RAFAELLA
Alguns dias depois, faltando uma semana para Gizelly seguir viagem, resolvi chama-la para almoçar comigo, meus avós e Manu. Eles sabiam dos meus encontros com ela todas as tardes, no entanto. Porém, apenas Manu sabia do nosso envolvimento. Desde quando fizemos o piquenique e conversamos, Gizelly vem insistindo para falar com meus avós, e eu adiei ao máximo com medo dessa conversa com eles. Apesar do carinho e amor que eles tem por ela e por sua família, não sei qual será a reação.
Após ela ter me buscado na escola, viemos direto para minha casa e então ela ficou para o almoço. Enquanto conversava animadamente com os habitantes desse sítio, entrei para o quarto na intenção tomar um banho e trocar o uniforme por uma roupa casual. Depois de longos minutos, me arrumei e voltei para a sala de jantar, onde minha vó já colocava a mesa. Sentei entre Gizelly e Manu, muito nervosa.
- Como foi a aula, filha?- Meu avô chamou minha atenção.
- Foi boa! Hoje foi Ciências e Português.-
- E você, pequenina do vô?- Perguntou, agora para Manu, que fez uma careta em reprovação.
- Ô vô!!!- Cruzou os braços com um bico formado nos lábios, nos fazendo rir.
- Ela não gosta quando o vô chama ela assim na frente das pessoas.- Respondi para Gizelly que nos olhava com curiosidade.
- Mas você é pequenina.- Ela então respondeu e Manu revirou os olhos.
- Tião, deixa ela...- Minha vó o advertiu.
- Hoje foi educação física e matemática, se quer saber.- Manu falou por fim, mas ainda de bico.
- Bom, menina Gizelly, fique à vontade!- Ele voltou a dizer e se serviu. Nos servimos logo em seguida.
Almoçamos entre uma conversa amena entre risadas, como sempre acontecia. Enquanto eu estava nervosa para o que vinha a seguir, logo após esse momento descontraído, ambos à mesa estavam alegres e animados com a visita. Depois de um bom tempo em que degustamos da melhor carne assada com batatas da vó Genilda, fomos em direção a sala.
Na intenção de me manter mais calma, voltei para a cozinha e comecei a lavar a louça. Me perdi em pensamentos enquanto limpava tudo. Pensava constantemente em como seria a reação do meu avô. Ele é bastante tranquilo, mas não sei até onde essa calma e tranquilidade dele vai, principalmente sobre seus conceitos. Eu não sei. E isso que me desesperava. Imergida entre muitos pensamentos, terminei tudo que nem percebi. Logo ouvi quando Manu chamou minha atenção no batente da porta.
- Mana? O vô ta chamando.-
Congelei enquanto meu peito subia e descia em uma respiração frenética e ofegante. Eu estava a ponto de ter um piri-paque. Sequei as mãos em um pano de prato e voltei para a sala. Sentei no sofá oposto de Gizelly, ao lado de minha vó, deixando ela sozinha no sofá de dois lugares.
- Bom, senhor Sebastião....- Gizelly começou com calma e eu comecei a soar frio. - A minha visita à vocês hoje tem um propósito, e o motivo é simples. O senhor me conhece a bastante tempo e sabe da minha índole. Mesmo diante de tantos boatos mentirosos por aí, eu sempre segui a risca de tudo, principalmente por minha família. E me conhecendo como o senhor conhece, vou direto ao ponto... Eu gostaria de te pedir a Rafaella em namoro.-
Por um instante, a sala foi tomada por um silêncio perturbador. Levantei meu olhar do chão para encarar Gizelly e a vi olhando fixo para meus avós ao meu lado. Logo olhei para eles e vi quando minha vó o cutucou.
- É.... Menina Gizelly.... Não vou dizer que não sabia de você e minha neta.- Meus olhos arregalaram com a informação. - Eu, na verdade, estava prestando atenção pra ver onde isso tudo as levaria. Rafinha é como a mãe, parece que estou vivendo tudo de novo. Mas enfim, eu conheço sim sua índole, filha, e sei a educação que seus avós te deram. A você e a menina Bianca.- As coisas as quais ele dizia, só conseguia me deixar ainda mais nervosa. Por alguns segundos me perdi em pensamentos tortuosos, mas logo voltei minha atenção para suas palavras, percebendo que perdi metade delas. - Eu não posso dizer com quem elas devam se relacionar. Eu só peço e ensino elas a terem respeito ao próximo e muita educação. E vendo de longe esses dias em que vocês estiveram juntas, eu pude notar que ela não deixou de estudar ou perder matéria por conta de namoricos. E sobre as plantações que ela me ajuda, também não influenciou... Então, se ela está de acordo com esse namoro, eu dou a bênção para as duas.- Um sorriso largo se curvou em meus lábios instantaneamente, e um misto de felicidade e alegria tomou conta de mim. - E espero que continue assim. Estudando direitinho e fazendo as obrigações.- Disse agora, encarando-me. Apenas assenti.
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A Culpa não foi minha! (Girafa G!P)
FanficGizelly Bicalho de Andrade, vai passar as férias na fazenda da família. Ela conhece Rafaella Freitas Gavassi quando está dando uma volta pelo pasto e flagra o capataz, Petrix, maltratando a garota e a defende. A beleza, simpatia e inocência da moça...