Mate Por Mim - Primeira Parte

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Último Capítulo

Mate Por Mim

Primeira Parte

Quando Lauren recuperava os sentidos, percebia a aspereza da blusa de lã em sua pele, estava vestida por sorte. Pensamentos agora invadiam sua mente com um único vislumbre, o rosto de sua melhor amiga tão familiar, dessa vez distorcido como o nunca vira. Era verdade que ainda não entendia o que aconteceu, mas tinha certeza de uma coisa, cometera um grande erro.

Passou a chorar sem nem ao menos ter acordado totalmente, mas agora sabia, sabia que nesse momento onde quer que estivesse, em que inferno esteja, estava sozinha. Abriu os olhos e assimilou, era o mesmo ambiente, a mesma cama, mas Normani ali não se encontrava. Receio e alívio, foi o que sentiu. Sua visão agora retomava aos poucos e os borrões se transformavam em imagens nítidas.

Fotos. Fotos por todas as paredes, ela passou os olhos, algo ali era reconhecível, fotos... Dela, seu rosto centenas de vezes repetidos. Seu coração batia em um ritmo insuportável e ela se ergueu, não cometendo o mesmo erro de sair da cama tão depressa. Agora vestida, um fino cobertor limpo colorido a cobria, parecia velho, muito usado anos atrás, mas muito bem cuidado, apreciado pelo dono. Não havia nada de móveis além da cama e cabeceira. Uma porta de metal à sua frente e outra de madeira ao lado esquerdo, nenhuma janela, nenhuma luz a não ser a fonte amarelada no teto que não oferecia tanta claridade e é claro, as malditas imagens que a deixavam com náusea.

Passou a percebê-las com mais detalhes, muitas eram recentes e pareciam que ela não sabia que estava sendo fotografada em diversas ocasiões, outras eram mais antigas e obviamente estava ciente de uma câmera à sua frente. Memórias, sua vida toda em paredes, sua vida com sua melhor amiga. Normani.

Quem era Normani? A pessoa que conheceu na infância, aquela garota quieta e simpática que a acolheu em todos seus momentos, mesmo nos piores deles. Era mais que uma amiga, mais que uma irmã, não era nem capaz de definir o amor que sentia por ela. E quando esse amor se tornou... isso? O que quer que isso seja? Foi ela? Ela que causou tudo isso? Ela matou...?

Ally. O que ela tinha em tudo isso? E Camila... Irmã de Adrian... mas não havia sido ela.

Lauren se encheu de culpa quando ainda não conseguia compreender claramente todos os detalhes. Era muito difícil absorver algo tão estritamente tecido para detoná-la. Qual era a relação de tudo isso? O motivo desses meses, na verdade anos... o que teria acontecido sem que ela nem ao menos soubesse?

Só havia uma pessoa com as respostas e ela acreditava que se a visse novamente seria capaz de explodir em puro amargor. Não gostaria de acreditar que a pessoa que mais amava seria capaz de coisas tão terríveis. Devia existir algo de errado nessa história, mas se recordava de como a havia visto no momento anterior e não reconheceu aquele ser.

Um tanto zonza voltou a deitar, apoiando a cabeça em um dos quatro travesseiros, lágrimas ainda escorriam por suas bochechas, sentia sua cabeça latejar e suas pernas fracas, sabia que não seria capaz de fugir ou gritar agora, por isso fechou os olhos esperando que por uma intervenção divina, ao acordar, estaria em casa, segura e nada disso, nada disso teria acontecido.

***

A cabeça de Camila ainda doía. Acordou algumas vezes naqueles dias, recebia um prato de comida, comia e vomitava. O balde de necessidades acumulou ao ponto de não ser mais capaz de abrir ele sem gofar ácido. Não era capaz de imaginar o que estava acontecendo, só conseguia pensar naquele momento.

Procurava por Lauren, queria esclarecer a situação, o motivo dela ter se pertubado daquele jeito ao ver sua identidade... foi quando sentiu o impacto, alguém a havia empurrado e segurado seu corpo ao mesmo tempo, sentiu a picada da agulha e sua visão ficou turva sem que pudesse gritar. Acordou neste lugar, um cômodo de talvez dois metros quadrados, selado, com uma única fresta fraca de luz. Uma portinhola é aberta para a bandeja de comida, mingau de aveia em um prato descartável, apenas isso e um copo plástico d'água. Pensava em Keana e sentia ódio, seria a única pessoa em sua convivência capaz de fazer algo tão cruel. Via a cena com clareza, sua risada a pondo naquele cubículo nojento, sua felicidade em seu desespero e o que mais? Sofia... sua irmã. Como ela estaria agora? Se passaram dias... talvez até mais de uma semana, não sabia sobre o tempo, mas o que sua irmãzinha estava passando?

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