Aquela Noite - Última Parte

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Aquela Noite - Última Parte

Lauren Jauregui's Point of View

Olho o meu reflexo no espelho e ouço ele me dizer claramente:

- Idiota.

Meu passado imprudente retorna no meu rosto como um fantasma de anos atrás pronto para me atormentar. Não era eu. Hoje eu não transo mais com estranhos no banheiro, não bebo e muito menos fumo por diversão. Não me arrisco a fatalidades, vivo uma vida ordinária em um emprego básico.

Eu não posso me arriscar, não depois do que aconteceu, por isso as marcas em minha pele me enganam, elas dizem o quanto eu sempre menti para mim mesma. A verdade é que eu sempre gostei da adrenalina.

Eu nem sabia o seu nome, mas ainda podia sentir o gosto de sua boca. Podia sentir os arrepios retornarem em minha pele, como se ela ainda me tocasse. Nunca senti algo assim por outro estranho qualquer. Algo de especial carregava em sua aura e havia me condenado.

O controle, eu havia me rendido, ela me tinha em suas mãos e o mais estranho era que evitei até contrariar a estranha sensação em meu peito de que quando a envolvi com as minhas mãos, senti o objeto de metal preso em suas costas.

A premissa do sexo havia me enganado, mas agora eu recordava, a pequena tensão que surgiu em meu corpo, mascarada com a força que ela usava para me provar. Mais um arrepio surgiu, não como o dos seus toques, mas como algo assustador, que fez meu corpo gelar. Ela realmente carregava uma arma ou o pavor de voltar ao meu passado me fazia imaginar o que não existia?

Evitei desviar para esse pensamento. Foi apenas uma estranha no banheiro, alguém que por pura coincidência esbarrei pela segunda vez. Coincidência...

Não nos veríamos novamente, não teria como. Por mais que eu quisesse, por mais que tivesse sonhado, desejado, por mais que ainda não estivesse satisfeita em sentí-la. Eu voltaria para a minha vida fora do excepcional, trabalho, casa, mudança, trabalho, dormir, trabalho. A única coisa que eu encaixaria agora seriam as visitas até minhas amigas, que provavelmente com o tempo seriam cada vez mais espaçadas.

Era triste imaginar que a vida sempre se fechava em um ciclo, mas para este momento eu não retornaria, não seria mais a Lauren que destruía a própria vida.

Ajeitei meu cabelo o melhor que pude e fiz de tudo para tirar a maquiagem borrada. Meu vestido estava amassado e eu teria que lavá-lo antes de devolver para Normani, mas se eu estivesse sentada sei que ninguém notaria as dobras. As marcas no pescoço foram escondidas pelo meu cabelo e por fim, decidi sair dali, deixando para trás a recaída que existiu e retornando à realidade.

Desviei meu caminho para as minhas amigas e andei ao balcão do outro lado, o que servia os coquetéis. Acho que fiquei alguns minutos vigiando a bebida na minha frente, ainda me sentia inconsistente, perdida. Eu gostaria de conhecer essa nova versão que surgiu dentro de mim, seria capaz de evitar o passado?

De qualquer modo, a festa me alegrava, mesmo que apenas por um pouco. Não sei quanto tempo se passou, mas por fim ignorei o copo ainda cheio e voltei a caminhar por onde eu tinha vindo.

Quando cheguei à mesa, Dinah estava sentada com Ally, não havia sinal da Normani ou da Verônica.

- Tudo bem? - A mais baixa perguntou assim que eu sentei, apenas concordei com a cabeça.

- Você perdeu a melhor, Laur. - Dinah estava com um sorrisão estampado no rosto enquanto beliscava com as unhas longas os restos em seu prato. - Conte a ela, Ally.

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