- Até agora não. Eu que quis ficar com ele um pouco. Ele é bonzinho, né filho?!-

- Nossa, essa hora Sofia estava acordando todas as crianças do berçário.- Meu comentário a fez rir.

- Nem acredito que estou aqui com vocês.-

- Até porque se eu não estivesse com você, eu não estaria aqui agora, e em nenhuma outra maternidade.- Brinquei e ela riu mais uma vez.

- Ok mocinha, pare de me enrolar e coma.- Ela se levantou com nosso bebê vestido com seu macacãozinho cheio de bichinhos, e se aproximou.
- Come porque daqui a pouco ele vai querer o tetê que lhe é por direito, já que o outro tem dona.-

- A é, quero nem ver a reação da Bicalhinho quando ver ele mamando o tetê dela.- Falei por fim e Gizelly me ajudou, posicionando o carrinho com a bandeja em meu colo.

Comecei a comer.

Ela voltou a sentar na poltrona, agora ereta, enquanto não tirava os olhos do nosso pequeno. Theo veio perfeito, em saúde e em fisionomia. Lindo meu bebê! Cabeludo com os fios castanhos e escorridos. O semblante fechado como de Gizelly e Sofia. Os olhos, porém, eu ainda não vi. Pois depois que eu o amamentei pela manhã, ele foi levado e eu hibernei. E um detalhe muito importante, e o que me deixou ainda mais apaixonada.

A manchinha de nascença de Gizelly em sua testa.

- Ele já abriu os olhos, meu bem?-

- Sim, e são claros, como os seus.- Sua resposta veio acompanhada de um sorriso largo e apaixonado. Logo bufei frustrada. - O que há?! Sofia já veio com meus olhos. Eu também tenho o direito de ter outros dois pares de olhos iguais aos seus.-

- Mas são verdes?-

- Ele não ficou muito tempo com eles abertos, apenas o suficiente. Mas o pouco que vi não deu pra definir. É tipo um cinza claro.-

- Então não vão ficar verdes.- Minha resposta a fez suspirar frustrada. O que me fez rir. - Qualquer coisa a gente faz outro.- Meu comentário divertido a fez me encarar em repreensão.

A Culpa não foi minha! (Girafa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora