GIZELLY
Um mês havia se passado desde que conversei com Manu. Ela avisou que iria viajar, mas antes, prometeu que conversaria com Rafaella. A essa hora, já era pra ter entrado em contato comigo me dando um parecer. Os dias passaram e eu esperava com expectativa. Eu estava chateada com Rafaella desde quando vi a foto dela com o suposto namorado, mas como Manu deixou subentendido que ela não namorava, fiquei mais tranquila. Mas agora o sentimento de chateação está voltando. Só tem duas explicações: Ou Manu me enganou e não contou para Rafa sobre nossa conversa e só veio até a mim para saber da história e não acreditou, ou elas conversaram e Rafaella realmente fez tudo porque quis, e continua correndo de mim. Eu já não aguentava mais os pensamentos.
Peguei meu telefone celular e disquei o número da Marcela. Ela, porém, estava de plantão, o que ficava tudo mais fácil. Minha amiga atendeu e eu pedi o endereço da Rafa. Ela já tinha tido acesso ao prontuário com uma desculpa qualquer e viu que o endereço estava la, mas não me passou. E como conversei com Manoela, eu não insisti mais. Confiei na baixinha.
No entanto, com tantos esses turbilhões de sentimentos, eu precisava pôr para fora. Precisava tirar essa dúvida péssima de minha cabeça, sobre essa atitude inválida de Rafaella. Marcela não quis me passar o endereço, pediu para que eu esperasse mais um pouco, já que Manu deu a palavra dela. Eu estava tão nervosa que acabei discutindo com ela e amassei ir ao hospital e colocar tudo à baixo se ela não me passasse o endereço já. Ela suspirou e se deu por vencida. Me passou o endereço onde anotei em meu bloco de anotações. Agradeci na maior cara de pau e desfiz a chamada.
Juntei minhas coisas na bolsa e saí prédio à fora.
- Doutora, Gizelly...- Lúcia chamou minha atenção assim que me viu saindo da sala literalmente como um furacão. - A reunião é daqui há vinte minutos com o pessoal do....-
- Lúcia! Chama Ivy, chama Pyong, chama o papa se for preciso pra essa reunião. Mas eu não vou poder participar...- Respondi já nervosa quase quebrando o botão do elevador de tanto apertar.
- Mas doutora....-
- Quem ta segurando essa droga lá embaixo?- Alterei meu tom de voz, assustando a mais velha.
Voltei para a mesa da secretária e peguei o interfone no gancho. Apertei o botão do andar onde o elevador estava parado e a recepcionista me atendeu.
"Da pra alguém liberar o elevador, por favor?! Ou será possível que vou ter que descer de escada?" Não esperei que me respondesse, devolvi o interfone no lugar e Lúcia me olhava assustada.
Logo o elevador chegou, entrei e desci até a garagem. Encontrei meu carro minutos depois, coloquei o endereço no GPS e dei partida.
Chegando no bairro da Gávea, comecei a procurar pela rua e pelo prédio. E assim que achei, estacionei o carro no meio fio e desci. O prédio é de luxo, bem bonito. O portão de grade estava fechado, logo o porteiro veio ao meu encontro.
- Boa tarde! Ta procurando por alguém?-
- Bom tarde, sim! Rafaella Freitas, sabe me dizer se ela está em casa?-
- Olha, a senhorita Rafaella não mora mais aqui.- Franzi o cenho como resposta.
- Como não? Esse é o endereço que ela me passou.- Menti.
- Ela se mudou no mês passado, com a filha e a irmã.- Sua resposta fez meu sangue subir outra vez.
- Porra!- Bati forte na grade assustando o homem. - Desculpe!- Respirei fundo tentando me recompor... - Muito obrigada. Elas deixaram algum endereço?- Perguntei esperançosa, mas ele negou.
Que idéia é essa minha.. Depois de ter socado a grade, ele não ia me dar o endereço. Agradeci mais uma vez e entrei em meu carro. Dei partida para a Império novamente. E quanto mais os minutos passavam, minha mente dava voltas, e eu ficava mais chateada. Cheguei no escritório colocando fogo pelas ventas. Subi e vi, através da vidraça, a sala de reuniões cheia.
- Lúcia, chama Tábata ou a Letícia pra mim?- Pedi e ela assentiu.
Entrei em minha sala e me servi com um copo de gelo e uísque. Parei de frente para a vidraça que dava a visão da praia, e beberiquei meu copo enquanto tentava me acalmar. Por alguns segundos me perdi em pensamentos, enquanto encarei minha aliança de casamento ainda em meu dedo. Mas logo fui tirada de meus devaneios quando Letícia entrou.
- Gi?-
Virei minha atenção para ela, e devolvi o copo sobre a mesinha. Em seguida, fui em direção a minha mesa.
- Senta!-
- O que houve? Ta com uma cara...-
- Quero que você dê entrada no meu divórcio.- Pedi de sem rodeios, e ela arregalou os olhos.
- Como assim? Você tem certeza? Gizelly, se der entrada e levar isso pra frente, não vai ter mais volta.-
- Letícia, só faz o que eu pedi.- Meu tom de voz era ríspido. Minha paciência estava se esvaindo.
- Por que essa decisão agora, depois de tudo? Logo agora que você já sabe que ela está aqui por perto...-
- Estou cansada de ser feita de palhaçada, Letícia. Rafaella tem me feito de trouxa há quase dois anos. Quando consigo o endereço de onde ela estar, ela já se mudou. Estou cansada!-
- Olha, eu não sei o que aconteceu mas você ta muito estressada hoje. Por que não deixa pra decidir isso amanhã quando....-
- Não vai dar entrada?- A interrompi e ela se fez em silêncio. - Ok, eu peço a Tábata.- Peguei no interfone da minha mesa, e já ia com o dedo até o botão da sala de Tábata. Porém, Letícia segurou minha mão.
- Eu vou dar entrada na papelada.-
Assenti como resposta e devolvi o telefone no gancho. - Só tenha paciência, vou encaminhar o pedido ao juiz e ele vai abrir a primeira audiência de guarda e pensão alimentícia da filha de vocês. Tem certeza que quer passar por isso tudo mesmo?-- Pode encaminhar!- Respondi por fim e ela suspirou. Logo se despediu e saiu da minha sala.
Certeza, eu não tinha e nem queria. Mas era minha última carta na manga. Eu realmente estava cansada de tudo isso... Queria poder pelo menos ver minha filha, pegar ela no colo, conviver com ela. E já que Rafaella não me respondia no instagram que eu havia achado, nem por sua irmã que garantiu interceder por mim há um mês atrás, ela teria que responder ao oficial de justiça.
Rafaella vai ter que aparecer nem que seja diante do juiz.
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A Culpa não foi minha! (Girafa G!P)
FanfictionGizelly Bicalho de Andrade, vai passar as férias na fazenda da família. Ela conhece Rafaella Freitas Gavassi quando está dando uma volta pelo pasto e flagra o capataz, Petrix, maltratando a garota e a defende. A beleza, simpatia e inocência da moça...