A Confissão - Quinta Parte

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A Confissão - Quinta Parte

Stalker's Point of View

O dia seguinte foi o mais surreal de todos. Era o primeiro passo de algo maior que eu não sabia que aconteceria, mas foi de extrema importância.

Ela acordava nos meus braços, estava se sentindo melhor e com a temperatura da minha casa de volta ao normal, tudo estava como era antes, sem Tommy, sem problemas, apenas eu e ela. Juntas para sempre. Nada mais poderia dar errado, ninguém nunca mais seria capaz de se meter no nosso caminho.

Quando acordou, respirando mais fundo e esticando os braços, ela se aconchegou ainda mais no meu pescoço, fazendo todo o meu corpo se arrepiar com o contato, era bom, confortável, algo que só ela poderia me proporcionar.

Seus olhos se abriram revelando aquela cor forte verde gritante diretamente para mim, era como uma pintura e milhares de vezes tentei retratar essas exatas cores no papel, sem sucesso, até porque era única, impossível de copiar, somente dela.

- Mani, estou destruída. - Ela cochichou sorrindo e eu não pude deixar de fazê-lo também.

- Você me parece melhor.

Ela se afastou, o que de verdade foi como tirar um band-aid de um machucado, dolorido e na hora errada. O cabelo bagunçado não podia a deixar mais linda do que estava e o rosto avermelhado era tudo o que conhecia.

- Estou melhor, mas parece que um carro passou por cima de mim.

Eu queria dizer para ela que comigo ao seu lado essa hipótese jamais aconteceria, seria eu na frente do carro a protegendo. Fiz carinho em sua testa, afastando os fios rebeldes de seu rosto.

- Senti sua falta ontem, pensei que ia ficar em casa cuidando de mim. - Um biquinho assumiu o seu rosto e meu coração se apertou, se eu pudesse eu contaria a verdade, contaria que me afastei porque precisava que ficássemos juntas, mas se eu fizesse ela não entenderia, ela não estava pronta ainda.

- Sinto muito, você sabe, Jason acabou sendo insistente, então fiquei até mais tarde para o treino de basquete...

- Tudo bem. - Ela sorriu com bondade. - Ele parece gostar bastante de você.

O enjoo retornou, mas fiz questão de respirar fundo.

- Só quis ser educada.

- Muito educada, huh. - Ela levantou as sobrancelhas com um sorriso de canto. - Eu vi o que você fez aquele dia.

Seria uma afronta? Isso me deixou desconfortável. O que ela queria dizer? - Humm, não quero falar sobre isso.

- Foi tão ruim assim? - Ela desfez o sorriso.

Dei de ombros porque não tinha a mínima intenção de prolongar o assunto e até porque, desde que chegou em casa na noite passada, escapando pela janela e descendo pelo telhado, ela não me contou que Tommy passou a tarde na casa dela.

Eu não podia sentir raiva de uma criatura tão divina e angelical, mas sentia-me chateada por ela não desejar contar tudo para mim, mesmo que o assunto não me agradasse. Não ser honesta a afastava de mim e o pior era que eu sabia e não podia dizer. Eu queria chacoalhar seus ombros e esclarecer tudo, dizer a verdade, explicar que o destino causou tudo isso, mas não era a hora. A paciência é uma virtude, uma que eu devo conquistar.

- Ainda bem que não peguei uma daquelas gripes fortes, quero estar bem para sexta.

O baile, claro, será que era a única coisa que ela pensava?

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