Capítulo 1

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NARRADOR

No interior de Minas Gerais vive uma família de quatro pessoas muito humildes. Manoela e Rafaella são netas do Senhor Sebastião e de Dona Genilda. Ambas são meia irmã apenas por parte de mãe. A mãe que se envolveu com um rapaz e foi abandonada assim que soube da segunda gravidez, não resistiu e veio a falecer no parto de Manoela, deixando as meninas aos cuidados do avós.

Hoje, quinze anos depois, as duas vivem felizes com os avós. Durante um tempo, Rafaella que é dois anos mais velha que sua irmã caçula, perguntava por seu pai. Seus avós tentavam a todo custo desviar o assunto, pois o mesmo estava aguçando a curiosidade de Manoela em querer saber também de seu pai. Por muito tempo esse assunto era tocado pelas meninas quando tinha alguma atividade na escola envolvendo os pais. Hoje, mais conformadas, resolveram deixar esse assunto de lado, já que seus avós se mostravam irredutíveis em revelar qualquer tipo de informação, a pedida da mãe delas.

Ali naquela mesma região, na fazenda vizinha, há pouquíssimos quilômetros de distância, vivia a família Bicalho de Andrade. Gizelly e Bianca irmãs por parte de pai, eram órfãs. Ainda menores de idade, perderam seus pais em um acidente de carro quando ambos voltavam de uma conferência na Cidade grande de São Paulo. Desde então, a tutela das meninas ficou com os avós paternos. O senhor José e a dona Márcia.

Fernando Bicalho de Andrade, pai de Gizelly e Bianca, era um advogado de renome muito requisitado na Cidade de Minas Gerais. Não só no interior onde a família vive, mas sim por toda região. A família adquire muitos imóveis e terras espalhados pela Cidade, de onde se tira o ganha pão. Na fazenda, há muitos capataz e capangas. Fernando era dono de um escritório grande em São Paulo, onde ficou sob os cuidados de seus pais, sua mãe advogada e seu pai Juíz, ambos aposentados. A empresa continham muitos sócios. O sonho do pai orgulhoso, era as filhas seguirem pelo mesmo caminho, seguindo a linhagem como advogadas. E parece que esse sonho só poderá ser realizado por Gizelly Bicalho, pois Bianca decidiu cuidar das terras em que foram deixadas.

GIZELLY

Quando completei meus vinte anos, algo inesperado aconteceu, me formei no ensino médio e engatei na faculdade de direito. É um sonho antigo de meu pai. Eu nunca fui muito interessada nos negócios da família, sempre fui vista na Cidade de onde cresci como a filha rebelde, a filha que só queria saber de farras e brincadeiras. Eu tinha apenas dezessete anos, eu ainda estava no colegial, eu não queria saber de responsabilidades. Era um direito meu.

Há três anos atrás, quando recebemos a notícia de que meus pais haviam sofrido um acidente fatal, eu estava em uma festa de rua no centro da Cidade de Minas. Voltei como um jato para a fazenda e lá encontrei minha irmã mais nova em prantos, acompanhada de nossos avós. Como éramos menores ainda, nossa tutela e tudo que nossos pais haviam deixaram, ficaram sob a guarda dos mais velhos.

Quando completei meus dezoito anos, eu estava em meu primeiro ano de faculdade, fazia contabilidade por minha própria vontade. Eu sempre ouvia meu avô dando altos conselhos para minha irmã e eu seguirmos a carreira promissora de nossa família, mas nunca dávamos valor. Um belo dia, no intervalo de uma aula e outra, recebi a notícia da morte do mesmo. Tranquei a faculdade no dia seguinte e voltei para Minas acompanhada de Marcela, minha namorada. Não era uma boa hora para apresentar a mesma para minha família, mas era com ela que eu dividia o quarto na faculdade, e era ela que me deu o suporte que eu precisava. Dias depois de ter resolvido todo o processo do sepultamento, voltei para o Rio, onde eu morava e estudava.

Naquele mesmo ano, foi tudo conturbado, minha vó não aguentou e foi se entregando até adoecer e também falecer. Me vi sozinha com minha irmã de apenas dezessete anos e resolvi voltar. Com muito custo, pensamentos atordoados e consciência pesada, resolvi trocar a Contabilidade por Direito. Alguém tinha que retomar o controle da empresa de Advocacia, e se Bianca não se propôs a largar o gado, eu mesma resolvi assumir. Hoje, com meus vinte e um anos, faço direito pretendendo ser advogada criminalista.

A Culpa não foi minha! (Girafa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora