Adrenalina

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Adrenalina

Camila Cabello's Point of View

Gotículas de sangue do nariz daquele homem sujavam os meus dedos, resultado do segundo golpe que eu dei, não satisfeita com o primeiro. Agora ela me perseguia com as perguntas insistentes coladas na minha sombra:

— Que porra foi essa?! Por que fez isso? De onde você veio? O que está fazendo? — A ignorei completamente, ainda com muita fúria para formar qualquer frase lógica. Adentrei em um salto, fazendo a porta bater com tudo contra a parede, por azar, uma mulher que retocava o batom no espelho se surpreendeu ao me encarar e emitiu um som de desgosto. Caminhei com pressa até a torneira e deixei a água lavar a mancha vermelha. Logo em seguida, ela retornou, ainda muito desorientada me seguindo.

— Camila, você não pode sair assim... — Só calou a boca quando reparou na mulher que agora saia com pressa, nada satisfeita com nossa presença ali. Pelo menos ficamos sozinhas, ou era o que eu esperava, a muvuca deveria se formar lá fora depois daquilo. A porta se fechou com sua saída e a música que antes tocava alta, havia se calado. Muito provavelmente meus funcionários tomavam conta para que minha cena não chamasse atenção das autoridades.

Usei um pouco de sabonete e deixei minha pele totalmente limpa antes de recolher um pedaço de papel e secá-la, agora sem vestígios do acontecimento no exterior do meu corpo, apenas por dentro ainda tremia, dominada pelo impulso forte que castigava o meu peito.

— Fale comigo!

Seu tom, a forma como implorava pela minha resposta... A encarei virando o corpo, Lauren estava afastada, a camisa azul escura que vestia tinha as mangas arrastadas até o cotovelo e o colar de ouro em seu pescoço com o pingente redondo chamava a atenção para o seu decote. Não menti quando disse que sua beleza foi a primeira coisa que me chamou a atenção. Era extraordinária de uma forma que abrangia todo o meu paladar. E o meu gosto exigente só queria tê-la.

— Tive que fazê-lo.

Essa era a resposta. Sabia quem ele era, o mesmo homem que esteve aqui na primeira vez em que ela surgiu no meu bar. Eu sabia que mentia, que a cadeira de rodas era uma armação, porque o havia visto sem ela e por mais que as pessoas procurassem justificativas antes de acusar, eu estava farta daquilo. Não foi difícil de conectar os pontos e saber que ele a enganou e quando vi os dois juntos sendo que era para ela estar comigo...

Talvez eu tenha deixado um tanto da minha raiva por Keana dominar minhas ações, mas o que foi feito, havia sido realizado e eu não me arrependia em nada daquilo.

— Se eu pudesse voltava lá e terminava o que comecei.

Lauren mordeu a boca sugando um pouco seu lábio inferior para dentro, não conseguia decifrar o que ela sentia, por isso que apenas joguei o papel usado na lixeira e permaneci ali com meu corpo próximo ao mármore da pia. Eu me recordava de uma cena assim com ela, mas minha visão era um pouco mais privilegiada e suas pernas se apoiavam em mim...

— Por que fez isso? De verdade, não estou com raiva, só quero entender o motivo.

— Não ia deixar ele mentir para você.

— Do que está falando? Como sabia que ele mentia?

Respirei fundo ainda de certa forma tentando conter o sentimento latente. Era desorientador estar dominada pela raiva e ter ela ali tão perto e porra, que desgraça foi não ter tido a chance de encontrá-la na outra semana...

— E como sabia que eu estava aqui? — Voltou a insistir nas perguntas como um disco riscado.

Bufei irritada e apoiei a mão na pedra gelada.

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