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A Confissão - Última Parte
Stalker's Point of View
A verdade é que eu morreria em paz no verde dos seus olhos. Eu viajaria em círculos por uma eternidade ao redor de sua mente. Nem um deus teceria as curvas do seu cabelo como eu as traço. A força do oceano é fraca em comparação com as batidas do meu coração ao dizer o seu nome, seis letras que soam como poesia, as que eu sempre evitei desperdiçar. Sirva-me dos seus beijos, amor, porque eles são a única razão de eu me sentir viva.
Por isso que devo me confessar, devo contar cada pecado que cometi e não espero seu perdão, não espero uma lista de coisas a fazer para purificar a minha alma, porque tudo o que eu fiz nos guiou até este momento e não existe nada mais sagrado e incomparável do que te ter ao meu lado.
Lá vai, a verdade, minha confissão para a alma que se separou do meu corpo. Eu era a pessoa que você mais temia, sua sombra, o frio da noite que fazia seus pelos se arrepiarem. Soa romântico e sensual se o mundo não fosse tão sombrio. E minha única intenção era de que, quando chegasse o momento certo, eu pudesse entrelaçar os meus dedos com os seus e te tirar um sorriso, que meu coração paralisado tornasse suas bochechas vermelhas após um beijo roubado. Que o meu toque gelasse a sua pele e te fizesse estremecer, da mesma forma que o seu faz comigo. Seria pedir demais por uma errada batida no seu peito, um sinal que me indicasse que você seria capaz de sentir o mesmo por mim? Seria errado achar que esse sentimento tão profundo, tão intenso, tão puro, não fosse retribuído? Eu estava errada em fazer o que eu fiz? Eu me enganei a te servir completamente a minha vida?
Não, você sempre foi a razão, o motivo e a solução. Você foi a causa, o sintoma, a doença e a cura. A eternidade em um conjunto de momentos que eu gravei em metal para que não se apagasse. E quando se entregou a mim naquela noite, após ter dado adeus ao seu marido, cujo sangue ainda machava suas mãos, eu soube que o momento certo havia chegado, era a hora de iniciar o que o destino havia me prometido.
Seu beijo foi superficial de início, como você sempre começou, mas não teve coragem de terminar, a criatura dentro de mim rondava o meu interior, sentia a necessidade de algo mais profundo e foi o que você fez ao se desfazer de sua blusa. A violência de seu toque contra a minha pele poderia me nocautear, uma vida inteira sendo suja por outras mãos, agora as suas me purificavam. Era um crime imaginar esse momento, porque a realidade satisfazia muito além de quaisquer palavras floreadas do meu pensamento ou imagens borradas da minha criatividade. Acredito que se lembra do momento em que mordeu a minha pele e provou do meu sangue, quase sugando a minha alma, eu ainda carrego a marca escondida no meu torso. O filete de sangue que manchou seus lábios, eu a vi por completo, desesperada para ter a única pessoa que realmente a completava, você clamava em seus gritos pelo meu apelo e foi como a primeira vez, era essa a primeira vez e não teria nada no mundo que se compararia a isso.
Sinto se meus toques te machucaram, mas a intensidade do seu desejo era incontrolável no meu peito. E meu coração que latejava implorava por escapar, eu o dava naquela noite na esperança que não fosse a última e única e garantiria que seria eterno, como a primeira vez para sempre.
Recordo-me do nosso momento pelo resto da minha vida, sabendo que a provei quando era a hora, mas que ainda existia uma parte que queria mais, uivando pela sobremesa como uma fera faminta que acabou de se saciar.
Quando acordamos naquela manhã, você aos meus braços e nossas peles ainda conectadas, eu soube que ao chegar em casa, deveria fazer o que era certo.
Tudo começou naquela noite, mas os pequenos detalhes já haviam sido organizados. Roubei sua chave reserva antes de sair, aquela que você jurou ter perdido e que pesava em meu bolso quando fui embora. Quando saí de carro e te vi pela janela, encontrei a viúva que havia prometido, aquela que sofreria do luto, era a minha hora de reinar enquanto você se apaziguava.
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STALKER
FanfictionVocê já teve a sensação de ser seguida? E se na verdade isso não for só uma sensação? E se tiver realmente alguém te perseguindo? O tempo todo, vendo as suas ações, comandando a sua vida. Você sentiria... medo? E se você não for a única peça nesse...