Capítulo 54

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RAFAELLA

Depois que saí do escritório de Gizelly, fiz caminho do elevador até o térreo pensativa. Milhares de pensamentos invadiram minha mente. Eu acreditava cem por cento no que ela havia me dito em seu escritório, porém, não descartava o fato dela não ter aparecido na fazenda no período em que tudo aconteceu. Foram vinte dias antes de minha estréia na faculdade, e ela, mesmo tendo recebido a carta forjada, não compareceu. Eu, no entanto, enviei inúmeras cartas, era o máximo que eu conseguia fazer. E agora sabendo de toda a história, com certeza essas cartas não chegaram até ela.

Minha primeira impressão quando eu a vi entrando naquela sala, era de susto e choque. Gizelly me pegou distraída enquanto eu me comunicava com Manoela querendo notícias de minha filha. E no seu Bom dia, eu reconheci a voz. Até então eu sabia que havia algo de errado. Pois assim que me apresentei para a secretária e a mesma me conduziu para o gabinete, senti o cheiro do seu perfume. Porém em meus pensamentos, seria loucura imagina-la ali.

Quando pedi o tempo, eu não quis passar a impressão de que eu estava desistindo. Pelo contrário, eu a quero ainda mais. Apesar de nossa primeira conversa ser um pouco atribulada, eu me sentia feliz por ver acessórios nela vindo de mim. A corrente de prata delicada em seu pescoço, com o pigente em formato de cruz, indo até seu decote na blusa social preta com alguns botões abertos; e o anel chapado a qual eu havia presenteado-na no dia de sua formatura em seu dedo mindinho, ao lado de seu dedo anelar com o anel de formatura e nossa aliança. E por último e não menos importante, o blazer branco com o símbolo da RK no peito.

Apesar da minha vontade súbita de agarra-la e enche-la de beijos, matando a saudade que estou dela, preciso de meu tempo para organizar meus instintos. Quero poder retomar minha relação com Gizelly estando cem por cento, sem mágoa alguma. Mesmo que essa mágoa inocentemente fosse causada por ela.

Cheguei em casa e encontrei Manu pondo a mesa do almoço. Os brinquedos as quais sempre ficam jogados pelo tapete da sala, estavam estranhamente organizados dentro do baú de Sofia. Fui em direção a minha irmã na cozinha e logo vi minha filha cochilando no bebê conforto que estava sobre o balcão.

- E aí mana, conseguiu resolver?- Manu perguntou quando me viu na porta.

- Não!- Suspirei frustrada. Ela me olhou. - Cê não sabe onde fui parar...-

- Onde?-

- No escritório da Gizelly.- Respondi e a vi levantar as sobrancelhas, porém, não havia espanto em sua expressão, apenas surpresa. - Tábata que me atendeu, uma amiga da Gi, depois me mandou pra outro andar e advinha?! Era o andar da sala dela.-

- E aí? Se viram?- Afirmei sua pergunta com a cabeça. - Conversaram?-

- Um pouco. Foi mais um "acerto de contas" do que uma conversa.- Fiz aspas nas palavras e ela franziu o cenho.

- Como assim? Brigaram?-

- Os ânimos estavam oscilando. Hora falávamos baixo, hora falávamos mais auteradas. Mas no fim, eu preferi cortar o assunto e vir embora. Preciso conversar com ela uma outra hora, não quero brigar logo no nosso reencontro.-

- Entendo! Mas pelo menos ela te explicou o que aconteceu?-

- Sim! Me mostrou a carta que ela recebeu com minha assinatura.-

- E você acreditou né?!-

- Na hora eu duvidei, mas ela pegou em minha mão e olhou dentro dos meus olhos. Ali eu vi que ela estava falando a verdade.-

- Mas então se acertaram?!- Sua empolgação fez com que Sofia desse um pulo leve de susto. Mas ela logo voltou a dormir. - Se acertaram?- Dessa vez sussurrou.

A Culpa não foi minha! (Girafa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora