Capítulo 23

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RAFAELLA

Acordei na manhã seguinte com os beijos de Gizelly. Confesso que senti e sinto saudades de nossas manhãs assim. Abri os olhos vagamente e não vi Manu pelo quarto. O colchão a qual ela dormiu ao lado de nossa cama, no chão, estava vazio. E pelo barulho abafado do chuveiro, ela devia estar no banho. Me espreguicei e ouvi a risada nasal de Gizelly.

- Que foi?- Perguntei com os olhos cerrados e ela riu ainda mais.

- Ta muito preguiçosa.-

- Hum.. Viu a hora que fomos dormir ontem? A culpa foi sua.-

- Minha? Você e Manu que não paravam de falar. Passaram a madrugada igual umas matracas.-

- Porque você dormiu a tarde toda, e a noite ficamos com pena de você acordada sozinha.-

- Ta bom, então me desculpe por ser o motivo de sua preguiça ta?!- Seu comentário irônico fez meus olhos cerrar outra vez. Ela logo deixou um beijo estalado em meus lábios. - Bom, vamos levantar? Você precisa ir fazer sua prova e eu preciso voltar pra São Paulo.-

- Ahh...- Gemi frustrada quando ela me lembrou esse fato.

- Não faz assim! Você vai estar lá logo, logo.-

- Por que você não pode esperar pra ir com a gente depois?- Minha pergunta manhosa a fez fazer um bico em seus lábios. Um bico irônico. Automaticamente cruzei meus braços e tombei meu rosto para o lado. Logo ouvi sua risada nasal antes dela roubar um beijo meu.

- Para linda! Não gosto de você assim. Vou acabar ficando por aqui e levando advertência depois. Doutor Moraes precisa de mim hoje, e também tem a reunião de amanhã.-

- Que reunião é essa que você e Bia estão comentando desde ontem?-

- É sobre a empresa, mas você vai ficar sabendo logo, ok?! Deixa só tudo se encaminhar.- Assenti como resposta e antes que alguém diga mais alguma coisa, Manu saiu do banheiro já uniformizada.

Com mais alguns beijos e abraços, levantei da cama seguindo para o meu banho.

Já uniformizada e de barriga cheia, segui para a escola junto com Gizelly, enquanto Bia levava Manu para o lado oposto. Não demoramos muito para chegar, levamos cerca de vinte minutos. Pois Gizelly, ao contrário de Bianca, corre contra o tempo quando está no volante.

- Minha linda, aqui está o valor da segunda chamada.- Disse ela, abrindo a carteira, pegando uma quantia significativa. - Boa sorte, ta?! Faz tudo com calma e presta bem atenção em tudo que for ler.-

- Pode deixar!- Nos inclinamos e encontramos os lábios uma da outra com um beijo longo e suave. Eu sabia que não a veria mais, então finalizei o beijo e a abracei forte. - Vai com cuidado, ta?! E na quinta-feira eu chego lá.-

- Pena que não vai poder ficar como o planejado né?!- Sua fala veio acompanhada de um semblante triste. Levei minhas mãos em cada lado do seu rosto e acariciei.

- Cê sabe, se não fosse o estado de saúde do meu vô, eu passaria todas as minhas férias lá. E também tenho que pegar o resultado na semana que vem.-

- Eu entendo, ok?! Entendo mesmo. Sua vó precisa de você.- Respondeu segurando minha mão, deixando um beijo nela. - Olha, provavelmente a Mari vem te buscar, já que Bia e eu embarcamos daqui a pouquinho. Só vou buscar seu avô e seguir para o aeroporto. De repente na volta, a Mari passa por aqui.-

- Eu posso ir com o transporte, meu bem.-

- E andar aquele pedaço todo? Nada disso. A Mari ou alguém vem. Agora vai lá. Te amo, viu?!-

- Certo! Te amo mais.- Deixei um selinho demorado em seus lábios e desci do carro. Esperei até que ela virasse a esquina e então entrei, encontrando Marcella e Flavina no portão de entrada.

- E aí? Por que faltou a prova de ontem, louca?- Marcella foi a primeira a perguntar.

- Será por quê um certo alguém está na Cidade?!- Flavina completou me cutucando.

- Nada disso, enxeridas. Meu vô passou mal na madrugada e eu tive que ir até lá.-

- Oh, e como ele está?-

- Agora ta bem! Gi vai buscar ele no hospital. E podem desfazer essas caras, ela já vai voltar pra São Paulo hoje mesmo. Só veio por conta do vovô.-

- Deve ser o óh, ser casada a distância.- Flavina disse com cara de tédio.

- Nem me fale.- Bufei frustrada.

- Aproveitaram pelo menos de ontem pra hoje?- Marcella perguntou com um tom malicioso, me deixando sem jeito.

- Como? Manu dormiu com a gente no quarto. E eu também estava sem cabeça pra isso.-

- Ainda bem que sou filha única, não tenho ninguém empatando minha foda.- Flavina comentou divertida e Marcella riu.

- Mas também quando rolar, Rafa vai....-

- Ei? Da pra vocês duas parar de falar da minha vida sexual?!- Pedi em uma quase súplica e elas gargalharam.

- Vamos lá fazer essa bendita prova.- Marcella chamou por fim.

Antes de eu ir para a sala de aula, passei na secretaria e pedi uma segunda chamada. Paguei pela prova e segui para a sala. A prova em si, era de matemática. Queimei os neurônios quase metade da manhã até que consegui resolver tudo. Quando terminei, voltei até a secretaria e sentei na mesa da diretora a fim de fazer a segunda chamada de português. Ao contrário da primeira prova, essa foi mais rápido. Entreguei a avaliação em mãos e segui para onde minha turma estava, no ginásio. Os meninos jogando bola e as meninas na arquibancada.

- Como foi, amiga?- Marcella chamou minha atenção. Suspirei cansada e me sentei ao seu lado.

- Aquilo de sempre! Matemática é um porre, gente.-

- Não acho.- Flavina disse convicta.

- Ah, Fla! Cê é a nerd da turma.- Falei revirando os olhos e ela riu.

- Bom pessoal, preciso ir. Hoje tenho dentista.- Flayslane disse pendurando sua mochila nas costas.

- Acho que vou também. Já deve ter gente lá fora me esperando.-

Nos falamos por mais alguns minutos e decidi finalmente me retirar. Dito e feito, a camionete já estava parada a minha espera. Ninguém mais, ninguém menos que Petrix.

- Bom dia, Rafaella! Como foi a aula?- Perguntou simpático assim que entrei e pus o cinto. E logo deu partida no motor.

- Foi prova, fiz as últimas hoje. Estou oficialmente de férias.-

- É bom ter férias, né?!-

- Hum.. Cadê Mari? Achei que fosse ela.-

- Ah, dona Mariana precisou levar o gado pra beber água. Cê sabe né?! Todos os dias essa hora, o rebanho vai para o lago.-

- Sei..-

- E seu avô? Como ele está?-

- Estou sabendo que ta bem melhor. Já deve estar em casa.-

- Você vai ficar na fazenda ou quer ir direto pra casa deles?-

- Acho que prefiro ir pra fazenda. Tomar um banho e trocar de roupa. Depois posso pegar o cavalo.-

- Ou eu posso te levar. Não tem problema.- Ele disse por fim e eu sorri pequeno.

Fomos o caminho todo em uma conversa amena. Até que chegamos a fazenda.

A Culpa não foi minha! (Girafa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora